Umas de maior importância que outras. Outrora assim acontecia. É por isso que gosto de as
relatar para os mais novos saberem o que fizeram os seus antepassados. Conseguiram fazer de uma coutada, uma aldeia, depois uma vila e, hoje uma cidade, que em tempos primórdios se chamou Fredemundus. «(Frieden, Paz) (Munde, Protecção).» Mais tarde Freamunde. "Acarinhem-na. Ela vem dos pedregulhos e das lutas tribais, cansada do percurso e dos homens. Ela vem do tempo para vencer o Tempo."
Na sequência do artigo que publicámos ontem (ver aqui) sobre o comportamento deontologicamente abusivo de Pedro Bello Moraes, na sua qualidade de jornalista da CNN, em relação ao Major-general Carlos Branco, na expectativa de que a culpa não morra solteira, apresentámos hoje queixa da ocorrência à Entidade Reguladora para a comunicação social (ERC).
Na participação considerámos terem sido violados os seguintes valores: Direito de Resposta; Direitos Fundamentais; Deveres de Jornalistas; Rigor Informativo; Pluralismo.
Sobre a factualidade do ocorrido, em síntese, expressámos o seguinte:
“O pivô teve um comportamento insolente, grosseiro, mal-educado e deontologicamente abusivo em relação ao seu convidado. Cortou a palavra ao opinante, fez chiste com as respostas que ele deu, acusou-o de parcialidade quando ele tentou apenas reportar factos que o pivô – no seu papel de censor e dono da verdade -, não gostou de ouvir. Quer o pivô, quer a CNN – se é que lhe dá cobertura para estas diatribes de mau gosto, ilegalidades notórias – devem ser chamados a capítulo pela ERC.“
Se concorda com a nossa atitude pode manifestar-se na caixa de comentários do blog ou em comentário nas várias redes sociais onde este artigo também está publicado.
A CNN, para dar ares de democracia, lá vai convidando o Major-general Agostinho Costa e o Major-general Carlos Branco, para opinarem sobre as questões da geopolítica do momento, nomeadamente sobre a guerra na Ucrânia.
No entanto, para que a vocação propagandística da estação, ao serviço do belicismo da NATO, não saia muito beliscada, sempre que esses dois militares opinam, são sistematicamente contrariados, ou por outros comentadores quando o formato da peça é o painel, ou pela postura e atitude discursiva do pivô de serviço.
Assim, no primeiro caso, deram brado os confrontos do Major-general Agostinho Costa com a Ferro Gouveia e com a Soller, em que estas demonstraram a sua ignorância sobre as coisas da guerra, e foram de uma petulância ofensiva na sua ação de denegrir as opiniões de um especialista em defesa e questões militares, elas que nunca devem ter visto uma pistola na vida…
No segundo caso, o papel do contraditório tem ficado a cargo dos pivôs. Até aqui, eles e elas lá iam tentando cumprir o seu papel, com alguma acrimónia é certo, mas sempre dentro dos limites do respeito e da boa educação para com os referidos militares. Acontece que, tendo o Isidro sido dispensado e emigrado para o NOW, quer Agostinho Costa quer Carlos Branco tem sido chamados mais vezes à emissão e – por isso mesmo, ou talvez não -, tivemos ontem e hoje um confronto, até aqui inédito, entre os ditos militares e o pivô Pedro Bello Moraes, tendo dado origem a dois dos mais vergonhosos episódios que me foram dados a ver na CNN.
O dito Pedro, que deve achar que é gente fina – quando vejo um nome com dois eles e “Moraes” e não “Morais” fico logo de pé atrás – acha-se no direito de ser insolente, grosseiro, mal-educado e deontologicamente uma nulidade. Corta a palavra aos opinantes, faz chiste com as respostas que eles dão, acusa-os de parcialidade quando eles tentam apenas reportar factos que o Bello – no seu papel de supremacista branco e Torquemada de serviço -, não gosta.
