Rádio Freamunde

https://radiofreamunde.pt/

domingo, 15 de agosto de 2010

Director transferido:


Próximo do fim do ano o Director foi transferido para administrar outro E. P. na zona centro. Foi contra a sua vontade. Nesse dia o Director Geral - agora era o Dr. Celso Manata, logo no princípio notei que Dr. Marques Ferreira não tinha capacidade - foi fazer a apresentação do novo Director. Neste caso Directora. Assisti à tomada de posse e achei que foi uma desconsideração. O Director estava presente. Há pessoas que não medem os actos ou gostam de espezinhar as pessoas.
O serviço ia decorrendo. Começou a haver uma certa bonomia mas estas casas tem de funcionar com melhores ou piores dias. O serviço cada vez era mais. Os guardas! Os mesmos. Havia a nível nacional uma comissão para estudar um tipo de escala de serviço - nesta comissão havia elementos do sindicato de guardas - para colmatar certas deficiências.
Foi marcada uma reunião no E. P. Coimbra com todos os elementos responsáveis pela escala na zona norte juntamente com os Directores e Chefias da Guarda e o “Capitão” Oliveira, Subdirector Geral. Foram postos à apreciação os tipos de escala de serviço para os E. P. Centrais e outro tipo para as Regionais. Chegada a vez de me pronunciar disse que com aquele tipo de escala de serviço para os E. P. Centrais - que me dizia respeito - era a mesma coisa que a adiar eternamente. Fui considerado um pessimista. Até pela minha Directora e Chefe Principal mas aleguei que nestes casos era como S. Tomé. Esta reunião deu-se no ano de 1998, fui aposentado em 2007, e nessa data ainda se praticava o mesmo tipo de escala.
Havia e há interesses instalados e ninguém os quer perder. Há E. Ps. com escalas de serviço com menos sobrecarga, com mais guardas, a maioria deles encontram-se sediados na zona Centro e Sul. O Sindicato sabe que qualquer que seja o tipo de escala de serviço vai arranjar discordância. Por esse motivo não lhe interessa que se avance. Há E. Ps que tem os guardas subaproveitados mas dizem que há faltas de guardas.
O Chefe de Principal, José Augusto, era uma pessoa de bom trato, relacionava-se bem com o Sindicato e com o Director Geral. Era solicitado constantemente para ministrar cursos aos novos Guardas e a futuros Subchefes de Guardas. Uma vez em que estava em Caxias a ministrar um curso, também foram dois Subchefes frequentar o curso para Chefes de Guardas, como era o mais graduado fui nomeado para chefiar o E. P. durante a ausência que se prolongou por dois meses.
Nesse intervalo houve um conselho técnico para saídas precárias prolongadas. O guarda responsável por uma secção veio falar comigo para se dar uma oportunidade a um recluso que trabalhava nessa secção. Como gosto de ouvir os responsáveis pelos vários sectores e entendo que eles os conhecem melhor que nós perguntei-lhe se fazia confiança no recluso. Disse-me que sim. No conselho técnico a maioria foi a favor e o recluso foi gozar cinco dias não fazendo a apresentação no dia determinado. Fiquei desiludido. Era o primeiro recluso que não se apresentava desde que interferia em conselhos técnicos. Ouvi… umas conversas não tinha provas.
O Sindicato resolveu fazer uma greve a nível nacional. Os Subchefes de Guardas aderiram. Era a reivindicar algumas coisas e havia motivo para isso. Passado uns tempos resolveram fazer outra greve. Achei que os motivos não eram válidos. Era para medir forças e não alimento este tipo de situações. Alguns meus colegas Subchefes resolveram fazer o mesmo que eu, outros não sabiam para que lado se virar. Nesse dia de manhã as coisas correram bem. Houve uma reunião com a Directora, Chefe Principal e Delegados Sindicais tendo estes se prontificado a cumprir umas certas regras. Na parte de tarde não sei por que motivo o que se tinha prometido foi tudo alterado.
Tínhamos um recluso que durante um ano andou duas vezes por semana a ser presente na Universidade com custódia para tirar um curso, que agora não posso precisar. Esse dia era o último de exames. Se não fosse presente todo o sacrifício que a Direcção, Chefia e recluso fizeram ia por água abaixo. Combinaram de manhã que se deixava sair o recluso para fazer o exame. À tarde deram o dito por não dito. O Chefe Principal reuniu com a corporação e Delegados Sindicais, como havia um guarda motorista e um guarda que não aderiram à greve seriam estes que faziam a escolta, e ele, Chefe Principal, dava passagem à viatura para não melindrar quem ali fazia serviço. Nem assim concordaram. Tive pena da maneira como procederam com o Chefe Principal não era merecedor daquele tipo de atitude.
