E no socialismo? Não há despedimentos. Não. As pessoas não são mercadorias. Precisam de segurança. E mais, muito mais, o trabalho é o nosso sentido da vida, define-nos, em qualquer sociedade. Numa sociedade socialista real - onde há efectiva igualdade e liberdade, não as sociedades estalinistas - quem não está bem num trabalho passa para outro, toda a gente trabalha menos horas, o trabalho é dividido por todos, as pessoas escolhem as profissões por gosto, habilidade e educação a sério e não por necessidade de sobreviver. No capitalismo trabalham muitas vezes mal porque trabalham por um salário, sem prazer, sem autonomia, produzindo muitas vezes inutilidades e em permanente concorrência entre eles. No capitalismo o trabalho aldrabado, mal feito, sem empenho está generalizado porque o maior vigilante do mundo não pode convencer ninguém a trabalhar bem se essa pessoa não for feliz com quem está e no que produz. É preciso perguntar o que produzimos (é útil), como produzimos (com igualdade, liberdade, confroto de ideias, debate, em boas condições físicas e de saude mental), e para quem produzimos (para nós como comunidade ou para lucro e concentração de poder).
Umas de maior importância que outras. Outrora assim acontecia. É por isso que gosto de as relatar para os mais novos saberem o que fizeram os seus antepassados. Conseguiram fazer de uma coutada, uma aldeia, depois uma vila e, hoje uma cidade, que em tempos primórdios se chamou Fredemundus. «(Frieden, Paz) (Munde, Protecção).» Mais tarde Freamunde. "Acarinhem-na. Ela vem dos pedregulhos e das lutas tribais, cansada do percurso e dos homens. Ela vem do tempo para vencer o Tempo."
Rádio Freamunde
https://radiofreamunde.pt/
domingo, 2 de fevereiro de 2025
Sobre os despedimentos do BE. E algo sobre os outros Partidos:
O BE é um um partido-empresa dependente do Estado. Com uma burocracia com vida própria. Já despediu como todos os Partidos. Todos os partidos (mesmo o PCP, embora em grau menor) dependem do Estado nacional ou local ou ainda da relação umbilical Estado-sindicatos; há anos que o PS, PSD fazem do Estado a sua quinta e o seu emprego, como faz o Chega e a IL, partidos criados a partir do PSD. No caso dos partidos do PS e de toda a sua direita até ao Chega, não é só o emprego mas a dança de cadeiras entre o emprego no Estado e a recompensa depois no sector privado. Nem o BE nem o PCP fazem do seu Partido gestor de negócios com empresas, casos que aconteceram são pontuais, no caso do PS e dos outros são a norma, o Estado com o nosso dinheiro está aos serviço das empresas, que depois despedem massivamente, sem dó ou piedade. Estão lá, do PS ao Chega, a fazer leis que favorecem empresas e têm levado os trabalhadores à exaustão, adoecimento e infelicidade.
Os funcionários do BE não são militantes, pelo menos não os que dão declarações à Sábado. Militantes não falam com jornais que são o andaime da criação do neofascismo em Portugal. Foi no Grupo Cofina, Correio da Manhã/Sábado, e no Observador, que nasceu Ventura e se formam os quadros da extrema direita. Das duas uma - ou estes militantes não sabem e foram mal formados politicamente ou sabem, o que ainda é pior, e mesmo assim agiram na linha "inimigo do meu inimigo é meu amigo".
O Ministério Público vai investigar? Como? E os milhares de despedimentos nestes país de famílias inteiras também vão investigar? Ou só se investiga se for um caso mediático. Que MP é este? Não investiga empresas? A ACT está esvaziada e a lei pós Troika tornou todos os novos contrato precários.
A militância dos Partidos tem que ser no essencial voluntária, aliás paga, ou seja, pagar para ser militante, com quota. Há um grupo de funcionários- militantes necessários mas têm que ser criteriosamente escolhidos de acordo com regras políticas. E podem ser mal escolhidos. Ninguém controla tudo.
Os Partidos de trabalhadores deixaram de depender de quotas - os outros do PS até à direita sempre dependeram do Estado e dos empresários que os apoiam, nunca dependeram de quotas. Mesmo o PCP depende de quotas mas também e muito do funcionalismo camarário e sindical, alheio ao funcionamento democrático. Cria-se uma burocracia com vida própria que em geral é alheia às lutas combativas porque nessas lutas surgem novos dirigentes que os destronam. E como é uma burocracia que vive de ser burocracia não quer ser substituída. Assim se vai fazendo o lento suicídio do PCP. O BE nunca foi um Partido de lutas, a dança de cadeiras dos deputados no caso do BE é com a academia (e aí as lutas tiram dentes, mães de filhos, elefantes a marchar, vale tudo, como vale quando essa luta na academia, e nos meios culturais, envolve quadros dos outros partidos, incluindo do PCP). O BE - tinha uma base real no trabalho da UDP - foi um Partido levado ao colo nos media pelo PS para retirar votos ao PC, e conseguiu; mas o PS depois de 2014 das medidas anti cíclicas levou ao colo nos media o Chega para tirar votos ao PSD. O BE por nunca se ter construído com os trabalhadores e o PS por ser a muleta do capitalismo em declínio cavam o seu suicídio também, o do PS mais lento porque tem mais acesso ao dinheiro do Estado.
Nenhum Partido dos trabalhadores deve depender dos media, têm que criar os seus - bons e sérios - jornais próprios, respeitando os jornalistas que aí trabalham (como nunca são respeitados nos jornais empresariais). Que sejam a voz do país.
A SIC /Expresso, ligada ao PSD, tem uma divida gigante, como aliás tem o Observador, o Público, da Sonae dá prejuízo. É urgente defender canais públicos de media, não deixar destruir a RTP. E é necessário haver canais de media/jornais financiados fora do Estado pelos trabalhadores, seus partidos e sindicatos. Como há noutros países. E como foi em Portugal entre 1870 e 1926 e entre 1961 e 1986.
Em Portugal toda a gente paga, mesmo com pouco dinheiro, a Netflix, o ginásio, a SportTV, mas acham que pagar para um Partido ou tirar um par de horas para militar, reunir, decidir, é inútil. Se cada trabalhador desse 1 euro por mês para um jornal Partido são 5 milhões mês! E isso vai ter que mudar, sob pena de vivermos rodeados de ladrões de malas e milícias fascistas.
Raquel Varela
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