Rádio Freamunde

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domingo, 30 de junho de 2024

Normalizando o abuso:

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 28/06/2024)

Perante a apatia ou o conformismo geral, caminhamos passo a passo para uma sociedade policial, disfarçada de justiceira.

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Do blogue Estátua de Sal 

Mio Dio, come sono caduta in basso!

Fiquei satisfeito com a nomeação de António Costa para o cargo de Presidente do Conselho Europeu? Para confessar a verdade, e como cantaria o Sérgio Godinho, é algo que sabe a pouco. Corresponde a um prémio merecido pelas suas qualidades, e por todo o percurso político neste quase meio século decorrido desde a precoce militância no Partido Socialista, mas daí não advirá nenhum benefício para os portugueses, que se iludiram com a possibilidade de  repetir no seu cantinho à beira-mar plantado algo de parecido com a Suécia que, entre 1936 e 1976, conheceu uma notável transformação socioeconómica sob a égide de sucessivos governos social-democratas (quando isso se aparentava ao almejado socialismo!).

Por erros próprios e circunstâncias adversas (o covid, a guerra na Ucrânia e na Palestina), António Costa será sempre o primeiro-ministro, que teve uma oportunidade única para operar uma mudança profunda no subdesenvolvimento crónico do país e o desperdiçou com uma demissão, que entregou às direitas todas as alavancas de poder, que de nada servem para melhorar a vida da grande maioria, mas satisfaz plenamente os interesses gananciosos dos que já arrebanham a parte substantiva dos rendimentos decorrentes do PIB.

Dir-se-á que estava condenado a inglória missão, quando existem Putin e Zelensky, Netanyahu e o Hamas, sem falar em todos os clandestinos poderes, que se apossaram dos meios de comunicação e das redes sociais para espalharem notícias manipuladas em favor de um sistema económico próximo do estertor, que venderá cara a morte, nem que seja na forma de distopia apocalítica.

Esperemos que Daniel Oliveira tenha alguma razão, quando formula o desejo de ver algo de novo emergir de um estado em que tão baixo tombámos. Afinal até no filme do Luigi Comencini, que serve de título a este texto, a Laura Antonelli acabava por encontrar a felicidade depois de tantas amargas vicissitudes... 

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Do blogue Ventos Semeados 

Ministério Público e Processo Penal: Erros e equívocos:

(António Garcia Pereira, in NoticiasOnline, 24/06/2024)


Foi, enfim, lançado o tão necessário debate público sobre o que é hoje o Processo Penal em Portugal e qual o papel nele desempenhado pelo Ministério Público (MP), muito por mérito do “Manifesto dos 50” (que são já mais de 100, nos quais tenho a honra de me incluir), não obstante todos os desesperados, e até caluniosos, esforços por parte da imprensa “amiga” do MP para o procurar desacreditar.

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Do blogue Estátua de Sal

sábado, 29 de junho de 2024

Afinal, descobre-se agora que o (tão atacado) governo do Partido Socialista fez mesmo as reformas que o país precisava:

Não há novo anúncio do novo governo que não repesque, copie e se limite a dar novos nomes a tudo o que já foi deixado feito.
Voto em mobilidade nas Eleições Europeias.
Redução do IRS de 1,5 mil milhões.
Inauguração do Hospital da Amadora.
Medidas de acesso aos cuidados de saúde.
Todas as propostas de prevenção e combate à corrupção.
E, agora, o anúncio da continuação das medidas de modernização da administração pública que estavam em execução desde 2015 (para sermos justos, desde 2005).
Estranho é que quem passou a vida a criar a estória da carochinha de que não havia reformas não tenha, agora, nada de novo para oferecer ao país.
Já que gostam tanto de dizer que ainda não tiveram tempo para resolver os problemas que herdaram (na oposição, era tudo tão fácil e simples de solucionar...), ao menos tenham a seriedade de reconhecer que apenas estão a usufruir do excelente trabalho que foi feito por quem tanto ofenderam e atacaram.
A vida tem destas ironias: o governo que quis privatizar a Caixa Geral de Depósitos regozija-se por poder agora reunir e trabalhar no edifício-sede que foi entregue ao Estado por conta dos dividendos que aquele banco público entregou a todos nós.

Imaginem só o país que podíamos ter se GALP, EDP, PT, CTT e ANA não tivessem sido vendidos ao desbarato....

