O meu sms de jornalista ao político Rangel,
Resumindo os episódios dum não-assunto. Um diretor do Expresso, João
Vieira Pereira, escreveu um artigo de opinião sobre a política do PS e
qualificou-a, assim: "Cheia de falta de coragem e reveladora da ausência
de pensamento político consistente." Tem direito a dizê-lo. O responsável
pela política do PS, António Costa, mandou um sms ao jornalista:
"Envio-lhe este sms para que não tenha a ilusão de que lhe admito
julgamentos de carácter." Outro a exercer o direito que tem. Foi isto. Um
jornalista a dizer mal da política dum político e este a responder dizendo que
não lhe admite o tom. No fundo, dois cidadãos exercendo o seu direito à fala -
banalidade. Ora, depois de o jornalista ter publicado o sms no seu jornal, o
bocejo tornou--se um caso nacional. Ontem, um político e num jornal, Paulo
Rangel no Público, cunhou o caso, assim: "O sms de António Costa é um ato
de bullying contra a liberdade de expressão, contra João Vieira Pereira e
contra o Expresso. E o bullying intimida, condiciona e apouca." Saltamos, assim,
do caso nacional para o meu caso. O que Paulo Rangel diz sobre a pequenez e a
cobardia dos que exercem a minha profissão - os jornalistas seriam, para ele,
mariquinhas que se borram com o sms dum político - não lhe admito. Não lhe
mando um sms, porque prefiro dizer-lho na cara da próxima vez que o vir. Com
palavras, exercendo o meu direito de dizer coisas. E, para dizer a verdade, só
lho direi se entretanto não me esquecer.
FERREIRA FERNANDES
Ontem no DN
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