Do que ele gosta mesmo é de passar as peças que a propaganda da NATO lhe manda, reportando na guerra da Ucrânia os ataques russos a civis, com o objetivo de manter a opinião pública disposta a apoiar a guerra, com o dinheiro que temos e com o que não temos e que vai parar aos bolsos de Zelensky e do seu séquito de nazis. Sim, nas peças da CNN os russos só conseguem matar civis – de preferência velhinhos e crianças -, atingir casas de família, hospitais e creches e ainda não conseguiram atingir nenhum soldado nem alvo de natureza militar… Se a guerra não fosse algo hediondo e dramático seria de rir, alto e bom som, com a enormidade de tais patranhas e o desplante com que são vendidas aos telespectadores.
Mas, são essas narrativas que o Bello adora colocar no ar. E quando o Major-general Carlos Branco.Carlos Branco lhe disse que não eram factualmente verdadeiras, o Bello cortou-lhe a palavra intempestivamente e tirou-o da emissão. Uma vergonha que podem ver no vídeo que segue, e que aconteceu hoje no confronto com aquele militar.
Termino com um recado para a CNN. Não chega querer dar ares de canal democrático e pluralista, é preciso sê-lo, de facto. E estas práticas e ser o albergue de Bellos e quejandos só prova que o não é. Se calhar a CNN também estava na folha de pagamentos da USAID, mas agora a USAID até foi extinta…
Por isso, ainda vão a tempo de emendar a mão e porem de lado o vosso falso pluralismo. Já se livraram do Isidro e, se continuarem a varrer e encontrarem o Bello no caminho, não hesitem. Acreditem que as audiências vos agradecerão.
Políticos, jornalistas, editorialistas, comentaristas e abéculas de tipologia vária andam a desumanizar Sócrates desde 2004. A desumanização é um fenómeno universal, automático, necessário para se exercer a violência. Uma vez em acção, a desumanização gera violência contínua e crescente. A luta política pode facilmente despertar instintos violentos, pois se está em disputa, ao mesmo tempo, por recursos valiosíssimos e status. Em Portugal, a elite da direita levou a desumanização de Sócrates a um grau de paroxismo como nunca antes se tinha visto por cá após a democracia ter estabilizado em 1976. Essa desumanização feita de forma sistemática e obsessiva nos impérios de comunicação — ao longo de anos, meses e dias consecutivos — explica a aposta ganha na violência extrema do linchamento institucional e popular planeada e executada pelo Ministério Público e pelo juiz Carlos Alexandre, em 2014. Os crimes de violação do segredo de justiça, a descontextualização das escutas e a ficção (porque apenas especulação) de uma acusação sem provas, mas onde havia ofuscantes e hipnotizadores milhões de euros, levaram a população a aceitar a violência que se abateu como castigo colectivo em cima daquele que não tinha, nem merecia, defesa. Ele era o monstro da mentira, o monstro da corrupção, o monstro do mal. Ao mesmo tempo, políticos, jornalistas, editorialistas, comentaristas e abéculas de tipologia vária geraram uma desumanização simétrica a respeito das pessoas que na Justiça têm responsabilidades na Operação Marquês, procuradores e juízes. Elas não erram, não abusam, não são corruptíveis, não têm vieses cognitivos, não têm vieses corporativos, não têm vieses políticos, são imunes à pressão social, são imunes à pressão mediática. Permanecem puros, são anjos. Anjos do bem, a tentar defender-nos de Satanás e sua legião de demónios.
Um curso de ciência política devia começar sempre com esta máxima de Hannah Arendt:«The ideal subject of totalitarian rule is not the convinced Nazi or the convinced Communist, but people for whom the distinction between fact and fiction, true and false, no longer exists.»
(, in A Tertúlia Orwelliana, 06/07/2025, Trad. Fernando Oliveira)
O estado da informação, ou melhor, da desinformação em Portugal leva-nos, cada vez mais, a procurar fora do país as fontes de que necessitamos para conhecer a realidade, para ter uma opinião. Foi assim que, nessa visita regular a um canal noticioso, me deparei com a referência à publicação no jornal online The Cradle.co ao estudo de Harvard, cuja tradução passo a apresentar.