Miguel Prata Roque


CdK |053| Alexandre Guerreiro Defende Uma Visão Diferente Sobre a Rússia:

Joe Biden e Donald Trump:

O debate entre o anterior e o atual presidente dos EUA foi um espetáculo deprimente entre um incapaz e um perigoso psicopata. Um já não serve e o outro assusta.
Seria um problema interno se não fosse a eleição do homem mais poderoso do país para o país mais poderoso do mundo, e acabar por ser relevante para todos os nós, europeus, sem que tenhamos direito a voto.
O espetáculo servido em direto revelou o perigo de obrigar o eleitorado a decidir entre um incapaz e outro capaz de tudo a A UE alinhou a sua política externa com o provável perdedor e não tem meios financeiros para a prosseguir sem os EUA.
O isolacionismo dos EUA para que a eleição de Trump remete deixa a Europa à deriva e já é tarde para substituir Trump na iminência de uma guerra entre a Nato e a Rússia para que aponta a escalada da guerra na Ucrânia.
É também por isso que o debate entre Trump e Biden não foi apenas uma desgraça, foi uma verdadeira tragédia. Para os EUA, para a Europa e, talvez, para o mundo.
Na derrocada da hegemonia americana é a sobrevivência do Planeta que está em jogo.
Carlos Esperança

Ucrânia, , Israel, Trump e OTAN: General Agostinho Costa em entrevista especial!!!

Trump vs Biden EUA: DOIS SERES PERDIDOS PARA A REALIDADE PARA GARANTIR CONTINUIDADE DO SISTEMA:

Olhando para estes dois destroços humanóides que os americanos têm como opções presidenciais, até o Marcelo dos Afectos, com o seu nutrido cortejo de misérias, "infelizmências" e "lamentabilidades" sai bem na foto...
É uma desgraça para o mundo que, entre os seus 333,29 milhões de habitantes, os EUA, país aparentemente mais poderoso do planeta, não consiga encontrar pelo menos 50 ou 100 mil pessoas mais capazes para se candidatarem à Casa Branca do que estes dois gerontes com as suas capacidades cognitivas visivelmente diminuídas — um mais que o outro.
Biden parece perfeitamente confuso e perdido, faz pena, provoca vergonha alheia. Será, como tem sido até agora, um dócil autómato tranquilamente comandado pelos falcões do regime. Trump continua descontroladamente arrebatado pela sua mitomania desbragada, traço essencial do seu narcisismo doentio. Será na mesma comandado pelo sistema, mas com maior dificuldade, é menos previsível. Qualquer deles mostra apenas uma ténue relação com a realidade. Nenhum está minimamente à altura do cargo, não chegam nem ao mínimo dos mínimos, deveriam ter sido liminarmente desqualificados.
Mas um deles será eleito...
Nada melhor para os poderes ocultos que escolher dois alienados mentais para protagonizarem o absurdo teatro eleitoral que se desenrolará até 6 de Novembro próximo... 

António Costa:

Presidente do Conselho Europeu apesar de tudo o que lhe foi feito. Uma óptima notícia para a Europa e para Portugal. Tem as características que aqui refiro e é um óptimo sinal que o ch não fique contente.

Isabel Moreira

Ajude Julian Assange a pagar o bilhete de avião que o levou para casa e a recuperar a saúde muito abalada:

(José Catarino Soares, 29/06/2024)

Dia 26 de Junho de 2024, Julian Assange embarcou no voo charter VJT199 com destino à ilha de Saipã, nas ilhas Marianas Setentrionais, onde compareceu diante de um juiz dos EUA. Em seguida, um voo no mesmo avião levou-o à liberdade na Austrália. Mas o voo tem um custo enorme: Julian Assange terá de pagar 520 mil dólares ao governo australiano pelo voo fretado para Saipã e depois para a Austrália. Não lhe foi permitido voar em companhias aéreas comerciais ou em rotas normais para a ilha de Saipã e depois para a Austrália.

Para além disso, e após 14 anos de detenção, incluindo cinco anos numa prisão de segurança máxima, Julian Assange precisa urgentemente de recuperar a sua saúde, muito abalada. Estamos a lançar um apelo de emergência para obter donativos que o ajudem a pagar a dívida do voo e fundos substanciais para garantir a sua recuperação e o seu bem-estar e segurança depois da sua chegada.

