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domingo, 2 de fevereiro de 2025

Sobre os despedimentos do BE. E algo sobre os outros Partidos:

E no socialismo? Não há despedimentos. Não. As pessoas não são mercadorias. Precisam de segurança. E mais, muito mais, o trabalho é o nosso sentido da vida, define-nos, em qualquer sociedade. Numa sociedade socialista real - onde há efectiva igualdade e liberdade, não as sociedades estalinistas - quem não está bem num trabalho passa para outro, toda a gente trabalha menos horas, o trabalho é dividido por todos, as pessoas escolhem as profissões por gosto, habilidade e educação a sério e não por necessidade de sobreviver. No capitalismo trabalham muitas vezes mal porque trabalham por um salário, sem prazer, sem autonomia, produzindo muitas vezes inutilidades e em permanente concorrência entre eles. No capitalismo o trabalho aldrabado, mal feito, sem empenho está generalizado porque o maior vigilante do mundo não pode convencer ninguém a trabalhar bem se essa pessoa não for feliz com quem está e no que produz. É preciso perguntar o que produzimos (é útil), como produzimos (com igualdade, liberdade, confroto de ideias, debate, em boas condições físicas e de saude mental), e para quem produzimos (para nós como comunidade ou para lucro e concentração de poder).

O BE é um um partido-empresa dependente do Estado. Com uma burocracia com vida própria. Já despediu como todos os Partidos. Todos os partidos (mesmo o PCP, embora em grau menor) dependem do Estado nacional ou local ou ainda da relação umbilical Estado-sindicatos; há anos que o PS, PSD fazem do Estado a sua quinta e o seu emprego, como faz o Chega e a IL, partidos criados a partir do PSD. No caso dos partidos do PS e de toda a sua direita até ao Chega, não é só o emprego mas a dança de cadeiras entre o emprego no Estado e a recompensa depois no sector privado. Nem o BE nem o PCP fazem do seu Partido gestor de negócios com empresas, casos que aconteceram são pontuais, no caso do PS e dos outros são a norma, o Estado com o nosso dinheiro está aos serviço das empresas, que depois despedem massivamente, sem dó ou piedade. Estão lá, do PS ao Chega, a fazer leis que favorecem empresas e têm levado os trabalhadores à exaustão, adoecimento e infelicidade.
Os funcionários do BE não são militantes, pelo menos não os que dão declarações à Sábado. Militantes não falam com jornais que são o andaime da criação do neofascismo em Portugal. Foi no Grupo Cofina, Correio da Manhã/Sábado, e no Observador, que nasceu Ventura e se formam os quadros da extrema direita. Das duas uma - ou estes militantes não sabem e foram mal formados politicamente ou sabem, o que ainda é pior, e mesmo assim agiram na linha "inimigo do meu inimigo é meu amigo".
O Ministério Público vai investigar? Como? E os milhares de despedimentos nestes país de famílias inteiras também vão investigar? Ou só se investiga se for um caso mediático. Que MP é este? Não investiga empresas? A ACT está esvaziada e a lei pós Troika tornou todos os novos contrato precários.
A militância dos Partidos tem que ser no essencial voluntária, aliás paga, ou seja, pagar para ser militante, com quota. Há um grupo de funcionários- militantes necessários mas têm que ser criteriosamente escolhidos de acordo com regras políticas. E podem ser mal escolhidos. Ninguém controla tudo.
Os Partidos de trabalhadores deixaram de depender de quotas - os outros do PS até à direita sempre dependeram do Estado e dos empresários que os apoiam, nunca dependeram de quotas. Mesmo o PCP depende de quotas mas também e muito do funcionalismo camarário e sindical, alheio ao funcionamento democrático. Cria-se uma burocracia com vida própria que em geral é alheia às lutas combativas porque nessas lutas surgem novos dirigentes que os destronam. E como é uma burocracia que vive de ser burocracia não quer ser substituída. Assim se vai fazendo o lento suicídio do PCP. O BE nunca foi um Partido de lutas, a dança de cadeiras dos deputados no caso do BE é com a academia (e aí as lutas tiram dentes, mães de filhos, elefantes a marchar, vale tudo, como vale quando essa luta na academia, e nos meios culturais, envolve quadros dos outros partidos, incluindo do PCP). O BE - tinha uma base real no trabalho da UDP - foi um Partido levado ao colo nos media pelo PS para retirar votos ao PC, e conseguiu; mas o PS depois de 2014 das medidas anti cíclicas levou ao colo nos media o Chega para tirar votos ao PSD. O BE por nunca se ter construído com os trabalhadores e o PS por ser a muleta do capitalismo em declínio cavam o seu suicídio também, o do PS mais lento porque tem mais acesso ao dinheiro do Estado.
Nenhum Partido dos trabalhadores deve depender dos media, têm que criar os seus - bons e sérios - jornais próprios, respeitando os jornalistas que aí trabalham (como nunca são respeitados nos jornais empresariais). Que sejam a voz do país.
A SIC /Expresso, ligada ao PSD, tem uma divida gigante, como aliás tem o Observador, o Público, da Sonae dá prejuízo. É urgente defender canais públicos de media, não deixar destruir a RTP. E é necessário haver canais de media/jornais financiados fora do Estado pelos trabalhadores, seus partidos e sindicatos. Como há noutros países. E como foi em Portugal entre 1870 e 1926 e entre 1961 e 1986.
Em Portugal toda a gente paga, mesmo com pouco dinheiro, a Netflix, o ginásio, a SportTV, mas acham que pagar para um Partido ou tirar um par de horas para militar, reunir, decidir, é inútil. Se cada trabalhador desse 1 euro por mês para um jornal Partido são 5 milhões mês! E isso vai ter que mudar, sob pena de vivermos rodeados de ladrões de malas e milícias fascistas.
Raquel Varela

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