O estudo realizado por um professor da Universidade Ben Gurion utiliza análises baseada em dados e mapeamento espacial para destacar um grave declínio na população de Gaza desde Outubro de 2023.
Pinto Monteiro foi escolhido (não à primeira) por um primeiro-ministro do PS e um Presidente da República do PSD. Muito antes de existir o Chega, sequer Ventura em Loures, a direita política — ao mais alto nível — caluniou (durante anos, continuará a caluniar se tiver oportunidade) o falecido ex-PGR de forma maximalista: acusou-o de ter violado a lei para proteger Sócrates. Era verdade? A ser, como explicar a passividade de Cavaco face a tão escandaloso e grotesco crime, então, ou a inexistência de uma mísera denúncia do sindicato do Ministério Público, ou de um solitário procurador a provar tal? Como é óbvio, não passava de uma campanha negra, um vale tudo de terra queimada. Cavaco viria a condecorar Pinto Monteiro quando este abandonou o cargo, como é da praxe.
Joana Marques Vidal foi escolhida por um primeiro-ministro do PSD e por um Presidente da República do PSD. Joana Marques Vidal escolheu Amadeu Guerra para planear e dirigir a caçada a Sócrates. Passos e Cavaco viriam a fazer campanha para que a falecida Vidal continuasse como PGR num segundo mandato, ao arrepio da prática desde os idos do caso Casa Pia. Temiam que a acusação a Sócrates, então ainda por concluir, ficasse de algum modo sujeita a olhares estranhos. Disseram que sem Vidal e seus muchachos voltaria o controlo criminoso do Ministério Público pelos socialistas. Ou seja, confirmaram que a sua escolha em 2012 teve como finalidade primeira, e suprema, o controlo político do Ministério Público pela direita.
Amadeu Guerra foi escolhido por um primeiro-ministro do PSD e por um Presidente da República do PSD. Apesar de a lei impor aos magistrados a cessação de funções aos 70 anos, abriu-se uma excepção para este senhor. Porquê? Porque Sócrates. A direita precisa de ganhar em tribunal o processo que criou no MP. Ninguém melhor do que o Amadeu para reunir todos os recursos humanos, e outros, para essa batalha a partir do seu poder como PGR. De cada vez que abre a boca, a agenda de perseguição a Sócrates tolda-lhe a capacidade de medir as consequências das suas declarações. Está transformado num carrasco choné.
O conceito de “megaprocesso” foi uma escolha, foi uma estratégia. Sabiam que, fosse qual fosse o seu desfecho, uma pena totalitária seria fatalmente aplicada. O sofrimento incomensurável, o dano profundo, para indivíduos avulsos e para o PS, estaria garantido ao longo de muitos anos — corrijo: para sempre, como mancha indelével. E se assim o pensaram, assim o fizeram. Começou no espectáculo, inaudito na história de Portugal, ocorrido no aeroporto de Lisboa. A captura de um cidadão que chegava do estrangeiro para se apresentar às autoridades. À hora do telejornal para telejornal mostrar. Um cidadão que ficou preso durante 11 meses alegando-se perigo de fuga.
O povo adorou a novel excitação e o sabor a sangue dessa noite.
(Alfredo Barroso, in Facebook, 01/07/2025, revisão da Estátua)
Habitação, Saúde, Educação, etc., estes não são os grandes problemas! “Papagaios” políticos em curso nas direitas abrem os “bicos” para proclamar em uníssono: os grandes problemas deste Portugal são a imigração, a nacionalidade e a defesa!
Eu, Alfredo Barroso, 80 anos, constato assustadíssimo, porque nasci em Roma (Itália), filho de um matemático português dos Montes de Alvor (Algarve) e de uma jovem italiana de Refrontollo (Treviso,) que, por isso, não poderei ser considerado «português de gema», segundo os tão exigentes e sábios critérios do CHEGA.
