Rádio Freamunde

https://radiofreamunde.pt/

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Amor filial:

Faz todo o sentido que Rui Moreira celebre o 25 de Novembro. Afinal o pai Rui Hofle Araújo Moreira , proprietário da Molaflex foi um dos financiadores e dos mais ativos militantes do ELP.
Um extrato de uma antiga publicação:
O infiltrado dos militares no ELP
João Pinto Ranito, ex-legionário, participou em reuniões do ELP mas discordou dos métodos postos em cima da mesa: atentados bombistas, assassínios, sequestros de militares e civis. O antigo legionário entrou então em contacto com os militares e aceitou permanecer no ELP para transmitir informações.
Este infiltrado foi um dos grandes trunfos dos militares contra o ELP e mostrou-se essencial na denúncia dos presentes em duas reuniões clandestinas na localidade galega de Vérin, na fronteira com Chaves, e em Salamanca, ambas em fevereiro de 1975.
Dois militares foram enviados para Verín e, quando estavam a tomar o pequeno-almoço no Hotel Dos Naciones, no início de fevereiro, detetaram numa outra mesa os elementos da dita reunião: Rui Hofle Araújo Moreira (pai de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto), António Maria de Noronha Távora de Azeredo Leme, antigo militante do Partido do Progresso, e dois estrangeiros cuja identidade não foi revelada.
Mais tarde, conta Tíscar, os militares souberam que o comandante Alpoim Calvão, fundador do MDLP, e os primeiros-tenentes fuzileiros Pedro Menezes, Corte Real e Juzarte Rolo estavam a apoiar o ELP. Não eram, no entanto, os únicos. Os nomes do 2.º comandante da PSP do Porto, major Mota Freitas, e do seu cunhado Joaquim Ferreira Torres, financiador das redes bombistas e assassinado depois de ameaçar denunciar os seus líderes, também foram referidos.
Image
Notícia sobre o ELP e o MDLP publicada no Diário de Lisboa de 27 de janeiro de 1976
Pouco depois desta primeira reunião, Pinto Ranito informou os militares sobre uma segunda reunião, a 16 de fevereiro, desta vez em Salamanca. Foi então enviada uma equipa de vigilância, composta por um “fotógrafo” que se fazia acompanhar da sua namorada, para tirar fotografias aos presentes, permitindo a sua identificação.
Assim foi feito e os presentes foram mais tarde identificados pelo comunista António Graça: Távora de Azeredo Leme, José Vieira Carvalho, José Rebordão Esteves Pinto, Rui Hofle Araújo Moreira, proprietário da empresa “Molaflex”, José Maria Bernardo Pinto, lugar tenente de Daniel Chipenda, Yves Guérin-Sérac, Jay Simon Salby e, por fim, João Pinto Ranito.
Regresso a Portugal
A “estratégia de tensão” estava a ser levada a cabo quando o Grupo dos Nove do MFA avançou com um golpe contrarrevolucionário no dia 25 de Novembro, abrindo portas à normalização democrática, à imagem das democracias liberais europeias.
O ELP tinha planos para uma invasão armada de Portugal a 1 de dezembro de 1975 e, sabendo que uma operação militar estava de alguma forma em curso, foi posta de lado.
A partir daí, os contactos entre a liderança da organização bombista e os militares do MFA vitoriosos multiplicaram-se, no sentido de garantir o acelerar da desmobilização das redes bombistas e a proteção política dos operacionais. Nos três meses que se seguiram ao 25 de Novembro, as lideranças bombistas ordenaram a paragem de toda a atividade subversiva e, aos poucos, os seus operacionais começaram a regressar ao país com o apoio de militantes do CDS.
Este processo foi recordado pelo operacional do ELP José Campos, citado por Marchi, que regressou com José Rebordão Pinto Esteves num carro carregado com pistolas, explosivos e detonadores e que não foi travado na fronteira. Foi-lhes garantido pelo brigadeiro Henrique Alves Calado, na altura membro de uma comissão instituída pelo Conselho da Revolução, para produzir o que veio a ser o Relatório da Comissão de Averiguação de Violências sobre Presos Sujeitos às Autoridade Militares.
“Não nos aconteceu nada também porque os do sistema sabiam que se nos tivessem perseguido, nós teríamos começado a falar dos contactos com o PS, o PSD, CDS, dos militares da época da clandestinidade”, disse José Campos, citado por Marchi. “Eu por exemplo poderia ter falado de uma ordem que foi dada pelo PS para destruir uma sede do MDP [Movimento Democrático Português] numa dada comunidade. Ordem expressamente dada pelo PS e por uma pessoa muito importante do PS.”
Mas nem todos os operacionais aceitaram a nova realidade política. Houve diferendos no seio da organização e houve quem quisesse continuar a campanha bombista contra o regime democrático. Foi esta a razão pela qual as bombas não pararam depois do 25 de Novembro. O objetivo continuava a ser o mesmo: criar o caos e abalar até onde fosse possível os alicerces da democracia.
Mas os líderes do ELP, conta Marchi, recusaram esta linha estratégica por causa do ambiente geral de desmobilização, por considerarem ser um suicídio político nesse contexto. Alguns operacionais levaram a cabo a estratégia à revelia da liderança e usaram os contactos previamente estabelecidos para o conseguirem, como aconteceu com o Secretariado Nacional de Apoio aos Desalojados Ultramarinos, do CDS, para recrutarem operacionais entre os retornados.

1 comentário:

  1. Sem ser anónimo porque me chamo rui moreira, sugiro-lhe wue consulte os arquivos da pide, ns torre do tombo

    ResponderEliminar