Os portugueses são férteis para arranjar histórias e gozarem com a sua
desdita. Podem-lhe roubar tudo mas há sempre uma sátira para desbloquear a
situação. Uma pessoa pode sofrer um acidente terrível, perder um braço ou uma
perna, que lá vem a frase de consolo: coitado! Podia ser pior. Olha se fossem
os dois braços e as duas pernas! Um colega meu dizia a quem se queixava que lhe
doía uma perna. - Doí-te a outra? - Não. - Tens sorte! Se fossem as
duas não estavas aqui no café a queixar-te. Estavas em casa na cama. Só de
portugueses para arranjarem soluções para tudo.
Vem tudo isto a propósito do texto escrito em baixo. Um velho padre de uma paróquia, muito estimado, pelos paroquianos e pessoas da redondeza, não faltavam a uma homilia sua, porque cada palavra parecia uma escritura. Desejou a presença de duas pessoas importantes no desígnio da Nação.
Vem tudo isto a propósito do texto escrito em baixo. Um velho padre de uma paróquia, muito estimado, pelos paroquianos e pessoas da redondeza, não faltavam a uma homilia sua, porque cada palavra parecia uma escritura. Desejou a presença de duas pessoas importantes no desígnio da Nação.
Essas tais pessoas andavam na mó de baixo por decisões erradas para o
seu povo. Como precisavam de projecção e o padre era a pessoa indicada não
hesitaram na visita que o padre lhes tinha formulado. Assim compareceram e
segue-se o diálogo havido entre eles:
“O velho Padre, durante anos, tinha trabalhado fielmente com o povo africano, mas agora estava de volta a Portugal, doente e moribundo, no Hospital de S. José. De repente ele faz um sinal à enfermeira, que se aproxima.
- Sim, Padre? Diz a enfermeira.- Eu queria ver o Primeiro-ministro, Passos Coelho e o Ministro das finanças Victor Gaspar antes de morrer, sussurrou o Padre.
- Acalme-se, verei o que posso fazer, respondeu a enfermeira.
De imediato, ela entra em contacto com o Palácio de S. Bento e com Passos
Coelho. E logo recebe a notícia: ambos gostariam muito de visitar o Padre
moribundo.
A caminho do Hospital, Passos Coelho diz a Victor Gaspar:
- Eu não sei porque é que o velho padre nos quer ver, mas certamente
que isso vai ajudar a melhorar a nossa imagem perante a Igreja, o que é sempre
bom.
Victor Gaspar concordou. Era uma grande oportunidade para eles e até
foi enviado um comunicado oficial à imprensa sobre a visita.
Quando chegaram ao quarto, o velho Padre, pegou na mão de Passos
Coelho, com a sua mão direita, e na mão de Victor Gaspar, com a sua esquerda.
Houve um grande silêncio e notou-se um ar de pureza e serenidade no semblante
do Padre.
Passos Coelho então disse:
- Padre, porque é que fomos nós os escolhidos, entre tantas pessoas,
para estar ao seu lado no seu fim?
O velho Padre, lentamente, disse:
-Sempre, em toda a minha vida, procurei ter como modelo o Nosso Senhor
Jesus Cristo.
-Amém: disse Passos Coelho.
-Amém: disse Victor Gaspar.
E o Padre continuou:
-Então... como Ele morreu entre dois ladrões, eu queria fazer o
mesmo...!!!”
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