Fernando Ulrich é uma pessoa desprovida de sentimentos. Ontem
questionado, em sede de comissão parlamentar, pelo deputado João Galamba do PS
que considerou a suas declarações sobre os sem-abrigo "uma gaffe à Maria
Antonieta", de "mau gosto" e grande "insensibilidade",
clamando por um "pedido de desculpa a quem insultou". Ulrich disse - "Não
recebo lições de sensibilidade social”. Disse mais: - foi educado pelos seus pais, na escola e no seio da igreja católica de onde recebeu como lição o bem espiritual, social e
humanitário.
Tudo isto é verdade. Ulrich deve ter a minha idade e era assim que se
educavam os jovens. Uns com o tempo, ou com a vida como madrasta, não
compreendiam esse significado, porque tudo lhes faltava, o que os levava a apanhar uns açoites quer dos pais quer dos padres. Outros, os Ulrich, tudo tinham e em
lugar de uns açoites recebiam beijos e elogios, embora o seu comportamento fosse
igual ou pior.
Portanto a Ulrich faltou esses açoites porque se assim fosse não
comentava de barriga cheia o infortúnio dos infelizes deste País. Está
convencido que o sem-abrigo é uma pessoa que enviou um curriculum vitae fez
testes e passou no exame.
“Acima de tudo, o candidato a sem-abrigo deve evitar a mediocridade e manterá
sua ambição. Desde que convenientemente treinado e motivado, há todas as
condições para que, também na nova carreira que abraçou, ele venha a revelar-se
um homem de sucesso.”
Depois de ouvir Ulrich dizer que não sabe se daqui a dez anos ele ou a
sua família podem ser uns sem-abrigo ainda são mais ofensivas estas palavras.
Palavra de honra que julgava que os sem-abrigo vinham de classes média baixa e
baixa. Nunca pensei de um dia ver um banqueiro como sem
abrigo.
abrigo.
O meu último texto foi: Todos temos um fim. O de Ulrich nem a
sem-abrigo. Não tem moral, embora refira que a recebeu de seus pais e igreja
católica, para saber e compreender o martírio de um sem-abrigo.
Depois diz que ele ou família pode vir a sofrer essa desdita. Um sem-abrigo é-o quando todas as frentes lhe faltaram: social e familiar.
Depois diz que ele ou família pode vir a sofrer essa desdita. Um sem-abrigo é-o quando todas as frentes lhe faltaram: social e familiar.
Apelo a Ulrich que promova, uma semana em cada ano, uma campanha para
que todos os banqueiros e homens de negócio se tornem sem-abrigo. Há quem o
faça e agora compreenda melhor este dilema.
“A Sociedade São Vicente de Paulo da Austrália convida desde 2006 os CEO do país a viverem a experiência dos sem-abrigo num "sleep out" (dormir fora) que tem lugar em Junho de cada ano. O sucesso da iniciativa não decorre, é óbvio, de esses executivos recearem ver-se um dia, por infortúnio, despromovidos à condição de sem-abrigo, antes de um desejo reprimido de ensaiarem uma experiência que lhes tem sido vedada pelos preconceitos sociais dominantes.”
“A Sociedade São Vicente de Paulo da Austrália convida desde 2006 os CEO do país a viverem a experiência dos sem-abrigo num "sleep out" (dormir fora) que tem lugar em Junho de cada ano. O sucesso da iniciativa não decorre, é óbvio, de esses executivos recearem ver-se um dia, por infortúnio, despromovidos à condição de sem-abrigo, antes de um desejo reprimido de ensaiarem uma experiência que lhes tem sido vedada pelos preconceitos sociais dominantes.”
Só assim Ulrich, este erudito, sabia do que falava e depois não
precisava de vir com a desculpa de que não era isso que queria dizer. Não é a
primeira vez que pessoas como Ulrich se venham desculpar que são mal
compreendidas. Quanto a mim não são. São como os trolhas. Atiram o barro à
parede se ele pegar está tudo certo se não esfarrapam-se em desculpas como: não
era essa a minha intenção.
Se Ulrich foi educado no seio familiar e da igreja devia de saber que
de boas intenções está o inferno cheio.
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