Fiquei satisfeito com a nomeação de António Costa para o cargo de Presidente do Conselho Europeu? Para confessar a verdade, e como cantaria o Sérgio Godinho, é algo que sabe a pouco. Corresponde a um prémio merecido pelas suas qualidades, e por todo o percurso político neste quase meio século decorrido desde a precoce militância no Partido Socialista, mas daí não advirá nenhum benefício para os portugueses, que se iludiram com a possibilidade de repetir no seu cantinho à beira-mar plantado algo de parecido com a Suécia que, entre 1936 e 1976, conheceu uma notável transformação socioeconómica sob a égide de sucessivos governos social-democratas (quando isso se aparentava ao almejado socialismo!).
Por erros próprios e circunstâncias adversas (o covid, a guerra na Ucrânia e na Palestina), António Costa será sempre o primeiro-ministro, que teve uma oportunidade única para operar uma mudança profunda no subdesenvolvimento crónico do país e o desperdiçou com uma demissão, que entregou às direitas todas as alavancas de poder, que de nada servem para melhorar a vida da grande maioria, mas satisfaz plenamente os interesses gananciosos dos que já arrebanham a parte substantiva dos rendimentos decorrentes do PIB.
Dir-se-á que estava condenado a inglória missão, quando existem Putin e Zelensky, Netanyahu e o Hamas, sem falar em todos os clandestinos poderes, que se apossaram dos meios de comunicação e das redes sociais para espalharem notícias manipuladas em favor de um sistema económico próximo do estertor, que venderá cara a morte, nem que seja na forma de distopia apocalítica.
Esperemos que Daniel Oliveira tenha alguma razão, quando formula o desejo de ver algo de novo emergir de um estado em que tão baixo tombámos. Afinal até no filme do Luigi Comencini, que serve de título a este texto, a Laura Antonelli acabava por encontrar a felicidade depois de tantas amargas vicissitudes...
Publicada por jorge rocha
Do blogue Ventos Semeados
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