É com mágoa que vou abordar certos assuntos. Quando escrevo “o que fomos e o que somos” faço-o e desde já me autocritico porque sou um dos que faço número neste modo operandi cá do burgo.
É com nostalgia que recordo – não me encontrava em Freamunde estava ao serviço do exército em Angola – quando recebi o aerograma que a minha família e namorada me davam conta da revolta em Freamunde com a retirada dos CTT. Alguns Freamundenses tocaram o sino da Igreja Matriz e Capelas de S. António e S. Francisco a rebate. Apesar de ser a horas inconvenientes (durante a tarde de um dia de trabalho) compareceu o maior o número de pessoas e os CTT continuaram em Freamunde até aos dias de hoje.
Outro aerograma me chegou a dar conta no mês de Maio, um Domingo, quando as pessoas, a maioria mulheres, se deslocaram para o mês de Maria depararam com um tumulto no Centro da Vila por causa de na passagem de Autocarros com adeptos pacenses que no lugar da Gandarela por causa de mulheres – velhotas – os aperrearam por terem perdido em Amarante com o clube local alguns adeptos saíram do autocarro e as agrediram.
Espalhou-se a notícia por Freamunde inteiro e a partir daí não houve um autocarro que à sua passagem não fosse imobilizado e agredidos os seus ocupantes. Foi tal confusão que a GNR de Paços de Ferreira teve de vir aqui intervir – nessa altura Freamunde não tinha Posto da GNR.
Não sabem a alegria que me deram estas notícias embora atrasadas. Comentei com os meus botões: Freamunde é um por todos e todos por um. Continuou a ser assim pela vida fora.
Só que passados estes anos Freamunde está apático. Não quero dizer que é fruto da democracia. Não! Não é. É fruto de entregarmos o nosso destino a quem não nos representa. Não estou a culpar este ou aquele. Culpo todos os Freamundenses.
Acreditamos em que vêm aqui esporadicamente pedir os nossos votos e depois não queira saber de nós para nada. Não estou outra vez a culpar este e aquele. Sou dos primeiros a culpar-me por em duas eleições dar o meu voto a Humberto Brito. Nesta terceira vez não caí na mesma esparrela. Sou adepto do dito dos portugueses: “gato escaldado de água fria tem medo”. E tive oportunidade de ver que Humberto Brito é descabido de palavra.
Por isso é com mágoa que escrevo esta prosa e com o intuito de alertar muitos Freamundenses que como eu caíram no logro de ter votado em tal personagem. Sei que podem dizer que ele não pode concorrer a mais nenhuma eleição. Mas quem vier a seguir – penso que sei quem é – é farinha do mesmo saco.
Enquanto não voltarmos aos idos tempos do sino a rebate não saímos da cepa torta.
Freamunde terra de liberdade
Até que enfim que alegria
sob o sol da lealdade
renasce a democracia
na terra da liberdade.
Esta terra camaradas
quis mais uma vez provar
que só todos de mãos dadas
a conseguem levantar.
E quando o sino tocar
a rebate é para avançar
de mangas arregaçadas
faça calor faça frio
para mostrar-nos o brio
das nossas mãos calejadas.
Poesia do Rodela
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