Todas os donativos, pequenos ou grandes, são importantes. Os donativos podem ser dados aqui.

Dp blogue Estátua de Sal 

No mesmo dia:

Em que a UE adoptou a decisão de iniciar as negociações para a adesão da Ucrânia, o Politico, jornal insuspeito de qualquer simpatia para com a Rússia, anunciava que o regime de Kiev arbitrariamente envia para a frente, e portanto para uma razoável probabilidade de morte, os jornalistas incómodos, nomeadamente os que investigam casos de corrupção. São os próprios jornalistas ucranianos que o afirmam.
Evidentemente que a corrupção endémica não é o único ponto em relação ao qual a Ucrânia objectivamente não preenche os critérios estabelecidos para que um país possa ser admitido. Na Ucrânia não há Estado de Direito, não há oposição legal, não há liberdade de informação, não há eleições, não há separação de poderes e, necessariamente, não há um poder judicial independente.

O Salazar deve dar voltas no túmulo. Nos últimos anos do seu consulado foi-lhe fechada a porta a uma aproximação à CEE porque o regime não era suficientemente frequentável. Nos dias de hoje poderia aderir à UE com guerra colonial, ditadura, censura, PIDE e até poderia reabrir o Tarrafal desde que só enviasse russos para lá.

 Jorge De Freitas Monteiro

sexta-feira, 28 de junho de 2024

"Não aceitem políticas feitas a partir de perceções. E aceitem um adeus":

"Em fevereiro deste ano, em plena campanha eleitoral, Pedro Passos Coelho falava da perceção de insegurança, sentida por muitos portugueses, e da sua relação com o aumento da imigração. Foi fácil desmontar essa narrativa por não existirem indícios factuais que apontem para uma relação entre o número de imigrantes que entra no país e o número de crimes praticado.

Reparem que em vez de apresentar dados, Passos Coelho optou por valorizar aquilo que defende ser a perceção de muitos portugueses. Ora, se essa perceção existir (ou existisse), deve, sim, ser corrigida por quem tem responsabilidades públicas e políticas. Nunca poderia ser invocada para legitimar propostas políticas.
Ontem, numa entrevista ao Observador, Rita Alarcão Júdice, ministra da Justiça, voltou a falar em perceções. Foi a propósito de o Ministério Público (MP) estar debaixo de fogo há alguns meses. Rita Alarcão Júdice referiu que “o olhar do cidadão é muito importante para o Governo. E hoje em dia o cidadão comum não compreende muitos aspetos da atividade do MP”. Mas não fez quaisquer críticas ao funcionamento do MP e também não identificou problemas concretos que careçam de soluções. A sua grande preocupação transparece várias vezes nas suas afirmações: “O ponto é: todos concordamos que é preciso que algo mude no MP no sentido da perceção da credibilidade dessa magistratura, porque está muito vulnerável a algumas críticas.”
Há de facto um enredo de problemas à volta do MP, mas, de entre eles, eleger a perceção que os portugueses têm do seu funcionamento merece reflexão.
Vamos por partes: ao contrário do que sucedeu com as declarações de Pedro Passos Coelho, Rita Alarcão Júdice tem boas razões para falar da perceção que os portugueses têm do funcionamento do MP. Por um lado, porque parece existir uma relação entre a atuação do MP e a sua falta de credibilidade e, por outro lado, porque é evidente que essa perspectiva agrava-se à medida que os casos se sucedem. Isto notou-se especialmente na última divulgação de escutas que envolviam António Costa.
Mas será a perceção que os portugueses têm do MP o aspeto fundamental que o poder político deve considerar quando se fala em resolver o problema do MP?
Terão presente o “Manifesto dos 50”. Caso não tenham, recomendo a leitura. Traça um bom diagnóstico dos problemas da Justiça e aponta soluções concretas. Também alude a perceções, mas para alertar para a formatação da opinião pública – decorrente da atuação do MP – no sentido de criar a ideia de que todos os políticos são iguais e corruptos, o que abre as portas ao populismo. Nem de perto nem de longe coloca a perceção que os portugueses têm da atuação do MP no centro do problema.
Isto não é de menor importância. Governar com o intuito de melhorar a perceção que as pessoas têm dos problemas é conflituante com resolver as causas dos problemas. Isto porque, como aponta John N. Gray, escritor e filósofo, a maior dificuldade do homem não é pensar corretamente. O mais difícil é precisamente fazer um ser humano ver as coisas tal como elas são. Nisto, Gray está de acordo com o também filósofo e escritor Slavoj Zizek – e se é difícil encontrar um ponto de entendimento entre ambos – que considera que “a própria forma pela qual percebemos um problema é um obstáculo para a sua solução.”
Quando a ação política anda a toque de caixa das perceções está condenada ao fracasso e começa a confundir-se com comunicação e propaganda. O Governo deve estar atento às perceções dos portugueses, mas não pode cair no erro de as considerar rigorosas ou de as usar como referência para identificar problemas e soluções. Sobretudo não pode reduzir problemas complexos, como o que atravessamos com a Justiça e com o MP, ao que é apreendido pelo “olhar do cidadão.” Para trabalhar perceções temos as agências de comunicação. Nada contra o trabalho que desenvolvem, mas triste será o dia em que a agenda política siga a mesma lógica.
(Há mais de dois anos que vos escrevo nesta última página. Hoje faço-o pela última vez. Na maioria das vezes foi um prazer enorme escrever estas crónicas. Invocando novamente John N. Gray, digo-vos que o que se escreve tem consequências, mas raramente são as que os autores esperam ou desejam, e nunca apenas estas. Não fiquem com a perceção de que isto é um lamento. Pelo contrário, vejam como a genuína rendição à lei da ironia. Agradeço a todos as leituras e os comentários, mesmo os maus, e a este jornal agradeço a extraordinária oportunidade.)"
Carmo Afonso