Tenho assistido ao começo de manifestações e de greves e sei que é fácil dar início. Difícil é terminá-las. Era o que estava a acontecer. Previ um mau final. A Directora mandou reunir a Chefia, Subchefia e Delegados Sindicais no seu Gabinete, juntamente com o Dr. Paulo de Carvalho. A reunião correu mal. Os Delegados Sindicais opuseram-se a tudo. A Directora expulsou todos de lá para fora. As cabeças estavam quentes. Não se estava a raciocinar.
Saí dali e vim para o Gabinete dos Subchefes e passado uns minutos recebo uma chamada telefónica pelo telefone interno, do Dr. Paulo de Carvalho, para me apresentar novamente no Gabinete da Directora. Disse que não ia. Que fui expulso quando estava a colaborar para se resolver a situação e não compreendia a atitude da Directora. Se quisesse que me dirigisse lá tinha de ser ela a me telefonar. Assim aconteceu. Foi-me feito um pedido de desculpas e então metemos mãos à obra desse para o que desse.
Os guardas grevistas começaram a aproximar-se da Portaria para darem força a quem se encontrava ali com os mesmos intuitos. Notei que havia uma certa desunião entre eles e alguns guardas a dizerem aos Delegados Sindicais que a partir daquele momento acabavam com a greve.
 Fui falar com o Chefe Principal que estava na altura de avançar com a viatura, o recluso encontrava-se no seu interior, assim como os guardas custodiantes. Disse-me, que eles - grevistas - não deixavam passar a viatura, tendo-lhe respondido. Como é que sabia se não se tinha feito qualquer tentativa!
A viatura celular avançou. O guarda de serviço à Portaria não abria o portão. Os guardas grevistas insultavam o guarda motorista e o outro que o acompanhava assim como insultaram um Subchefe. Não estava a entender a maneira de agir de certos guardas. Era uma confusão. Comecei, eu, e um outro Subchefe a identificar os grevistas. Alguns desistiram. Outros para mostrar que não tinham receio vinham dar o nome em atitude de gozo. Até um Guarda motorista e um Subchefe que tinham saído na véspera numa diligência para o E. P. R. Faro, com um recluso para ter julgamento no dia posterior ao dia de greve, tiveram de dar entrada antes das zero horas senão não o recebiam, vieram dar o nome em como aderiam à greve. Respondi: - Não estejam no gozo. Se estavam solidários com a greve deviam de ainda estar na Cadeia de Faro e só depois da meia-noite é que regressavam - era quando ela terminava.
A Directora teve que dar conhecimento ao Director Geral da situação. Este mandou passar o telefone ao Chefe Principal e disse que ia mandar um piquete da Polícia para pôr ordem no E. P. O Chefe Principal pediu por quanto havia para o não fazer que parte da corporação não merecia e era uma vergonha. No outro dia apareceu um inquiridor para fazer averiguações.
 Como houve uma participação dos factos e com os nomes dos maiores prevaricadores, começou a interrogá-los. Todos negavam que se puseram à frente da viatura celular e que ela não chegou perto do portão da Portaria. Quando fui chamado a depor foi-me posto esse problema. Disse que esteve tão perto do portão que uma mosca se quisesse passar entre a viatura celular e portão julgo que não cabia. O inquiridor conhecia-me de outras inquirições. Fez fé no que lhe disse.
 Estiveram todos para serem transferidos para outros E. P. do sul do País e Ilhas. Aqui outra vez o Chefe Principal, José Augusto, intercedeu e como o Director Geral tinha bastante consideração por ele, voltou atrás com a decisão. Houve um guarda que teve de assinar um termo de responsabilidade em como não voltava a fazer greve. Estava marcada uma greve para um dia posterior mas foi um fiasco. Disse a esse guarda se eu estivesse no lugar dele avançava com a greve. Tanta coisa e agora acobardavam-se. O Chefe Principal não merecia o que lhe fizeram. Depois da tempestade vem a bonança. Foi o que aconteceu.
Continua

Sem comentários:

Enviar um comentário