O táxi parou, entrei e espantei-me com o taxista: "O sr. é o
primeiro-ministro, não é?" E ele, olhando-me pelo retrovisor: "Ah,
reconheceu-me logo!" E eu: "Claro, devia ser a tarifa 1 e você pôs a
3!" Mais tarde, noutro táxi, também me surpreendi com o motorista: "O
sr. é o Portas, não é?" E ele: "É, prometi deixar isto, mas fiz
marcha atrás." O táxi seguinte tinha no tablier um cartão colorido com o
nome "Tó Zé" e uma flecha a apontar para o taxista. Dei o endereço.
Ele virava-se a sorrir e compunha o cartão para eu o ver melhor. Num
cruzamento, ele saiu do táxi, foi para a frente dos faróis e pôs-se sisudo como
quem pensa no caminho a tomar. Mas eu, confesso, não liguei. Chegámos e ele
disse-me: "Sabe quem sou, não sabe?" Eu não sabia e saí. Parou-me ao
lado um táxi com um passageiro ao lado da motorista que me disse para entrar. E
eu: "Está livre?!" E o duo gritou: "Viva a liberdade!"
Entrei e arrependi-me: de dez em dez metros a taxista mudava de lugar com o tal
passageiro. Depois, o táxi bloqueou fora de mão. Enfim, apanhei um taxista com
cara de taxista e a viagem com o Jerónimo foi sem história. Ele até me disse
três provérbios com a palavra "táxi". A seguir, um táxi ultrapassou
outro para me apanhar. Mal entrei, o taxista (reconheci-o, era o Rui Rio) disse-me:
"Do que o livrei! O outro táxi era do Menezes..." Ruas depois, saí.
Passou um táxi, fiz sinal. Ele parou, espreitei e vi Cavaco ao volante. Preferi
ir a pé.
FERREIRA FERNANDES
Hoje no DN
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