— Então, o que fazemos agora?
— Amor.
— Tens a certeza?
— Absoluta.
— Está bem, vou despir-me.
— Bem… para fazer, né?
— Quem te disse que é preciso despir-se para fazer amor?
— Mas não é assim que funciona?
— Não, meu bem. Fazer amor não é só com o corpo. É muito mais profundo que isso.
— Então, como se faz?
— Mantenha suas roupas. Vamos conversar. Falar até que nossas vozes se tornem ecos suaves. Vamos rir sem motivo, até que o riso se transforme em música. Vamos mergulhar no olhar um do outro, buscando pedaços de eternidade no silêncio. Vamos fazer amor com nossas almas, não apenas com nossos corpos.
— E depois?
— Depois, vamos nos observar como quem lê um livro raro. Sem pressa. Até que as palavras se tornem supérfluas e o silêncio diga mais do que qualquer frase. Nesse momento, talvez possamos nos tocar.
— Tocar? Como?
— Não com pressa, mas com a delicadeza de um carinho que flutua, que dança no ar antes de pousar, se dissolvendo na eternidade de um abraço.
— Isso soa tão… lindo.
— Dá-me tua mão.
— Aqui está.
— Sentes isso? Esse calor silencioso? Aqui está a verdadeira essência de fazer amor.
— E então?
— Vamos continuar. Conversar até que o dia se canse de nos ouvir. Deixa-me olhar para ti, observar o arco dos teus cílios, o contorno dos teus lábios. Se um beijo nascer, ele virá por si só, sem convite.
— E se as palavras acabarem?
— Então, nossas almas falarão. Vamos abrir nossos segredos até que não restem barreiras. Vamos contemplar-nos até que o prazer seja puro e absoluto.
— E se meus olhos se recusarem a fechar?
— Então ficarei aqui, olhando para ti a noite inteira.
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