Fernando Santos espantou o cosmos, e mais além, ao meter Ronaldo no banco contra a Suíça. Ninguém lhe adivinhava tal força face à estrela CR7, especialmente após o responso público na conferência de imprensa. Parecia ter chegado para castigar a vedeta mas a crueldade maior vinha a caminho. Cristiano deixava de ser indispensável à Selecção apesar de estar apto para jogar. O seu rosto ao entrar no estádio radiava dor, não conseguia esconder a humilhação.
Avaliando pelo resultado, em números e na qualidade do espectáculo, tratou-se da melhor decisão profissional em toda a vida de Fernando Santos. Foi tão completamente perfeita que até deu para ver a incapacidade do fulano de 37 anos para estar ao nível dos seus colegas. Rafael Leão, que jogou apenas 5 minutos, conseguiu fazer um golo, ainda por cima com nota artística. O madeirense, que jogou 20, népias.
Genial, né? Pois, não, nada disso. Genial teria sido colocar Cristiano Ronaldo no banco e Gonçalo Ramos de início logo a partir do jogo com o Uruguai. Porque isso significaria que o seleccionador nacional tinha uma qualquer ideia para a equipa, uma ideia correlacionada com o talento percebido dos jogadores, a sua forma presente e as simbioses potenciais desses recursos. Contudo, foi preciso mais um episódio no annus horribilis de Ronaldo para que se decidisse por uma mudança dramática e avulsa na lógica da equipa. Os deuses aprovaram a sua ousadia, é desfrutar. Para a malta que não é fã do futebol feio do Engenheiro do Penta, não se corre o risco de ter de mudar de opinião.
Que vai acontecer a seguir? Tudo. Tudo pode acontecer, dado o futebol ser fruto do acaso, não das intencionalidades de treinadores e jogadores. Portugal acabar campeão do Mundo ou perder com Marrocos no sábado apesar do agora achincalhado continuar no banco, são desfechos com igual probabilidade. E não há cunhas em Fátima que alterem essa aleatoriedade.
7 DEZEMBRO 2022 ÀS 8:35 POR VALUPI
Do blogue Aspirina B
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