«Agora a questão é a eutanásia e
a dra. Isabel Moreira, que encomendou o cérebro nos saldos do AliExpress,
desdobra-se em variedades televisivas a explicar que a vida humana não é um
direito absoluto.»
Ignoro se foi o autor quem
decidiu o destaque mas é indiferente descobrir. No Observador, onde escreve a
troco de dinheiro Alberto Gonçalves (suponho, embora não achasse impossível o
contrário), decidiu-se que a melhor forma de estimular a leitura de um certo
texto era destacar um insulto ad feminam. O efeito pretendido na audiência está
concretizado no comentário ilustrativo.
Não foi a primeira vez que o
valentão Gonçalves atacou a Isabel desta forma estereotipada, em que se usa o
subtexto da diminuição intelectual e cognitiva das mulheres, tendo até já
chegado mais longe no rancor e brutal estupidez ao aludir à vida pessoal do seu
alvo. Não será a última. E isto leva-nos para o Marega.
Quem mete dinheiro no Observador
pretende espalhar este tipo de violência no espaço público por ver nisso
vantagens comerciais e/ou políticas. Logo, não estão disponíveis para qualquer
discussão acerca da deontologia, ética e moralidade da prática que encomendam
ao plumitivo – aliás, plumitivos, pois o posicionamento do projecto implica a
exploração de uma retórica radical de direita onde a decência e a inteligência
são substituídas pelo ódio e pela calúnia (as quais eles justificam acusando os
“outros”, os “inimigos”, do mesmo). Nisso, a situação é exactamente igual à que
todos reconhecem ter existido nos estádios de futebol até à revolta do Marega,
uma decadência violenta aceite como normal, como parte integrante do
espectáculo e da experiência de se “ir à bola”. Também na comunicação social há
um fenómeno rigorosamente análogo que consiste em ter directores e comentadores
(favoritos destes directores e respectivos accionistas) a violarem a lei, a
usarem materiais obtidos com a violação da lei, e a raiarem a violação da lei
nos seus exercícios insultuosos, difamatórios e caluniosos. Este fenómeno não
passa apenas por “mais do mesmo”, ele consubstancia-se como a parte largamente
maioritária da paisagem jornalística, incluindo nesta o editorialismo e o
jornalismo de opinião.
Há quem explore o filão de forma
profissional e especializada, aquilo a que o Júdice aludiu com a expressão
“fonds de commerce” referindo-se ao mais notável desses artistas, apenas porque
há quem pague, e pague muito, pelo serviço. Há quem reduza a actividade
política, o “fazer política”, apenas e só a essas técnicas de açular e adular a
multidão. E há muitos outros que alinham porque somos animais sociais, sendo a
parte animal muito marcada pela necessidade de comer e ter um carro
melhorzinho. Todos se integraram numa indústria sensacionalista e numa cultura
tribal onde a vida é simples: há bons e maus, os bons são amigos e os maus
inimigos, e, no entretanto, deixa cá sacar o meu que tenho filhos na escola,
férias para fazer e uma reforma dourada para garantir.
Quando uma das maiores vedetas do
humor em Portugal, num certo sentido produtivo e geracional a maior na
actualidade, se permite usar mediaticamente – e a troco de avultada remuneração
– excertos de interrogatórios judiciais, e outros materiais publicados de forma
ilegítima e canalha com uma intenção enviesada para suscitar a percepção de
culpabilidade de um certo cidadão ou grupo de cidadãos, podemos ter a lucidez
de aceitar que não vale a pena perder tempo a explicar-lhe os rudimentos do
Estado de direito democrático. A nossa única esperança a partir da atitude de
Marega, para esse e para os milhentos casos onde a chamada “imprensa de
referência” não passa de um albergue de pulhas, é a de que alguém ao seu lado
se levante e vá embora recusando ser parte do espectáculo.
Do Blogue Aspirina B
As claimed by Stanford Medical, It's in fact the ONLY reason women in this country live 10 years more and weigh on average 19 KG lighter than we do.
ResponderEliminar(And actually, it is not about genetics or some secret-exercise and EVERYTHING about "how" they are eating.)
P.S, What I said is "HOW", and not "what"...
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