Parabéns, António Costa!

Não sei o que mais me satisfaz, ver António Costa no lugar para que a sua competência o guindou ou a humilhação de todos os que o denigrem, invejam ou detestam.

Costa é o maior político português do século XXI e não denunciará as tropelias de quem desejou destruir-lhe a carreira e diabolizá-lo, mas conhecem-se os autores e adivinha-se a deceção e azedume dos que ora ruminam a deceção e fingem contentamento.
quem não suporte a sobrevivência de António Costa à perfídia de Marcelo, desatino de Lucília Gago e escutas políticas de procuradores cujas motivações urge esclarecer.
Os que o apreciam só lamentam que o êxito internacional de António Costa, para o qual contribuíram os que deram o golpe que o derrubou, tenha sido à custa da interrupção de seu Governo. A Europa merece-o, mas Portugal merecia-o no Governo que o eleitorado tinha sufragado com sólida maioria parlamentar.
Neste caldo de cultura, perante a insensatez e maquiavelismo do PR, medraram fascistas e extremistas neoliberais.
Não podemos permitir a continuação do pântano onde se atola o regime e fenece a democracia.
Carlos Esperança

Biden e a perigosa ausência de um plano B:

(Major-General Carlos Branco, in Jornal Económico, 27/06/2024)

Os ataques na profundidade do território russo não afetam o equilíbrio de forças no teatro de operações ucraniano, mas podem contribuir seriamente para alimentar uma confrontação direta entre os EUA e a Rússia.

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Do blogue Estátua de Sal 

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Perguntas de um operário letrado (V) - Desta vez a pedrada no charco foi suficientemente forte para lhe quebrar a indecorosa pacatez?


António Costa é um dos principais culpados do marasmo criado nestas  décadas na relação entre a justiça e a política com a imprudente, tese de uma e outra serem independentes uma da outra. Assim deveria ser, mas não era, nem é, e o próprio ex-primeiro-ministro provou agora do veneno de que se julgava imune.

É verdade que as pedras atiradas para esse pântano nos últimos anos nunca beliscaram a suposta autonomia do ministério público, que fez de alguns procuradores os continuadores da Pide, ao servirem-se das escutas como forma de vigilância política ao jeito praticado durante o regime fascista. É perturbador saber que esses procuradores, os juízes que lhes têm dado cobertura e os polícias armados em coscuvilheiros das vidas alheias, não têm sentido o mínimo pudor em comportarem-se como os seus antecessores no Estado Novo.

Só não admira, que André Ventura defenda, com unhas e dentes, esses métodos coincidentes com a natureza fascista das suas ideias.

