O CDS está a morrer, mas, enquanto isso não acontece definitivamente, vai fazendo aquelas caretas engraçadas de estrebuchamento que as pessoas fazem quando estão em vias de falecer, como eleger um Dr. Chicão ou promover a deputado o Dr. Sebastião Bugalho. Para quem não conhece, o Dr. Sebastião Bugalho é o grande prodígio da política portuguesa. Pelo menos foi assim que foi apresentado no programa do Dr. Goucha, que é a plataforma de lançamento dos maiores prodígios em todas as áreas, como o prodígio musical Dra. Maria Leal, o prodígio da psicologia Dr. Quintino Aires ou o prodígio de perder eleições Dra. Suzana Garcia. Aos 5 anos, quando a maior parte das crianças tem sonhos ridículos como ser astronauta ou médico, o Dr. Sebastião Bugalho disse aos pais entre duas colheradas de Chocapic que um dia ainda ia ter uma coluna de opinião não paga num jornal e chegar a sub-chefe de gabinete do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares de um governo de coligação de direita. Isto sim, é apontar alto.
E começou a trilhar o seu caminho. Aos 20 anos foi trabalhar para o i e para o Sol. Dois dos jornais mais prestigiados do país. Não é fácil entrar no i e no Sol. Eu sei, porque já escrevi crónicas para o i. É um processo de selecção extremamente exigente em que uma pessoa tem de entrar na redacção e dizer que está disposta a escrever coisas sem receber. É o tipo de abnegação que não está ao alcance de todos, nomeadamente aquelas pessoas pouco ambiciosas que exigem ser pagas pelo seu trabalho. O licenciado em Ciência Política Dr. Bugalho começou assim a sua brilhante carreira de jornalista.
Aos 22 anos decidiu reformar-se. É a altura certa para abandonar o jornalismo. A única razão pela qual se justifica que alguém se mantenha no jornalismo depois dos 22 anos é se precisar de aparecer na televisão para vender livros. Ser jornalista é apenas uma forma de poder entrar em salas onde estão pessoas importantes. Até aos 22 anos, achamos-lhes piada e brincamos com eles. Depois disso é só deprimente. Porque são adultos que vivem na ilusão de que o que fazem é relevante e não um meio para chegar às listas de um partido.
O Dr. Sebastião Bugalho aproveitou bem a sua carreira jornalística, nomeadamente como enviado especial do jornal Sol à Juventude Popular. Enquanto foi jornalista decidiu fazer do Dr. Chicão, o seu actual chefe, uma estrela. Provavelmente, o Dr. Chicão nunca lhe dirigiria a palavra se ele fosse só um menino com o sonho de ser sub-chefe de gabinete. Mas, a partir do momento, em que o Dr. Sebastião tinha o password de acesso ao site do jornal i ele, como grande estratega político mirim, deixou-o ser groupie e narrador oficial dos primeiros passos da ascensão ao poder do Dr. Chicão.
O Dr. Sebastião Bugalho é, simplesmente, um jornalista com faro. Enquanto jornalistas menos ambiciosos colocam o poder em cheque, o Dr. Bugalho usou a sua plataforma não remunerada para fazer networking com o Dr. Chicão. Ele escolheu o Dr. Chicão como poderia ter escolhido um chimpanzé e o Dr. Chicão sabe disso. Pagou-lhe agora um favor e conseguiu animar mais um bocadinho o fim do CDS.
O Dr. Bugalho é tão prodígio que até já tem uma acusação de violência doméstica. Estas acusações só acontecem normalmente a políticos com carreiras consolidadas para os destruir. O Dr. Bugalho consegue ter um escândalo ainda sequer de ser minimamente relevante.
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