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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

A ELEVADA ELEVAÇÃO…

…anunciou ela, a Maria de Anunciação, de Assunção, perdoem novamente! Já não é a primeira vez que me engano, mas é ela que insiste em fazer faísca nos meus neurónios. É que ela tem que se definir: ou anuncia ou assume! Quer dizer, a gente até fica baralhado, não é?
Confesso que quando a ouvi proferir aquela frase que dá título a este texto, como estava desatento e desenquadrado, pensando ou assistindo a não sei o quê, mas eram certamente coisas muito mais elevadas, não me dei conta da sequência. É que era dia de Futebol e aí, desculpem-me, eu “deslargo-me” de tudo o resto…
Mas, mesmo assim, apelando a uma mais que excepcional desconcentração, ainda pensei que ela se referia àquela letra do Carlos Tê, musicada pelo Rui Veloso para aquele filme do Vasconcelos, o Jaime, em que ele diz “ Voando como o Jardel sobre os centrais…” , exemplo escrito de grande elevação, ou então àquela inesquecível elevação de Cristiano Ronaldo a roçar os céus de Paris, como alguém escreveu na altura, em que ele subiu tão alto quanto a Torre Eiffel e marcou aquele decisivo golo ao País de Gales. Elevação maior é difícil…
Mas foi apenas porque não estava concentrado e atento, e fixado no Futebol, que me deu uma de diletante e não ouvi o essencial da frase: “Moral”! A “Elevada Elevação” não era nada do que eu pensava: era, afinal, “Moral”!
E foi aí que eu, desligando-me um pouco do Futebol, com um espanto a rondar a perplexidade,soube que se referia ao Núncio! E, meio ausente como estava, pensei logo: será que se refere ao Núncio Apostólico? Mas também pensei: não pode ser! Esse já tem, intrínseca e assumidamente, por via da doutrina e seu húmus, essa tal “elevação”. Afinal era outro Núncio, o Paulo!
Paulo, eu disse? Foi quando me lembrei de um outro Paulo e deu-se assim como um nó cego no meu hemisfério cerebral esquerdo e pensei: do que eu me fui lembrar! Não deste Paulo, mas do outro Paulo, o seu “guru”, o seu mestre e guia, o Sacadura Cabral, esse sim um exemplo imorredouro da arte da elevação moral, da elevadíssima elevação moral. E sendo o seu “guru” é a sua primeira referência e aqui, assumindo-se Maria de Assunção, ela assumiu de peito aberto a missão de manter e sustentar a sua enorme elevação.
E eu, vendo agora com olhos de ver o que é a “Elevada Elevação” moral para a Maria de Assunção, resolvi recordar o que dela escrevi, há quase dois anos atrás, aquando daquela vez em que o Paulo, mas o seu “guru”, o verdadeiro, resolveu fazer do “irrevogável” revogável, elevando portanto para conceitos inimagináveis a irrevogabilidade, e ela veio em seu socorro, quando disse aquilo que não é qualquer um que pode dizer e apenas o pode fazer quem tem, realmente, uma “elevada elevação”: “ Paulo Portas teve a flexibilidade de voltar com a palavra atrás”. Tal como este novo Paulo, mas o Núncio, agora fez. E foi isto que eu escrevi, precisamente no dia 02 de Maio de 2015:
“Eu disse que ia abordar e abordo. Que ia falar e falo. De quem? Dessa personagem tão cândida e inocente, tão crente e indulgente, tão patrocinadora e persistente, tão solícita e obediente, mas tão básica e incompetente : a Ministra Cristas, a que proferiu há dias essa gloriosa frase : “ Paulo Portas teve a flexibilidade de voltar com a palavra atrás”. Vejam só o alcance e subtileza desta frase. Uma frase que eu diria só comparável àquela de Camões: “ Cesse tudo o que a musa antiga canta que outro valor mais alto se alevanta”. Como que a dizer : acaba-se tudo o que era tido por Moral e Ética que outro conceito agora se levanta, o da flexibilidade! O da Ética mais ou menos, o da Moral assim assim, o da palavra dita mas desdita, a flexibilidade, enfim. Agora é mais “ versatilidade”, é “ jogo de cintura”. Ser “ sem vergonha” ou “ vergonhice”? Isso já era. Agora é “ flexibilidade”, é dar o dito por não dito, é fazer e arrepender, é andar e retroceder, é dar e ir buscar, é falar e não ter falado, é dizer e não ter dito, é prometer e “ desprometer”, é ir de vez e regressar e é ser-se pulha sem se saber. É ser cretino e esquecer, é ser tolo e não doer, é opinar sem se saber, é julgar-se sem se ver, é ser crápula sem perceber, é fazer do mal o normal, é não ter espinha dorsal”.
Foi isto que eu escrevi e devia estar mesmo muito zangado, não acham? Mas disto me arrependo irrevogavelmente!
E, perante este elevadíssimo arrependimento, só resta que me elevem a um altar transformado num qualquer beato ou santo….
De paciência feito…

À ESQUERDA DO ZERO


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