Pintor, compositor, pianista, dramaturgo e poeta, Lorca foi um dos maiores e mais promissores intelectuais do século passado.
Nasceu há 124 anos o poeta fuzilado pelas costas, aos 38 anos, quando a violência fascista e a homofobia eram a regra na Espanha franquista, beata e clerical.
Em sua homenagem, quando a direita espanhola se alia ao partido herdeiro do fascista e genocida Franco, aqui fica um poema de amor, sendo o sentimento e a poesia formas de combate à violência.
Meu entranhado amor, morte que é vida,
tua palavra escrita em vão espero
e penso, com a flor que se emurchece
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem a sombra conhece nem a evita.
Coração interior não necessita
do mel gelado que a lua derrama.
Porém eu te suportei. Rasguei-me as veias,
sobre a tua cintura, tigre e pomba,
em duelo de mordidas e açucenas.
Enche minha loucura de palavras
ou deixa-me viver na minha calma
e para sempre escura noite d'alma.
Federico García Lorca, in 'Poemas Esparsos' – Tradução de Oscar Mendes
Carlos Esperança
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