Um dia, Nuno Crato anuncia querer acabar com o inglês das Atividades de
Enriquecimento Curricular - isto é, nas atividade fora do tempo de aula em que
além de se aprender a conjugar o verbo to be se pode aprender a tocar
ferrinhos. E, três dias depois, ontem, o mesmo Crato anuncia que afinal ele
"deseja" que o inglês seja obrigatório no ensino básico. Quer dizer,
não quer menos inglês, quer mais. "Deseja-o" até como disciplina
curricular. Eu fico quase encantado que o ministro (o ministro desta semana,
entenda-se) deseje que a aprendizagem do inglês seja no 1º ciclo e ela seja
obrigatória. Clap! Clap! Clap! Mas, aplausos entusiasmados dados, estou
perplexo com o erro de comunicação do ministro. Por que razão, ao anunciar a
decisão de acabar da semana passada, Crato não a explicou logo com a magna
(apesar de só "desejada") decisão de ontem? Os cínicos dirão que não
estando à espera de reação tão enérgica da opinião pública em defesa do ensino
do inglês, o ministro teve de dar alguma volta ao prego. E, até, foi obrigado a
compensar mais (embora só no domínio dos desejos) do que antes recuara. Essa
versão não é muito laudatória sobre a coerência do ministro mas o que conta,
aqui, é a boa vontade. Inglês mais cedo e obrigatório! Gosto, embora por
enquanto seja tão ilusório. Lamento só que o ministro não vá mais longe que o
desejo, e não reconheça que é gastando bem que se combatem os nossos défices -
que não são só contas.
FERREIRA FERNANDES no DN

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