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quinta-feira, 21 de maio de 2015

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Assim escrito não quer dizer nada. Mas se escrever a frase por inteiro, quer dizer: Serviço Nacional de Saúde. É dele que venho falar, mais propriamente, do Hospital do Tâmega e Vale do Sousa, que fica situado na freguesia, hoje denominada, de Guilhufe Urrô. Para ali fui no dia catorze de Maio para ser internado no serviço de Cardiologia para fazer um exame de cateterismo ao coração, exame esse que se ia efectuar no Hospital de S. João, no Porto, em virtude da máquina que fazia esses exames estar avariada há meses no Hospital do Tâmega e Vale de Sousa.
Já conhecia o Hospital por que infelizmente tive familiares ali internados. Mas não conhecia a sua laboração. Embora ouvia falar que tinha camas articuladas, olha se não tivesse, por uma sumidade chamada Fernando Leal da Costa, Secretário de Estado da Saúde. Como se fosse este governo e ministério a inventar as camas articuladas. Haja paciência para aturar tal sumidade.
Tanto ele como o Ministro da Saúde, Paulo Macedo, é que deviam ser internados nos hospitais públicos para saberem o que são os hospitais. Não é de camas articuladas que os hospitais vivem. Vivem sim de toda a estrutura. Desde Director, pessoal Médico, Enfermeiros, Auxiliares de Acção Social, pessoal Administrativo e tantos outros que tenho receio de esquecer algum. Se acontecer as minhas desculpas.
Como em cima referi ali dei entrada no dia catorze do corrente mês e fui alocado num quarto, que não tem número, na cama mil e quatro. O quarto é composto por quatro camas sendo que as outras três já estavam ocupadas. Também não percebo porque em lugar de quatro camas não puseram quartos de duas camas. Era mais funcional e dava mais conforto aos utentes. Assim por vezes é um problema ter de aturar certos doentes. Já basta a doença. Mas acontece que nos dávamos lindamente.
Ao outro dia, sexta-feira, um doente pegou-se com a médica e pediu para ter alta. Acontece que o ouvi e vi a reclamar mas entendo que não tinha razão. Por isso saí do quarto e vim para o corredor. Há doentes que por tudo e nada reclamam e não vêem que o Serviço Nacional de Saúde foi a melhor dádiva que nos foi dada. O que seria de nós sem ele!
O que é certo é que além dele também foi dada alta a outro doente. Ficamos só dois. Mas não foi por muito tempo. Mas em lugar de um doente foi ali alocada uma doente. Ainda referi que que a nossa e dela privacidade ia acabar. Disseram-me que tinha de ser assim. Havia falta de camas e os homens eram em maior número na unidade de cardiologia. Lá ficou a senhora. Tanto eu como o outro doente, tudo fizemos para a ajudar. O que não sabia era o que estava para vir. 
Ao outro dia, sábado, o outro doente também teve alta. Passado pouco tempo vieram mais duas doentes para o quarto e propuseram-me a ida para outro. Respostei. Foi-me dito que podia permanecer ali mas que tinha de ter por companhia três doentes. Nesse momento dá entrada uma e pela fisionomia e vocabulário não hesitei em ir para o outro quarto. O que fiquei com pena foi da senhora que já tinha passado uma noite ali connosco.
No outro quarto tinha três doentes e foi-me dada a cama mil e dezasseis. Dois doentes tinham perto de oitenta anos e outro era quase da minha idade. Os mais idosos eram débeis fisicamente e de memória e precisavam de serem ajudados no banho e nas suas necessidades. Um, a filha ia diariamente dar-lhe o almoço. À noite era a esposa e uma filha. Por vezes não diziam coisa com coisa.
Como nestas casas os dias não são todos iguais há que o doente da minha idade receber alta. Lá fiquei eu com os outros dois doentes mas não foi por muito tempo. Há que entrar outro. Só que fiquei outra vez a perder. Para ali foi um que julgava que ali era uma estrebaria. Pessoa sem respeito por mim e pelos mais idosos. Os idosos não podiam dizer nada. Agora eu não deixei passar em claro as suas javardices. Disse-lhe que ali estavam pessoas de respeito. Fez que não ouviu por que não me respondeu.
Chegou a segunda-feira dia do meu exame ao cateterismo no Hospital de S. João. Para ali fui levado por uma ambulância do Hospital do Tâmega e Vale do Sousa às treze horas e trinta minutos. Ali fui entregue às enfermeiras que ali laboram. Outra simpatia de funcionários.
O medo era bastante. Até que chegou a vez de eu entrar na sala de exames. Outras enfermeiras tomaram conta de mim. Explicaram-me o que iam fazer embora já estivesse avisado pelas enfermeiras do Hospital do Tâmega e Vale do Sousa. Fizeram os preparativos tais como a anestesia local.
Entrou o médico. Começou a perguntar-me uma série de coisas que notei que era para me confortar. No decorrer do exame a conversa foi para a jornada de futebol do dia anterior o que deu para eu notar que estava a falar com um portista de alma e coração. Perguntou-me qual o clube da minha simpatia. Disse-lhe que tinha dois: S. C. Freamunde e Clube de Futebol Os Belenenses. Aqui ainda hesitei. É que na véspera tinha sido o clube que tirou as esperanças ao F. C. Porto. Mas como bom profissional não ligou a isso.
Acabou o exame e vim novamente para o corredor à espera que me fossem buscar. Uma enfermeira toda sorridente perguntou-me se queria tomar alguma coisa. Disse que não. Mas a insistência dela levou-me a tomar um chá. Estava em jejum e já eram dezasseis horas. Passado pouco tempo apareceu uma enfermeira do Hospital do Tâmega e Vale do Sousa juntamente com dois bombeiros que mais tarde soube que eram dos Bombeiros Voluntários de Vila Meã.
A viagem decorreu normalmente até que chegamos ao hospital mas sempre ligado a uma máquina. Dei entrada no meu quarto. Foi-me posto soro. Passei uma noite tranquila.
Ao outro dia de manhã apareceu o meu médico a inteirar-se da minha situação. Disse-me que ao outro dia me ia dar alta. Disse-lhe por que não hoje. Disse que ia ver. A ânsia de ter alta é que estava farto de estar no hospital. Não por estar a ser maltratado. Pelo contrário.
Enquanto esperava e porque continuava ligado ao soro deu-me para meditar. O que seria da maioria dos portugueses sem Serviço Nacional de Saúde! Essa grande invenção de António Arnaut.
Pode-se criticar. Mas entendo que uma grande parte das críticas vem de gente necessitada de tudo. Ouvia ali no hospital uma ou outra pessoa a queixarem-se das refeições e de ou outro funcionário. Não havia razões para isso. O tratamento por parte dos funcionários fosse Auxiliar de Acção Médica, Enfermeiros ou médicos era bom e humano. Na parte da alimentação quem dera a uma grande parte da população mundial ter assim uma.
Por tudo isto resolvi escrever este texto e solicitar a todos os funcionários que referi que nunca percam o brio e abnegação porque a maioria dos utentes que por ali passam merecem esse vosso esforço. Ao Fernando Leal da Costa, Secretário de Estado da Saúde, faça mais visitas surpresas que vê que o que segura no Ministério da Saúde são as pessoas referidas por mim. Por isso a todas o meu muito obrigado.

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