A questão que se põe é saber se, perante o escândalo público das frases divulgadas na conversa de António Costa com João Galamba, a pedra atirada para o malcheiroso charco, que metaforiza essa relação entre política e justiça foi, finalmente, suficientemente forte para, enfim, ser levada por diante a necessária reforma da justiça de acordo com uma ética republicana de que, lamentavelmente, só Rui Rio se tem feito solitário porta-voz.

Perguntas de um operário letrado (IV) - A Peste:


Ao verem o indecoroso ataque de André Ventura a Daniela Martins na audição da comissão parlamentar sobre as gémeas socorridas com avultado medicamento no Hospital de Santa Maria quem terão apoiado os seus mais de um milhão de votantes nas últimas legislativas? O político sem escrúpulos, que de tudo se vale para levar por diante a sua agenda venenosa ou a mãe, que fez tudo quanto estava ao seu alcance para acudir às filhas acometidas de tão grave problema de saúde?

Serão necessárias provas acrescidas para que os votantes do Chega, que ainda contenham dentro de si algum sentido de decência, se distanciem de quem deveriam ver como um vírus pestífero?

Uma pseudo “Cimeira para a Paz na Ucrânia” promovida e realizada por um pseudo “país neutral”:

José Catarino Soares, in a Tertúlia Orwelliana, 24/06/2024)


Em 15 e 16 de Junho de 2024, na estância turística de luxo de Bürgenstock, na cidade suíça de Lucerna, realizou-se uma denominada “Cimeira para a Paz na Ucrânia”, promovida e organizada pelo Conselho Federal da Suíça, o seu governo.

Existem 195 Estados representados na ONU, dois dos quais (Vaticano e Palestina) com o estatuto de observadores. Destes, 160 foram convidados para a cimeira. Estiveram presentes apenas 92 (47% dos Estados membros da ONU e 57% dos Estados convidados).

Ler artigo cmpleto aqui

Do blogue Estátua de Sal

terça-feira, 25 de junho de 2024

E delação premiada dentro do Ministério Público, não calhava bem?

A coisa não vai lá com discursos, críticas nos jornais ou grupos dos 50. Quatro anos de escutas a um governante sem indícios graves que as justificassem e sem que nada de criminoso se apurasse, nem em três, nem em seis, nem em doze meses, nem em 48!, é ilegalidade suficiente para qualquer pessoa exigir que alguém na hierarquia do Ministério Público ou da magistratura judicial seja exemplarmente punido. As escutas estariam para durar indefinidamente, enquanto João Galamba tivesse cargos políticos. Inacreditável. Uma vida profissional destruída por pura perseguição política, usando a Justiça.

Acusações graves e ordens de prisão preventiva a um autarca e a empresários pelo facto de negociarem a instalação de infraestruturas para uma actividade importante de milhões.

A inserção de um parágrafo assassino num comunicado (mais uma vez lançando suspeitas sem fundamento sobre um primeiro-ministro sem qualquer historial de desonestidade nos inúmeros cargos públicos que já desempenhou), que levou à queda de um governo legítimo e com maioria absoluta.

Também a recente divulgação de escutas sem qualquer outro interesse senão prejudicar o mesmo António Costa na sua ambição europeia, pela mera percepção e o mero alarde público e jornalístico, é um acto político que nada tem que ver com a administração da Justiça.

Os procuradores e os juízes não são pagos para fazerem guerrilha política e, se o fazem, devem ser obrigados a abandonar a profissão após cumprimento de pena.

Verifico que todos os partidos políticos, com excepção da seita do Chega, estão de acordo em considerar o comportamento do Ministério Público e do ou dos juízes inaceitável num Estado de direito democrático. Alguma coisa tem que ser feita, portanto, dado o escândalo em que se transformou a relação da Justiça com os políticos (sobretudo do PS) e a impunidade total com que os magistrados violam as leis.

Assim, eu pergunto: por que carga de água não se identificam os procuradores que pediram autorização vezes sem conta para escutar João Galamba e o ou os juízes que, igual número de vezes, autorizaram tais escutas e não são questionados em sede judicial? Por que razão ninguém pergunta à senhora Procuradora-Geral se teve conhecimento ou encorajou/consentiu estes abusos? Estará o Ministério Público de tal maneira minado que, de alto a baixo, não se aproveita ninguém, estando todos em conluio?

