“Autoritarismo e manipulação
Sobretudo, Gouveia e Melo não tem mesmo hesitado em procurar trucidar e afastar do caminho todos os que dele discordem e ousem dizê-lo, ou então os que ele considere como seus concorrentes aos postos a que aspira.
Assim, em 2014, sendo na altura Chefe de Gabinete de Macieira Fragoso, o então CEMA (Chefe do Estado-Maior da Armada), Gouveia e Melo não hesitou em construir uma acusação tão infundada quanto capciosa por pretensa violação do segredo de Estado (crime punível de 2 a 8 anos de prisão[4]) contra um oficial da Marinha que dele discordara num artigo sobre a fiscalização da pesca, tendo o processo em causa sido finalmente arquivado por total inexistência de crime.
Em Junho de 2016, o Vice-Almirante Rocha Carrilho, Superintendente do Pessoal, foi exonerado sob o pretexto, falso e provocatório, de uma pretensa “conspiração de Almirantes” alegada por Sérgio Vitorino, jornalista do Correio da Manhã, cuja ligação ao Gabinete do antigo CEMA e à sua chefia era bem conhecida e falada, e que invocou em Tribunal “fontes bem colocadas na Marinha”, “as quais têm contacto directo com os factos”. O despacho de exoneração, depois de judicialmente impugnado, acabou por ser anulado, mas, entretanto, Gouveia e Melo foi um dos dois únicos que, em termos de carreira, beneficiaram de tal exoneração.
Também em 2016, o gabinete do CEMA, chefiado por Gouveia e Melo, emitiu uma nota à imprensa na qual, na sequência de notícias anteriormente publicadas pelo mesmo jornalista amigo, insinuava, de forma miserável, que um outro Vice-Almirante, Cunha Lopes, era corrupto. Processados criminalmente pelo visado, Macieira Fragoso e Gouveia e Melo, foram, após o arquivamento da 1.ª instância, pronunciados pelo Tribunal da Relação de Lisboa, acabando por ter de pedir desculpas ao queixoso, mas sendo logo tal desfecho apresentado pelos apaniguados de Gouveia e Melo como uma espécie de absolvição.
O anterior CEMA, Almirante Mendes Calado, militar de grande seriedade e dignidade, foi forçado a deixar antecipadamente[5] o cargo (em Dezembro de 2021) de uma forma tão injusta quanto ignominiosa. Durante todo o tempo que durou esse lastimável processo, Gouveia e Melo, que, por opção do Governo de Costa, estava há meses “na calha” para ser o novo CEMA, embora sempre tão falador para se autopromover, manteve o mais ensurdecedor e indecoroso dos silêncios perante a patifaria cometida contra o seu camarada de armas.
Mais recentemente, em Março de 2023, aquando do chamado caso do NRP Mondego, Gouveia e Melo soube ordenar reparações de emergência antes de abrir as portas do navio aos órgãos da Comunicação Social para que atestassem o seu pretenso bom estado. Também soube, ele sim, violar o segredo de Estado ao revelar qual era a missão que estava supostamente atribuída àquele navio (seguir, a 7 nós de velocidade, um navio russo que, a dezenas de milhas do Funchal, navegava a 15 nós…). Mas, sobretudo, soube – numa atitude que violou tanto o Regulamento de Disciplina Militar[6]como as mais elementares honra e dignidade militares – fazer formar no convés do navio a tripulação e sujeitá-la a uma pública e humilhante reprimenda, com a Comunicação Social chamada para publicitar e amplificar o vexame e com colunas de som colocadas para esse efeito.
E em Novembro de 2024, estando ainda em efectividade de funções como CEMA, veio, em (mais) uma entrevista ao DN/TSF, não só tentar fazer crer que essa sua inefável actuação – muito justamente criticada no seio da própria Marinha – não teria sido aquilo que todos vimos, como permitir-se a dizer que “temos de estar todos preparados para a guerra nuclear” e que “se a Europa for atacada e a NATO nos exigir, vamos morrer onde tivermos de morrer”, como se, nos termos da Constituição, essas não fossem questões e decisões da estrita competência dos órgãos do Poder político e não, de todo, das chefias militares[7].”
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