Repare-se, por exemplo, no ar sisudo do almirante Gouveia e Melo ao proclamar que a «imigração tornou-se um problema que não se pode esconder», não vá o genial general Isidro Morais Pereira aparecer como candidato do CHEGA a disputar-lhe a sucessão desse Marcelo PR que nos coube em sorte…
E que dirão os sisudíssimos candidatos a Belém do centro-direita Luís Marques Mendes ‘Mãozinhas’ – desastrado comentador da SIC e ilustre facilitador de negócios – e António José Seguro – outrora o Tó Zé do PS “qual é a pressa?” (de que ele já se esqueceu) e que agora até pretende aparecer como um «Born Again Christian»?
Só estes candidatos da extrema-direita, da vulgaríssima direita e de um centro-direita obnóxio, concentram em si uma enorme capacidade de circunspeção, ponderação (de ‘moderação’!), sisudez e gravidade bem estudadas e bem capazes de convencer os ‘tugas’ mais crédulos, como quando Marcelo PR lhes impingia a «política dos afetos» …
Uma nota a fechar: para grande humilhação do PS, o único candidato de facto muito bem preparado politicamente, com saber e experiência fora de dúvidas, é António Filipe, do PCP!
A imigração enriquece as nossas sociedades, trazendo novas culturas e perspetivas. Contudo, a esquerda, no compromisso com a igualdade e a justiça social, enfrenta o desafio de integrar estas novas realidades sem ceder a simplificações perigosas. Respeitar as diversas culturas e religiões é fundamental, mas essa tolerância não pode ser ilimitada. Há princípios inalienáveis da nossa sociedade, como a igualdade de género e a proteção dos direitos humanos, que não podem ser comprometidos. Práticas como a poligamia ou a mutilação genital feminina são ilegais e inaceitáveis em Portugal e na Europa, e a sua não-aceitação não é xenofobia, mas a defesa intransigente da dignidade e dos direitos de todos.
Ao mesmo tempo, é crucial abordar a crise da habitação, um problema que a imigração, tal como o turismo de massa, exacerbou. O crescimento descontrolado dos alojamentos locais e a especulação imobiliária têm transformado um direito constitucional – o direito à habitação – num luxo inacessível para muitos. Vemos com preocupação a exploração de imigrantes em condições de habitação degradantes, com rendas exorbitantes por espaços diminutos e insalubres. Esta situação não é resultado da imigração em si, mas de um sistema que permite a exploração sem escrúpulos por parte de proprietários e intermediários, que acumulam lucros à custa da dignidade humana. A esquerda deve lutar por políticas públicas que garantam habitação digna e acessível para todos, regulando o mercado e combatendo a especulação.
É também imperativo reconhecer que os grandes beneficiários da imigração desregulada são, muitas vezes, os mesmos setores que financiam a extrema-direita. Estes grupos aproveitam-se da vulnerabilidade dos imigrantes para obterem mão-de-obra mais barata, sem direitos ou contratos de trabalho justos. Esta exploração capitalista da força de trabalho imigrante precariza não só os recém-chegados, mas também os trabalhadores portugueses, criando uma competição desleal e baixando os salários de todos. É paradoxal que muitos dos que foram forçados a emigrar para encontrar melhores condições de vida acabem por votar em partidos de extrema-direita nos seus países de acolhimento, sem perceber que representam precisamente os interesses dos patrões exploradores que os condenaram a essa mesma procura.
Cabe à esquerda articular uma visão que defenda a integração digna e humanitária dos imigrantes, garantindo-lhes direitos e condições de vida justas, ao mesmo tempo que combate as práticas culturais incompatíveis com os valores fundamentais dos direitos humanos. Deve também lutar contra a especulação imobiliária e a exploração laboral, independentemente da nacionalidade. A luta não é contra o imigrante, mas contra as estruturas de exploração e desigualdade que afetam a todos, sejam eles nascidos em Portugal ou recém-chegados.