A cena da chegada de Vlodomiro Zelenski à Casa Branca e a recepção de Donald Trump recordam-me a sabedoria de dois, em particular, um deles, um caçador profissional no Norte de Moçambique, de nome Junqueiro, cujos caçadores me serviram de guias em várias operações. Na conversa durante as longas refeições de que ele recusava desvendar a matéria-prima dos pratos, ele explicava que para ter êxito, o caçador tem de saber aproximar-se da caça. Que é diferente a aproximação a um elefante, a um leopardo, a uma impala. Há que conhecer a caça, o seu território, as suas reações antes de entrar no seu território.
A outra personalidade de quem me recordei com a entrada de Zelenski na Casa Branca chamava-se Feijão, ou esta era a sua alcunha. Antes de ingressar nos “comandos” trabalhara como auxiliar em vários circos e a sua função consistia em tratar dos animais que faziam parte dos espetáculos e que me explicou que era muito diferente o modo de entrar na jaula dos leões, ou na dos ursos, que era muito diferente apanhar uma serpente ou conduzir um camelo.
Aquilo a que assisti com a entrada de Zelenski na Casa Branca foi a uma demonstração de ignorância das leis elementares da natureza. Zelenski não tem a sabedoria nem do caçador Junqueiro, nem do tratador Feijão. Entrou na caverna do urso como se este fosse um velho pastor alemão disposto a acolhê-lo com manifestações de alegria.
Trump é um animal territorial, como são os toiros, os grandes felinos, os ursos. Não se entra impunemente nos seus espaços e, menos ainda para os provocar. Zelenski revelou ser um imprudente e um incompetente. Julgou que bastaria apresentar-se de fato de combate para condicionar o grande bisonte loiro. Saiu da gruta do urso a ganir. Há quem considere este incompetente e inconsciente um herói, ou um mártir e há até quem o incentive a repetir a proeza e ir de novo bater à porta da jaula de Trump!
Carlos Matos Gomes
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