O Governo Milei resolveu pegar na motoserra para cortar as reformas e pensões e aumentar o desemprego, para transferir lucros para o FMI num acordo de "salvação da pátria" - leia-se salvação dos accionistas bancários deste mundo. Vai daí os pensionistas saíram à rua e recusaram-se a parar os protestos, em frente do Parlamento, semanas a fio. Esta semana o Governo resolveu atirar canhões, balas de gás - entre o Governo e o povo, balas e polícia - contra os pensionistas, mas as claques de futebol do Boca, River e Racing juntaram-se e enfrentaram a polícia. Em resposta à brutal repressão, que atingiu jornalistas e jovens, e o corte das pensões foi marcada uma greve geral para dia 8 de Abril. Num dos cartazes do Protesto lia-se "Afinal a Casta era o povo". A Argentina hoje é, porventura, um dos poucos países do mundo com uma esquerda digna desse nome, na FIT (Frente de Esquerda dos Trabalhadores) uma frente que reune partidos como o PTS e a PO, partidos de esquerda radical, dos trabalhadores, sem concessões e mediações com os Partidos do centro, com milhares de militantes em sindicatos de transportes, operários, de professores etc., com políticas para impedir o saque a que estão (estamos) sujeitos diariamente pelos senhores da Banca, da guerra.
Numa altura em que a União Europeia propõe ir às poupanças dos europeus, e cortar as reformas para financiar a economia de guerra porque "vêm aí os russos" (não consigo dizer esta frase sem morrer a rir) a Argentina é um exemplo que inspira. A ideia de que contra os extremos apoiamos o centro equipara políticas igualitárias a políticas de extrema-direita, olvidando que o centro e a extrema direita são em termos económicos os parceiros da "austeridade" - essa palavrinha que significa propriedades de casas, champanhe e milhões em juros para os accionistas, miséria, desemprego e angustia para milhões de pessoas em todo o mundo. Sim, é preciso uma esquerda radical, defensora intransigente dos direitos, liberdades e garantias, do bem estar material e cultural, do humanismo contra o extremo centro e a extrema direita. Força Argentina! Estamos juntos!
Raquel Varela
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