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quinta-feira, 6 de março de 2025

Macron - Le Petit Napoleon?

No momento em que os EUA, sob a administração Trump, tentam encontrar um caminho para uma paz negociada entre a Rússia e a Ucrânia, a Europa, sob a liderança errática de figuras como Emmanuel Macron, parece decidida a trilhar um caminho perigoso e contraproducente. As declarações de ontem do presidente francês, sugerindo a ampliação da dissuasão nuclear francesa para cobrir outros países europeus e descrevendo a Rússia como uma ameaça existencial, demonstram uma falta de sensatez política e um impulso belicista que apenas contribui para o agravamento das tensões militares no continente.
Enquanto Washington compreende a necessidade de equilíbrio e de diplomacia para evitar um conflito direto entre potências nucleares, Macron opta por uma retórica inflamada, sem base realista, que não só compromete a segurança europeia, mas também enfraquece a própria capacidade da União Europeia de atuar como mediadora confiável no cenário internacional. A ameaça de uma “dissuasão ampliada” é, no mínimo, ilusória, dado que a França, apesar de possuir armamento nuclear, não tem nem a capacidade nem o respaldo unânime dos seus parceiros europeus para assumir tal papel. A ideia de que Paris pode projetar uma liderança estratégica na Europa baseando-se em declarações vazias apenas expõe a fragilidade de uma política externa francesa sem coordenação real com os interesses comuns do continente.
O problema central reside no fato de que a Europa, ao invés de se posicionar como um ator diplomático responsável, cede cada vez mais ao voluntarismo de líderes que tentam compensar a sua falta de autoridade doméstica com declarações bombásticas. O continente, fragmentado e sem um comando político coeso, tropeça na sua própria desorganização e falta de visão estratégica, lançando-se em ameaças que apenas servem para endurecer ainda mais a posição de Moscovo. Essa postura contribui para prolongar a guerra e para aumentar o risco de um confronto direto entre a NATO e a Rússia, algo que deveria ser evitado a todo custo.
A Europa devia-se concentrar em fomentar negociações sérias e coerentes, buscando canais diplomáticos para encerrar o conflito de forma pragmática e realista. No entanto, com líderes como Macron insistindo em declarações provocadoras e sem fundamento estratégico, o Velho Continente apenas reforça a sua imagem de um ator internacional inconsistente e incapaz de definir um rumo próprio, arriscando a segurança de milhões de europeus por conta de ambições pessoais e jogos de poder. O perigo de uma escalada militar reside não apenas nos movimentos da Rússia, mas também nas respostas imprudentes de uma Europa que parece não aprender com a sua própria história.

João Gomes 

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