Trump voltou a se reaproximar de Putin em seu segundo mandato e promete encontro para negociar guerra Foto: Lukas Coch/IMAGO
Moscou reitera posicionamento anterior contrário à presença de tropas de países-membros da Otan em território ucraniano. Trump disse que Putin não rejeitava a ideia.
A Rússia rebateu nesta
terça-feira (25/02) a afirmação do presidente americano Donald Trump de
que Moscou estaria
aberta ao envio de forças de paz europeias para a Ucrânia como parte
das negociações por um cessar-fogo. Segundo o Kremlin, tal medida seria
inaceitável.
A Rússia tem repetidamente
declarado sua oposição à presença de tropas de membros da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (Otan) em solo ucraniano. Na semana passada, o
ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirmou que Moscou veria isso
como uma "ameaça direta" à soberania russa, mesmo que essas tropas
operassem sob outra bandeira.
Questionado sobre o comentário
de Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, evitou contradizer diretamente
o presidente dos EUA, mas reafirmou a oposição da Rússia à ideia.
"Há uma posição sobre
este assunto que foi expressa pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia,
Lavrov. Não tenho nada a acrescentar e nada a comentar. Deixo isso sem
comentário", disse Peskov.
Trump afirmou na segunda-feira
que tanto ele quanto Putin aceitaram o envio de forças de paz europeias na
Ucrânia, como parte de um acordo para encerrar a guerra.
"Sim, ele aceitará
isso", disse Trump ao lado do presidente francês Emmanuel Macron. "Eu
perguntei especificamente a ele essa questão. Ele não tem problema com
isso."
Macron endossou a sugestão e
disse que a Europa
estaria pronta para enviar tropas de manutenção de paz. Contudo, a
maioria dos países do continente é membro da Otan, com exceções notáveis como
Áustria, Suíça e Irlanda. Apesar da posição do porta-voz russo, Putin se
mostrou disposto a negociar com a Europa em entrevista feita após a afirmação
de Trump.
Casa Branca não comenta
declaração
Brian Hughes, porta-voz do
Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, não respondeu diretamente ao
último comentário do Kremlin, afirmando que a administração Trump continuaria
trabalhando com Moscou e Kiev para acabar com a guerra.
"O compromisso do
presidente Trump em alcançar o fim desta guerra brutal e sangrenta e, em
seguida, estabelecer as bases para uma paz duradoura não será negociado pela
mídia", disse Hughes.
"A administração Trump
sabe que a manutenção da paz exige que a Europa faça mais, e ouvimos líderes
que como o presidente Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico [Keir]
Starmer – assim como outros – se oferecerem para fazer exatamente isso. Continuamos
a trabalhar com a Rússia e a Ucrânia pela paz, porque não se pode acabar com
uma guerra sem conversar com ambos os lados" continuou Hughes.
A presença de tropas de paz em
território ucraniano tem ganhado a centralidade na agenda europeia pelo fim da
guerra na Ucrânia. O presidente francês vê a estratégia como importante para
que o cessar-fogo não pressuponha uma "rendição" do país comandado
por Volodimir Zelenski. O movimento também tem sido aventado como forma de
garantir a participação do continente nas negociações de paz, antes disparadas
bilateralmente entre EUA e Rússia.
Além de Macron, Starmer também
já se disse preparado para contribuir com o envio de homens ao território
ucraniano. Londres e Paris lideram propostas para enviar uma "força de
segurança" europeia de ao menos de 30 mil soldados para proteger a Ucrânia
caso a guerra termine. O premiê britânico também visitará Trump na próxima
quinta-feira.
gq (Reuters, DPA)
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