E pergunto ainda mais: se querem tanto a delação premiada para a corrupção político-económica, porque não começar a aplicá-la já dentro de casa? Reparem como estou a ser optimista ao achar que há lá dentro quem discorde dos abusos ou se queira arrepender.

O assunto é sério. Os salazaristas do Observador acham que é inadmissível comparar tudo isto com as práticas da PIDE (Helena Matos, ainda hoje ouvida no rádio do carro). E, claro, estão confortáveis com a divulgação de todas as escutas e elementos processuais que prejudiquem os seus adversários políticos (José Manuel Fernandes). Mas o facto é que estamos perante perseguições políticas. É certo que não se prendem pessoas por contestação a um regime estabelecido, mas arruína-se-lhes a reputação e a vida por terem orientações e perspectivas dos actos políticos diferentes das deles e dos seus amigos. Excepção feita à tortura física (e vontade não falta a alguns), vai dar ao mesmo. Se calhar ainda é pior, porque a PIDE teria e teve um fim, enquanto este estado de coisas, com que a democracia compactua por medo, não parece ter solução. Ainda menos quando o Presidente da República não só foi o instigador da perseguição, como também tem telhados de vidro devido ao caso das gémeas.

 POR PENÉLOPE

Do blogue Aspirina B

Um dia passado na Fundação Champalimaud nunca é um dia perdido:

Além do combate que travam com os nossos inimigos internos, ainda nos fornecem mimos de bom tratamento com simpatia pessoal, uns refrigérios com chá, café, doces e salgados, além de jornais, revistas e livros de qualidade. Na minha sessão de ontem, além dos químicos, que são nesta fase o essencial e aos quais tenho respondido como se fosse um Pepe no centro da defesa, ainda retirei dois artigos muito instrutivos dos jornais à, um já referido, de Paulo Mendes Pinto, sobre a modernizada politica ultramontana - uma espécie de pre-salazarismo que é a IL e um outro de Teresa Pizarro Beleza, uma brilhante e livre académica na área do Direito, que nos explica, e assusta ao expor a que perigos estamos sujeitos com o populismo do sistema judicial, a partir da sua base. Desde logo dos conceitos e de entre eles um fundamental: o direito à presunção de inocência, que se destina a proteger o cidadão comum, ao contrário do que proclamam os populistas, que utilizam o argumento para promoverem o racismo e o ódio. Aqui fica com a devida vénia à autora e ao Público.

Carlos Matos Gomes

Porventura o testemunho mais eloquente sobre a guerra colonial e o depois:

Dado que alguns dos meus amigos no FB perguntaram onde podiam ler o texto de Mário Beja Santos sobre o Geração D, aqui faço a ligação. Obrigado mais uma vez ao Mário Beja santos e aos que se interessam pela passagem pela História desta Geração ler aqui:

A política é de há muito a arte de iludir e de encontrar várias embalagens para vender um dado produto:

É, no fundo a utilização das artes da natureza. O camaleonismo é de regra. Vende-se gato por lebre. Nuns mercados vendem-se mulas por cavalos, noutros cavalos por mulas. Portugal tem dois talentosos camaleões políticos, Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Portas. Não por acaso, Miguel Sousa Tavares, e Miguel Esteves Cardoso, (além de António Antunes, no cartoon) o mais próximo da excelência na analise da sociedade portuguesa e dos seus "famosos" que mantêm no espaço público criaram barreiras de proteção contra eles de modo as não serem incluídos no lote.
O panorama atua é de um espetáculo com muitas luzes e brilhantes para iludir o vazio. Os espetáculos de grande categoria de Filipe Lá Féria são espelhos onde nos rimos em vez de nos coçarmos.
As últimas eleições europeias, entre várias rábulas que revelam o estado da Nação, trouxeram dois indicadores das encenações de feira que, em minha opinião tornam o programa O Preço Certo, de Fernando Mendes um oásis de cultura e veracidade. Um é o jovem Bugalho que é um Marques Mendes daqui a 40 anos e Marques Mendes já era o Marcelo Rebelo de Sousa de há quarenta anos. Isto é o jovem Bugalho escolhido por Montenegro, que está de primeiro ministro, outra excelsa figura da política de feira (no caso de Espinho) esta a 80 anos de Marcelo Rebelo de Sousa, é uma velharia atamancadal à pressa para venda a crentes em que a água benta cura os torcicolos. É a vinda de uma figura de peralvilho de Eça de Queiroz para o século vinte um. E vai encantado para a Europa, não já para Paris, mas para Bruxelas e não de comboio, mas de avião. A outra figura que emerge da campanha de publicidade para representar a "modernidade" lusa na Europa, lá fora, como gostam de dizer, porque cá dentro reina a piolheira dos tempos de Dom Carlos, é o abrilhantinado (Havia a Brilhantina Nacional - para aspirantes engatatões de bairro e o julgo que desaparecido Brylcreem original, inglês, para pipis com pretensões a penetrar na sociedade onde se fazem os bons e seguros negócios com o Estado. A Iniciativa Liberal foi o veículo, a carruagem que os herdeiros da velha classe de bacharéis e comerciantes engendraram para "ganharem a parte do seu que lhes cabe nos fundos europaus (não é gralha). A figura de Cotrim de Figueredo foi a selecionada e cumpre. A IL (o petit nom) é, na realidade e na essência um Chega urbano. De rapinantes do que é público (serviços de saúde, previdència social, justiça social, solidariedade, integração) para o transformarem em lucro público. Ninguém ouviu nem ouvirá a IL, tal como Chega criticarem as comissões dos bancos nem a relação leonina do Banco Central Europeu e da FED americana com os cidadãos através da exclusividade de venda de moeda a baixos juros aos bancos privados para estes o venderem a altos juros aos clientes privados.

