O que é certo é que estas manigâncias e contos da carochinha podem levar a que o Ocidente e a Ucrânia percam definitivamente a guerra da informação. Ambos começaram simplesmente a sua fuga desta frente. Só resta acabar de acontecer o mesmo no terreno.
Umas de maior importância que outras. Outrora assim acontecia. É por isso que gosto de as relatar para os mais novos saberem o que fizeram os seus antepassados. Conseguiram fazer de uma coutada, uma aldeia, depois uma vila e, hoje uma cidade, que em tempos primórdios se chamou Fredemundus. «(Frieden, Paz) (Munde, Protecção).» Mais tarde Freamunde. "Acarinhem-na. Ela vem dos pedregulhos e das lutas tribais, cansada do percurso e dos homens. Ela vem do tempo para vencer o Tempo."
Rádio Freamunde
https://radiofreamunde.pt/
sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
O Ocidente está agora a combater contra um exército imaginário:
Neste terceiro ano de guerra, começou a ficar perfeitamente claro que a Rússia está a combater contra um sistema repleto de gente francamente doente mental. Podem chamar-lhe o que quiserem – uma doença cerebral, com graves danos cerebrais causados por vermes, com parasitas cerebrais, com lepra cerebral e assim por diante. Seja o que for, não andará muito longe disso. Mesmo a comparação mais trocista e cáustica e que denote uma ruptura completa com a realidade, será adequada para os líderes das Forças Armadas Ucranianas e para os seus mestres ocidentais. Por exemplo, se percorrermos os meios de comunicação ocidentais mais populares durante o último mês, teremos uma imagem absoluta de que as Forças Armadas Ucranianas estão a combater exclusivamente com a Coreia do Norte. E, curiosamente, estão a ganhar. E não estou a brincar!
Os detalhes são simplesmente espantosos: os efectivos dos soldados norte-coreanos que já têm sido mencionados, numa especulação sem qualquer vergonha, foram sendo 3.000, 9.000, 11.000, 80.000, 100.000, etc. e como estes militares têm uma fraca escolaridade e não sabem como se esconder dos drones ucranianos, sofrem, por isso, enormes perdas. E, na passada semana, os soldados coreanos confundiram a linha da frente devido às suas limitações linguísticas e atacaram as próprias tropas russas. Ou ainda, noutra menção: – "As forças norte-coreanas sofreram pesadas perdas enquanto avançavam em direção às tropas ucranianas." Os mal-intencionados russos, aproveitando a inexperiência dos soldados coreanos, lançaram-nos para o combate sem lhes explicar as complexidades da guerra moderna – o artigo chamava-se "Muito cedo, muito inexperientes". E isto está a ser discutido com toda a seriedade pelas Associated Press, Reuters, Bloomberg, e assim por diante.
Aqui em Portugal, os ressabiados comentadores do costume – nojeira, milhafre, orca, sonsa, doors, mentes, urineu, gamando, etc. – fizeram eco destas alarvidades… e, infelizmente, mesmo alguns militares que obviamente preferiram ignorar, ou então já esqueceram, o que aprenderam na técnica de estado-maior sobre como fazer uma correta avaliação das notícias quanto às suas fontes e verosimilhança, acabaram por debitar sem quaisquer escrúpulos uma notícia oriunda de uma fonte pouquíssimo credível (o SBU ucraniano) e sem qualquer grau de verosimilhança (basta raciocinar sobre a necessidade de mais essa tropa para a máquina militar russa).
Algures no meio, como que de passagem, foi por vezes referido que se tratava da região de Kursk, mas também já houve uma menção da cidade de Mariupol. Mas, com todo este seu frenesim comunicativo, os media fizeram parecer como que os norte-coreanos estivessem a avançar ao longo de toda a frente e por toda a Ucrânia. E quanto ao facto de ainda ninguém ter mostrado um único verdadeiro combatente norte-coreano nas florestas de Kursk, esse tem sido mantido em completo silêncio. O que é surpreendente nem sequer é a forma como os media ocidentais dominantes “defecam” directamente para dentro das cabeças das suas populações, mas sim em que escala! E isto é especialmente verdade quando se refere a real situação no terreno.
