O construtor de cenários passou a demolidor da democracia e o constitucionalista não praticante a intérprete enviesado da Constituição que jurou cumprir e defender.
A reescrita da História ampliou o que se deve a Eanes omitindo a instabilidade que criou com as sucessivas nomeações de governos de iniciativa presidencial que levaram Soares e Sá Carneiro a promover a revisão que retirou tais poderes ao órgão a que presidia. Até a tentativa de criar um partido (PRD), a partir de Belém, é sistematicamente omitida.
O exemplo do anterior PR, a tentar evitar dar posse a António Costa, frutificou. Cavaco recusava o governo que a AR lhe impunha e Marcelo a AR que lhe impunha o governo, ambos por razões partidárias. O primeiro falhou porque não teve alternativa, o segundo teve êxito porque pôde usar ainda o poder de dissolução de que o outro já não dispunha.
Os malefícios estão à vista e não se vê como evitar a chegada a Belém de alguém que se torne popular sem escrutínio do pensamento político, de quem camufle ambições ou as crie de camuflado.
Continuarei a propor a eleição do PR por maioria de dois terços dos deputados da AR, após revisão da CRP, com os mesmos poderes presidenciais. Não voltaríamos a ter em Belém inquilinos tão pouco recomendáveis e imprevisíveis.
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