Feita esta longa exposição dos novos pastores e da sua velha doutrina, deixo um artigo do Público de ontem, de alguém que não conheço, que não vem, segunda a identificação de fundo de página de uma escola de radicalismo marxista, mas demonstra com a IL é um movimento restauracionista e anti-humanista. Se o Durão Barroso foi classificado pela mulher como um cherne, um peixe apreciado por quem de peixe - o respeitável Cotrim não passará de uma boga. Não sou especialista em peixes, mas sei o que chega para classificar o Ventura do Chega como um achigã (ou será aChega) uma espécie predadora, carnívora importada dos Estados Unidos, que foi introduzida nos rios e barragens para promover os concursos de pesca.

Carlos Matos Gomes 

Água mole em pedra dura tanto dá que até fura:

Clicar aqui:

segunda-feira, 24 de junho de 2024

O novo outono alemão:

As eleições europeias, em especial em França e na Alemanha, provaram aquilo que venho defendendo desde 2014. A doença europeia, que se tornou visível na crise do euro, não terminou nem é conjuntural. É uma crise estrutural de identidade, cada vez mais existencial. Agora, que estes dois países, a chamada “locomotiva europeia”, estão paralisados na linha de um destino incerto, importa parar para pensar. Comecemos, hoje, pela Alemanha.

