ENQUADRAMENTO HISTÓRICO
Freamunde fins do século XIX e início do século XX
Os cidadãos de Freamunde viveram de perto os principais acontecimentos
da viragem do sec. XIX para o séc XX. Depois das lutas populares - cabralistas
e miguelistas - de meados do sec. XIX, também assistiu às disputas monárquicas
e repubicanas, tendo entre o seu povo figuras que tiveram assento na
administração concelhia, antes (Dr. Alberto Cruz, 1910, Leão de Moura 1882) e
depois do Estado Novo (Serafim Pacheco Vieira 1926 e António José de Brito,
entre outros).
Mas Freamunde também haveria de ser a "freguesia mais retintamente
reaccionária, apesar de haver na mesma alguns repubicanos exaltados". Dois
nomes apontados como suspeitos de terem participado na rebelião de 19 de
Setembro de 1911 estão também ligados à ulterior fundação da ABVF: António José
de Brito e Armando Nunes de Oliveira.
No dealbar do séc. XX, Freamunde já colhe os frutos do seu
desenvolvimento. Em 1911 o Concelho de Paços de Ferreira tem no seu todo 3 198
fogos e uma população de 13 844 habitantes, sendo que 449 fogos são de
Freamunde, para uma população de 1962 habitantes. Em 1920 o Concelho tem 3 135
fogos e uma população de 13 787 habitantes. A povoação de Freamunde tem 463
fogos e 2029 habitantes. Em 1930 a população tinha atingido os 15 823
habitantes no Concelho e Freamunde chegara aos 2349.
A paisagem humana de Freamunde nas primeiras décadas do séc. XX, embora
denunciando uma certa centralidade comercial e urbana, não perdera as
características de ruralidade, mas estava à porta o processo de
industrialização.
São várias as instituições em funcionamento. Daí resulta uma actvidade
social constante, são peças de teatro, espectáculos de música, de cinema, etc .
Verifica-se que a sua população participa nas várias actividades.
No início do séc. XX a força motriz do Rio Ferreira é que permitiu a
instalação da pouca indústria existente (moagem, serração, azeite, além destas
teve expressão a indústria de lacticínios - manteiga), de modo que na
generalidade o Concelho era caracterizado em 1881 como um centro de produção
fabril rural.
É na segunda década do séc. XX que se desenvolvem importantes pólos
industriais na freguesia de Freamunde e que, de certo modo, impulsionam a
indústria do mobiliário, que é hoje a principal fonte de riqueza do Concelho de
Paços de Ferreira.
Comercialmente as feiras do Cô (que se realizavam a 5 e 21) e as de
Freamunde (a 13 e 27), embora vinculadas à actividade agrícola, eram os
principais mercados do Concelho. Mas não era apenas nos momentos da feira, e
nesses locais, os lugares de compra e venda. Embora existissem estabelecimentos
espalhados pelas freguesias, era no Cô e em Freamunde onde se concentravam e
aos quais ocorriam pessoas dos Concelhos de Sto. Tirso, Paredes, Lousada,
Felgueiras, Guimarães, Fafe, Valongo, Maia, Gondomar, etc .
Freamunde e Penamaior, durante todo o séc. XIX, concentravam o maior e
mais diversificado número de estabelecimentos comerciais do Concelho. Quase até
aos nossos dias, o centro urbano da então Vila de Freamunde carcterizava-se
pela presença viva da "Praça", um local de comércio bem definido.
As décadas de 20 e 30 do séc. XX marcaram positivamente aquela que é
hoje uma cidade e, em termos demográficos, a maior freguesia do Concelho de
Paços de Ferreira. Neste período nasceram diversas instituições que ainda hoje
são simbolos da Freguesia. O Clube Recreativo Freamundense, a Associação dos
Bombeiros Voluntários, o Sport Clube de Freamunde e a própria freguesia
consegue e elevação à categoria de Vila.
A importância atingida pela povoação de Freamunde e o seu movimento
industrial e comercial da época justificou a elevação a Vila num decreto
promovido pelo Governo de Oliveira Salazar, promulgado por Óscar Carmona e
publicado a 13 de Junho de 1933 no Diário da República.
(CONTINUA)
JOÃO VASCONCELOS - "BOMBEIORS VOLUNTÁRIOS DE FREAMUNDE - 75 ANOS"
JOÃO VASCONCELOS - "BOMBEIORS VOLUNTÁRIOS DE FREAMUNDE - 75 ANOS"
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