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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Um CDS novo a cheirar a velho:


Acaba de se demitir da direção do CDS uma figura que, além de abertos elogios a Salazar e à Pide, tinha escrito esta ”pérola” sobre o 25 de abril: “Era preciso uma Revolução? O país crescia mais de 6 pontos percentuais por ano, a guerra do Ultramar estava ganha, havia emprego e estabilidade, Portugal era reconhecido internacionalmente, tudo estava calmo!”.

A mesma criatura chamou também a Aristides Sousa Mendes “agiota de judeus”, ecoando a raiva que a ditadura tinha ao diplomata que, contrariando as ordens de Salazar, decidiu salvar a vida a milhares de refugiados que procuravam fugir da França, sob o terror alemão.

Longe de mim negar a quem quer que seja o direito a ter aquelas ideias. Foi para isso que se fez o 25 de abril... aliás, contra a vontade dessa mesma gente! Mas um partido que se afirma democrático não pode ter, na sua direção de topo, uma figura daquele jaez. Ou, se a mantém, autoqualifica-se por simbiose.

Ora o CDS, o “novo” CDS, procurou até ao fim proteger politicamente aquele seu dirigente, claramente com o “olho” no eleitorado que pensa da mesma forma que aquela figura. Fica a suspeita, bem fundamentada, de que pretende concorrer no mesmo “mercado” político do Chega.

Com este incidente, o “novo” CDS ficou muito mal na fotografia. Se, ao ser confrontada com o conjunto de afirmações do tal cavalheiro, a direção (ia a escrever “centrista”, mas tive receio de que considerassem isso um insulto!) o tivesse logo posto com dono, teria dado um sinal de aberto repúdio face àquele tipo de posições. Pelo contrário, ao ser apenas “empurrada” pelo escândalo público instalado, procurando mesmo confortar a retirada da figura, deu a ideia de que, afinal, podia viver bem com ela na direção - não fora a circunstância do assunto ter tido a amplitude que teve.

Fica assim provado que o “jeunisme”, em si mesmo, não é uma qualidade, mas apenas uma deriva de sectarismo etário. E quando a isso se soma uma visível misoginia, disfarçada de opção por uma melhor “adequação” às funções, tudo fica ainda pior.

Publicado por Francisco Seixas da Costa

No JN

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