Ontem, na sequência do meu texto evocativo do 24.º aniversário da atribuição do Nobel a José Saramago, um velho amigo enviou-me uma mensagem a perguntar quem era esse energúmeno, Mário David, e porque lhe dei relevo. Acrescentei aos cumprimentos um texto que escrevi em 2009, com a advertência amiga de que não devemos menosprezar as bactérias, os vírus, os vermes e outros parasitas, dada a sua malignidade.
Mário David não é um solípede à solta ou um inimputável analfabeto, é eurodeputado do PSD e vice-presidente do Partido Popular Europeu. Por isso as suas palavras podem ter eco, ser tomadas por boas e levadas a sério como as de um homem culto e sensível.
Fiquei a saber que Mário David, que ignorava, é o Sousa Lara que entra na quota de todas as lideranças do PSD, o censor que honra o Santo Ofício, o analfabeto que, à semelhança do Sr. Duarte Pio, nunca leu Saramago e não gosta.
Mário David é o bem-aventurado primata que deseja a glória celeste na convicção de que há reino dos céus reservado aos pobres de espírito.
Pedir a Saramago, o mais admirável ficcionista do último século, para renunciar à sua e nossa nacionalidade, é de quem não usa a cabeça, mas se serve dos pés. Todos.
Mário David afirmou, referindo-se a Saramago: "Tenho vergonha de o ter como compatriota! Ou julga que, a coberto da liberdade de expressão, se lhe aceitam todas as imbecilidades e impropérios?"
Que quererá fazer este Sousa Lara, digo, Mário David? Queimar o escritor? Retirar-lhe a nacionalidade? Ter a glória de Nero por incendiar Roma ou o nome nos jornais pela indigência intelectual?
Outra pérola deste analfabeto literário: “Se a outorga do Prémio Nobel o deslumbrou, não lhe confere a autoridade para vilipendiar povos e confissões religiosas, valores que certamente desconhece, mas que definem as pessoas de bom carácter”.
Foi o carácter de pessoas como Mário David que alimentou as fogueiras da Inquisição.
Apostila - O eurodeputado Mário David, que disse ter vergonha de ser compatriota do escritor José Saramago, foi, em finais de 2016, promotor de Kristalina Georgieva a s-g da ONU, contra Guterres, como homem de mão de Durão Barroso que, ao serviço da Trilateral, apoiou a candidatura da concorrente do então candidato português. Para eles, o patriotismo está do lado da carteira.»
Carlos Esperança


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