Para mal dos nossos pecados a
História portuguesa tem sido feita de uma sucessão de confrontos entre aqueles
que os paladinos da dialética marxista, distinguem entre os velhos e os novos.
Se o espírito renascentista
acompanhou o seu surgimento em Itália logo o clero e a aristocracia acautelaram
o seu silenciamento através da Inquisição. Se um Marquês do Pombal consagrou na
governação os valores dos Iluministas, logo uma viradeira deu plenos poderes a
Pina Manique para lhes esmagar as aspirações progressistas. Se os republicanos
derrubaram a monarquia e impuseram a separação entre a Igreja e o Estado ou a
democratização do ensino, logo se alevantou a aventesma de Santa Comba a
fazer-nos “pobrezinhos, mas honrados”. Se os capitães de Abril nos devolveram a
Democracia e Mário Soares nos agregou ao que a Comunidade Europeia prometia
ser, enquanto prenúncio de uma grande potência inovadora e continental, logo
surgiu uma versão recauchutada do *lente de Coimbra” para comprovar que a
mesquinhez preconceituosa germinada num posto de gasolina de Boliqueime
encontrava no imaginário coletivo os apoiantes suficientes para nos imporem o
horrível mostrengo por quase duas décadas.
E assim continua a suceder: a
metade lusa, que execra a inteligência, e só se conforta com a promoção dos
mais medíocres, não desiste de impor à outra metade alguns seres, que o mestre
Almada Negreiros poderia reconhecer como aqueles compatriotas onde se
identificariam todos os defeitos presentes em todas as grandes nações ... só
lhes faltando as qualidades que os
compensassem e superassem. Daí termos aguentado com um cábula contumaz como
primeiro-ministro entre 2011 e 2015 e olhamos para o lado direito da Assembleia
da República com a pavorosa constatação de quanto ali se congregam os piores
exemplos de rasteirice e preconceito.
Se à esquerda da bancada do
Partido Socialista podemos encontrar estratégias e intervenções com que não
concordamos, mas entendemos como fruto de uma obstinação ideológica desfasada
dos constrangimentos e circunstâncias atuais, à direita não existe um
pensamento coerente quanto ao tipo de país pretendido. Sobretudo na bancada
laranja que passou a discussão orçamental em jogos tacticistas incoerentes, que
se contradiziam entre si. Nada de estranhar: quando a cabeça não tem juízo e o
país é que, à sua conta, se arrisca a pagar.
Mas a mesma pequenez da direita
par(a)lamentar, encontra-se em Carlos Alexandre, esse juiz de Mação, que
poderia revelar a argúcia tantas vezes presente em quem tem rústicas origens,
mas dessa condição só reteve o ignóbil fanatismo que dedica aos que sabe
superiores e expresso no manifesto ódio ao primeiro-ministro. É tanta a vontade
de o acusar do que quer que seja, que tal aversão manifesta-se nos exercícios
catárticos (ainda) propiciados pelo seu cargo. A resposta de António Costa às
tropelias por ele cometidas em nome do seu estranho conceito de Justiça -
publicando o texto, que os prosélitos da criatura já andavam a deturpar! - é
uma estocada , que desejaríamos letal para quem reiteradamente desprestigia a
classe a que pertence.
Do blogue Ventos Semeados
Publicada por jorge rocha
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