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sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Tarjas na fachada da AR:

Pedro Nuno acusa "bando de delinquentes" do Chega de trazer a anarquia à AR. 

PAN pondera queixa-crime Já o líder da Iniciativa Liberal acusou o partido de André Ventura de “um ato de vandalismo” e de “infantilidade” por ter colocado tarjas nas janelas da fachada da Assembleia da República.

O líder do PS acusou esta sexta-feira o "bando de delinquentes" do Chega de terem trazido a anarquia ao parlamento e de desrespeitarem a democracia, considerando que perante este ambiente é preciso verdade e sentido de Estado dos restantes políticos.

Pedro Nuno Santos falava aos jornalistas no final da votação final global do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) e alertou para "um ambiente político em Portugal que é grave", como hoje considerou que ficou demonstrado com os pendões que o Chega colocou na fachada do parlamento.

Considerando "importante que quem governa em nome da AD revele sentido de Estado", Pedro Nuno Santos acusou o ministro da Educação de "manipulação de números" sobre o número de alunos sem professor e o primeiro-ministro de "utilização da propaganda" na sua declaração desta semana, afirmando que não estão "a fazer bem à nossa democracia".

"Não é só o bando de delinquentes que nós temos aqui e que despeitaram a Assembleia da República, desrespeitaram a democracia e desrespeitaram os portugueses", disse.

Segundo o líder do PS é preciso que "todos os outros políticos que não se reveem no comportamento nem na atitude dos deputados do Chega revelem sentido de estado".

"Verdade perante os números e sentido de estado cada vez que um primeiro-ministro se dirige ao país. Nós temos essa obrigação", defendeu.

O PS, segundo o seu líder, não tem "medo destes delinquentes nem da anarquia que trouxeram à Assembleia da República".

"Nós vamos combater porque isto é um desrespeito para com os portugueses. O Chega está sempre a falar da lei e da ordem, mas o que tivemos aqui foi desrespeito pela lei e pela ordem, pelas regras", criticou.

PAN pondera avançar com queixa-crime contra o Chega

O PAN está a ponderar a apresentação de uma queixa-crime contra o Chega por causa dos pendões que colocou esta sexta-feira na fachada da Assembleia da República, tendo já decidido levar esta questão à reunião da conferência de líderes.

Numa declaração aos jornalistas no parlamento, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, considerou que a ação do Chega "não deve ficar inconsequente" e salientou que o "estatuto dos deputado prevê, inclusive, a suspensão" nestes casos.

Sousa Real argumentou que esta ação "é suscetível de ser considerada crime" e que o partido levará "sem qualquer receio da intimidação do Chega" este tema a debate na conferência de líderes para que o parlamento possa avaliar a possibilidade de avançar com uma queixa-crime "por uma apropriação abusiva nunca vista em democracia".

"Se quisermos projetar a bandeira da Palestina até hoje em respeito para o dia que hoje assinalamos pela eliminação da violência e pela paz na Palestina, se quisermos ostentar uma bandeira LGBTI, nada disso é permitido sem o consenso das várias forças políticas desta Assembleia da República. E o Chega arroga-se assim o desrespeito total pelas leis que regem o nosso país", disse.

A deputada lamentou o "dano financeiro que foi causado à AR e aos bombeiros que tiveram de se deslocar por conta desta ação irresponsável" e o "desrespeito pela segunda figura do Estado que pediu ao grupo parlamentar que retirasse as tarjas".

O partido criticou também o que diz ser o "desrespeito feito a deputadas e deputados" por parte dos parlamentares do Chega bem como a permissão para "pessoas que são alheias a esta circularem pelos corredores e entrem nos gabinetes de outros deputados".

"Já é a altura de pormos um ponto final neste comportamento absolutamente abusivo e iremos fazê-lo isso mesmo na conferência de líderes", concluiu.

Também Paula Santos, líder parlamentar do PCP, assegurou, numa declaração posterior à de Sousa Real, que o partido levará o assunto à conferência de líderes.

Rui Rocha: "Chega? Estes 50 deputados comportam-se como uma turma de repetentes"

O líder da Iniciativa Liberal (IL) acusou os deputados do Chega de se comportarem “como uma turma de repetentes” e o partido de André Ventura de “um ato de vandalismo” e de “infantilidade” por ter colocado tarjas nas janelas da fachada da Assembleia da República.

“A IL está nesta matéria à vontade, votou contra o fim  dos cortes nos salários dos políticos. Quem não respeita o património do país não respeita a história de Portugal. Isto é um ato de vandalismo, similar ao que vemos do Climáximo. Neste momento os bombeiros estão a retirar as faixas que foram colocadas e não estão a prestar a assistência a quem precisa. É uma infantilidade. O Chega não tem moral para falar nesta matéria. Pacheco Amorim, vice-presidente da Assembleia da República, tem motorista e veículo permanente ao seu dispor e não prescindiu desses serviços, ao contrário do que fez o vice-presidente indicado pela Iniciativa Liberal. Quem vai pagar o serviço dos bombeiros? Estes 50 deputados comportam-se como uma turma de repetentes. Os portugueses devem punir André Ventura e o Chega nas urnas”, afirmou Rui Rocha.

A representante do Bloco de Esquerda, Joana Mortágua, não quis dar protagonismo ao tema. 

“Lamento que haja quem faça favores ao Governo, desviando as atenções do que interessa ao país, como a forma falsa como o Governo anunciou que tinha corrigido a falta de professores”, limitou-se a dizer.

 Elementos do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa chegaram à Assembleia da República pelas 11:20 para retirar os pendões colocados pelo Chega, mas quando se aproximaram das janelas as faixas foram recolhidas a partir do interior do edifício.

Os bombeiros montaram uma grua para aceder às janelas e retirar as faixas colocadas na fachada principal do Palácio de São Bento, mas acabaram por não ter de intervir uma vez que, quando os bombeiros se aproximaram, estas começaram a ser puxadas por elementos do partido, entre os quais o líder, André Ventura, a partir do interior.

O Chega colocou vários pendões na fachada do edifício da Assembleia da República contra o fim do corte nos vencimentos dos políticos, que foi aprovado no âmbito do Orçamento do Estado para o próximo ano.

No arranque dos trabalhos, o presidente da Assembleia da República disse que notificou o Chega para retirar os pendões e que, se tal não fosse feito, iria pedir a intervenção dos bombeiros.

Em declarações aos jornalistas depois da discussão do tema em plenário mas antes da chegada dos bombeiros, o líder do Chega indicou que as faixas seriam retiradas após a votação do Orçamento do Estado.

As faixas foram colocadas nas fachadas principal e lateral do edifício da Assembleia da República e também no chamado edifício novo do parlamento, estando penduradas em várias janelas, com a inscrição "OE2025 aumenta salários dos políticos. Vergonha".

Além desta inscrição, existiam também pendões em tom de vermelho com montagens de fotografias do primeiro-ministro, Luís Montenegro, do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e do líder do CDS-PP, Nuno Melo, como se estivessem a mostrar dinheiro em frente à cara.

Em causa não estava o aumento dos salários, mas o fim do corte de 5% dos vencimentos que foi aplicado em 2010 no contexto da crise financeira que levaria ao pedido de ajuda externa por parte de Portugal em 2011.

A proposta de PSD e CDS-PP foi aprovada com os votos contra do Chega, IL, Livre e BE, abstenção do PCP e votos a favor dos demais.

A proposta de PSD e CDS-PP foi aprovada com os votos contra do Chega, IL, Livre e BE, abstenção do PCP e votos a favor dos demais.

David Pereira

Com Lusa

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