Aconteceu no dia vinte e três de Agosto, de dois mil e quinze, ontem, que
Alfredo Matos (Cherina) os celebrou. Os seus filhos, noras, netos e bisnetos
fizeram-lhe uma festa de arromba. Pelo menos foi o que me disse o seu filho
José Maria Matos (Paralelo). Só que também me disse com mágoa e sentimento que
não gostou da atitude da Banda Musical de Freamunde. E se fosse eu ainda era
capaz de acrescentar mais alguma coisa.
É que o dia vinte e três de Agosto coincidiu com um domingo. Dia
próprio para qualquer associação ou colectividade prestar homenagem a uma
pessoa que passa a centenária. Mais a mais se essa pessoa foi durante seis
dezenas de anos elemento dessa associação ou colectividade. Alfredo Matos foi
músico da Banda Musical de Freamunde.
A Banda Musical de Freamunde não
tinha agendada desde o início da temporada qualquer festa para este dia. O que
levou a família Matos a pensar que a Banda neste dia ia fazer uma surpresa a
Alfredo Matos. Só que à última hora apareceu uma festa. E qual foi a resolução
da direcção da Banda. Aceitou a festa em detrimento do aniversário e sabiam que
era este ano e nesse dia que completava um século de existência. Qual a
agremiação que tem esta oportunidade e a desperdiça! Ganhou o dinheiro à
consideração. Mas o dinheiro não é tudo.
Sessenta e dois anos de
contribuição para com a Banda são muitos anos. Sim meus senhores! Foram esses
anos os anos em que Alfredo Matos tocou na Banda Musical de Freamunde. Passou
por tudo. Até numa altura em que tinha uma operação marcada pela altura das
festas o Mestre da Banda lhe solicitou para adiar a dita operação. Assim fez.
Sabe-se que os músicos pelos seus serviços são pagos. Mas também se
sabe que muitas das vezes o dinheiro que auferem não dá para suportar as
despesas desse dia. O que os movia e move é a paixão e o amor à Banda. Pelo
menos era assim que acontecia com Alfredo Matos.
Por isso eu achar que a atitude
da direcção da Banda foi de lastimar. Volto a repetir: o dinheiro não é tudo. E
como sócio da Banda aqui venho criticar a atitude para com Alfredo Matos. Não
se faz.
Ainda hoje me vem à memória conversas tidas com Alfredo Matos onde me
dizia e gabava a Banda de Freamunde. E… fazia-o com sentimento e algumas vezes
com uma lágrima no canto do olho. É que quem deu sessenta e dois anos a uma
instituição sabe o valor disso.
Não fui convidado para a festa.
Mas vejo o senhor Alfredo Matos no centro da mesa contente com a festa que os
seus familiares lhe estão a fazer e também vejo no seu íntimo o sentir do desprezo
a que foi votado por parte da Banda ou da sua Direcção.
Mas o senhor Alfredo Matos não é pessoa para guardar rancor ou ódio.
Não! Ele é pessoa de fino trato. E sabe que as pessoas de Freamunde lhe têm
carinho e estima. E também sabe que essas pessoas estão perplexas com tal
procedimento. Pelo menos eu estou. Por isso este meu desabafo.
E termino com o que dei título a este texto: não é todos os dias e todos os homens que celebram cem anos com vida.
E termino com o que dei título a este texto: não é todos os dias e todos os homens que celebram cem anos com vida.
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