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quinta-feira, 20 de março de 2025

A ameaça existencial:

De que tanto falam os fautores do estado actual de desnorte, de derrota e irrelevância da Europa não são, bem entendido, os russos, mas os regimes incompetentes que parece tudo terem feito para o descrédito mundial da UE, para a crescente regressão e penúria económica e para uma violência social marcada pela pauperização, fenómeno jamais visto no continente desde o colapso do Euromundo, em 1945. A derrota europeia na guerra da Ucrânia não foi a causa, mas o derradeiro e mais expressivo sintoma de males que se vinham a acastelar há mais de 30 anos e aos quais os regimes e os seus responsáveis não souberam dar resposta. Empurrados para fora da arena internacional, expulsos de África, do Médio Oriente e agora da Ásia, onde ainda há poucas dezenas de anos eram desejados, admirados e ouvidos, aos Estados europeus resta pouco tempo antes que o eclipse os trague no esquecimento e até no desprezo da comunidade internacional. A intervenção ontem feita por Macron foi a todos os títulos patética, tudo indicando que os líderes europeus, tão alienados pelas ilusões e pela hybris de quem nada terá compreendido, insistem em atribuir-se um papel que o mundo lhes nega. A compulsão na ingerência dos assuntos dos outros esconde, no fim de contas, a incapacidade europeia de olhar para si mesma.

Miguel Castelo Branco 

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