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segunda-feira, 24 de junho de 2024

GUERRA:

Não fui combatente, embora tenha o estatuto (e o cartão) de antigo combatente, por ter feito geograficamente o serviço militar em zona de combate.
Tenho, por isso, alguma ideia do que seja uma guerra, não apenas por ter vivido dois anos em zona de combate, mas pelo muito que li sobre as mais importantes guerras e batalhas deste nosso mundo ocidental.
O que eu nunca tinha visto nem lido era sobre a existência de uma guerra que apenas tivesse um lado.
Em regra, as guerras têm dois lados ou até mais, mas foi preciso chegar à idade que tenho e já no decurso da terceira década do século XXI para ficar a saber que há uma guerra que somente tem um lado.
Diariamente, na RTP1, 2 e 3, quer com Faria, como com José Rodrigues, quer com os seus famosos correspondentes de guerra, a Cândida, o do Guaidó, eu sei lá, com todos, eu fico a saber que há uma guerra só com um lado.
Na SIC, que nesta e noutras matérias é uma espécie de depósito de lixo, a guerra com um só lado está presente a toda a hora tanto por intermédio dos pivots, dos comentadores como dos seus enviados especiais.
Na CNN, abre-se, apesar de tudo, uma pequena excepção, quando intervém um dos três militares ( A. Costa, C. Branco, M. Dias) ou um civil (T.A. Lopes), únicos seres humanos que em Portugal tentam explicar que a guerra tem dois lados.
Mais grave do que a presença dos pivots, comentadores, correspondentes de guerra, gente sem crédito e sem qualquer compromisso com a verdade, é presença de três ou quatro militares com estrelas de general, da faixa dos 50 anos, cujos comentários constituem um autêntico atentado à honorabilidade das Forças Armadas, a menos eles já sejam, não o "espelho da nação", como antigamente se dizia, mas o verdadeiro espelho das Forças Armadas tal como hoje existem. O que, a ser verdade, é gravíssimo.
Uma guerra com um só lado, é uma guerra que, do lado negativo, só tem para mostrar apenas os danos causados a um dos lados; é uma guerra que só tem para mostrar, do lado positivo, os êxitos, pequenos ou grandes, de um dos lados.
Quando se fala da Guerra, é sempre para lamentar os danos pessoais e materiais sofridos apenas por um dos lados, ou para enaltecer os êxitos alcançados pelo mesmo lado que sofreu os prejuízos .

O que é grave é os tipos que apresentam e divulgam estas notícias, a que chamam jornalismo, já nem sequer, deontologicamente, darem conta do triste e vergonhoso papel que estão a desempenhar.

José Manuel Correia Pinto

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