A participação maciça dos alemães nas eleições para o Parlamento Europeu (64,78%, que compara com a escassa participação portuguesa de 36, 54%) permite uma leitura inequivocamente nacional dos seus resultados. Tendo em conta que, nas eleições federais, só os partidos com mais de 5% de votos têm representação no Bundestag, apenas seis forças partidárias estão hoje em condições de formar grupos parlamentares federais. Por um lado, os três partidos da atual coligação: sociais-democratas/SPD, Verdes/Grünen e Liberais/FDP. Por outro, três formações da oposição: os democratas-cristãos da CDU/CSU; a extrema-direita da AfD, e um novel partido que tem na sigla as iniciais do nome da corajosa deputada que o criou, Sahra Wagenknecht, BSW. Os partidos da coligação governamental perderam no total 11 deputados ao PE (sendo 9 dos Verdes!), em relação às eleições de 2019. Na oposição: a CDU/CSU manteve os seus 29 deputados; a AfD juntou mais 6 deputados aos 9 de que já dispunha em 2019; a nova BSW conquistou 6 lugares. Isto significa que, no PE, o governo alemão está em clara minoria, com 31 deputados (SPD, 14; Verdes, 12; FDP, 5) contra 40 deputados dos partidos da oposição (CDU/CSU, 29; AfD, 15; BSW, 6).
O atual governo de Berlim não tem comparação com nenhum outro, mesmo incluindo o período da República de Weimar (1918-1933), na vocação para acumular desastres e, voluntariamente, sofrer desaforos. Na primeira vez que visitei a Alemanha, no verão de 1983, encontrei uma nação determinada na luta contra o perigo de guerra nuclear. Nessa altura, o risco de confronto na Europa central havia escalado devido à tensão crescente entre a OTAN e o Pacto de Varsóvia (PV). No SPD, a voz de Oskar Lafontaine, reclamava a saída da Alemanha da OTAN. Os Verdes, que em março desse ano tinham entrado pela primeira vez no Bundestag, uniam a luta pela paz à defesa da ecologia e da justiça social. Hoje, os Verdes tornaram-se belicistas por excelência. A sua reação à guerra da Ucrânia revelou uma total impreparação para identificar tanto o interesse nacional como o europeu, revelando, ainda, desprezo pelo desastre ambiental e social da guerra e suas consequências. Annalena Baerbock (M. Negócios Estrangeiros) e Robert Habeck (M. Economia e Clima) têm sido os rostos desta perda de alma de um partido, que é também metonímia da desfiguração de uma nação. A sua russofobia e total ignorância das questões militares não conhece limites. Até o apoio incondicional ao genocídio do IDF em Gaza não falta no desastre dos Verdes alemães.
Desconhecemos quando baterá a Alemanha no fundo, o que sabemos é que o resto da UE acompanhará a sua queda. Em 1919, aquando do Tratado de Versalhes, Max Weber advertia: “uma nação pode perdoar o dano causado aos seus interesses, mas não o dano causado à sua honra”. O desinteresse cúmplice do governo de Berlim pela ação terrorista que em setembro de 2022 destruiu 3 dos 4 pipelines do sistema Nord Stream I e II, metade pago com dinheiro alemão e europeu, ficará nos anais da indignidade política.
Professor universitário
Tópicos: Viriato Soromenho-Marques, Opinião

GUERRA:

Não fui combatente, embora tenha o estatuto (e o cartão) de antigo combatente, por ter feito geograficamente o serviço militar em zona de combate.
Tenho, por isso, alguma ideia do que seja uma guerra, não apenas por ter vivido dois anos em zona de combate, mas pelo muito que li sobre as mais importantes guerras e batalhas deste nosso mundo ocidental.
O que eu nunca tinha visto nem lido era sobre a existência de uma guerra que apenas tivesse um lado.
Em regra, as guerras têm dois lados ou até mais, mas foi preciso chegar à idade que tenho e já no decurso da terceira década do século XXI para ficar a saber que há uma guerra que somente tem um lado.
Diariamente, na RTP1, 2 e 3, quer com Faria, como com José Rodrigues, quer com os seus famosos correspondentes de guerra, a Cândida, o do Guaidó, eu sei lá, com todos, eu fico a saber que há uma guerra só com um lado.
Na SIC, que nesta e noutras matérias é uma espécie de depósito de lixo, a guerra com um só lado está presente a toda a hora tanto por intermédio dos pivots, dos comentadores como dos seus enviados especiais.
Na CNN, abre-se, apesar de tudo, uma pequena excepção, quando intervém um dos três militares ( A. Costa, C. Branco, M. Dias) ou um civil (T.A. Lopes), únicos seres humanos que em Portugal tentam explicar que a guerra tem dois lados.
Mais grave do que a presença dos pivots, comentadores, correspondentes de guerra, gente sem crédito e sem qualquer compromisso com a verdade, é presença de três ou quatro militares com estrelas de general, da faixa dos 50 anos, cujos comentários constituem um autêntico atentado à honorabilidade das Forças Armadas, a menos eles já sejam, não o "espelho da nação", como antigamente se dizia, mas o verdadeiro espelho das Forças Armadas tal como hoje existem. O que, a ser verdade, é gravíssimo.
Uma guerra com um só lado, é uma guerra que, do lado negativo, só tem para mostrar apenas os danos causados a um dos lados; é uma guerra que só tem para mostrar, do lado positivo, os êxitos, pequenos ou grandes, de um dos lados.
Quando se fala da Guerra, é sempre para lamentar os danos pessoais e materiais sofridos apenas por um dos lados, ou para enaltecer os êxitos alcançados pelo mesmo lado que sofreu os prejuízos .

O que é grave é os tipos que apresentam e divulgam estas notícias, a que chamam jornalismo, já nem sequer, deontologicamente, darem conta do triste e vergonhoso papel que estão a desempenhar.

José Manuel Correia Pinto