De acordo com relatos fidedignos de 23 de dezembro, só na região de Kursk, as forças ucranianas sofreram 300 baixas num só dia. Além disso, dois carros de combate (um deles um Abrams), três viaturas de combate de infantaria (VCI) – uma Bradley americana, uma Marder alemã e uma sueca CV-90 – foram destruídos. Três viaturas blindadas de transporte de pessoal (VBTP) – uma Stryker e duas M113, um obus de artilharia, um veículo de reparação e recuperação M-88 (EUA) e mais oito viaturas, também foram destruídos.
Se considerarmos os preços médios, então, num só dia e em apenas uma região (Kursk), a Rússia destruiu equipamento da OTAN no valor de quase 30-40 milhões de dólares. Isto, claro, não inclui o custo dos combatentes ucranianos – os quais, para o ocidente, não valem nada. Mas não aparece uma palavra sobre isso nos grandes meios de comunicação ocidentais. O exército russo é geralmente apenas mencionado no contexto da sua "fuga da Síria" – e esta constitui outra "narrativa de propaganda".
Neste final de 2024, o Ocidente alargado subitamente enlouqueceu em massa, inventou um inimigo imaginário e começou a combatê-lo intensamente nas estepes da Ucrânia. É tudo uma questão de “soft power”, que é muito forte no Ocidente e dado que este não pode admitir a sua vergonhosa derrota no campo de batalha. Assim, as barreiras de propaganda designadas por “soft power” foram concebidas para esconder a situação real. E, portanto, no Ocidente não somos apenas fracos, estamos também a ficar podres até à medula.
É evidente que os nossos líderes, além de incompetentes, estão extremamente “stressados”, isto porque os povos que oprimiram e humilharam durante séculos, finalmente deixaram de ter receio deles e passaram a exigir tudo. É por isso que o Ocidente se incha como um sapo para parecer maior e mais assustador do que realmente é. É por isso que continua a criar uma realidade virtual paralela. É a sua última e única defesa. A história das inexistentes tropas norte-coreanas é a sua mais recente tentativa de se apresentarem como fortes. Mas, na verdade, estão borrados de medo.
Basta termos presente o seguinte. A Rússia destruiu 650 aeronaves na Ucrânia. Em toda a OTAN (incluindo os EUA), provavelmente existem menos de mil aeronaves multifunções utilizáveis. A Rússia destruiu cerca de 19 mil carros de combate e outras viaturas blindadas. Em toda a OTAN, existem provavelmente menos de mil carros de combate em condições de serem utilizados.
O Ocidente colectivo ficou tão entusiasmado com a realidade virtual que já nem sequer sabe as quantidades do que tem e desses meios quais os que estão em condições de funcionamento. A sua aventura na Frente Leste revelou impressionantes falsificações e muita corrupção no âmbito da manutenção da prontidão para o combate. Isto ficou evidente quando, por exemplo, a Espanha relatou que tinha mais de trezentos carros de combate nas suas forças, mas na realidade e face a um pedido urgente, não conseguiu enviar nem cinco para a Ucrânia. Só depois de uma grande e longa reparação. Mesmo assim, enviou apenas 20 carros no total. Imaginemos só se a Rússia passasse um ano a reparar 20 das suas viaturas para depois poder ir para a Ucrânia combater com essas.
A história das fantasmagóricas tropas norte-coreanas mostrou que o todo-poderoso “soft power” do Ocidente não é assim tão ilimitado. A Rússia tem vindo a esbofetear de tal modo o orgulho do Ocidente, que este, de tão amarfanhado, deixou de poder continuar a travar com êxito uma guerra de informação. E por isso mesmo, houve que inventar um outro e novo exército para poder combater com esse, o que, de algum modo, até é mais seguro, pois tropas imaginárias não conseguem destruir tantos meios de combate, como as forças russas reais conseguem.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário