A todos os que me leiem ou por aqui passam
De vez em quando, desagradadas com as matérias que publico, diferentes pessoas que por aqui passam não resistem e desabafam, indignadas: "Se tudo é tão bom na Rússia, porque não vai para lá viver?!" A todas elas - as que assim escrevem ou pensam - tenho a dizer o seguinte:
Não tenho saudades da Rússia (onde estive, pela última vez, há 25 anos!) nem acho, ao contrário do que afirmam, que "tudo na Rússia é tão bom". Tampouco tenho, obviamente, qualquer ligação com o actual regime de Moscovo. Para que fique ainda mais claro o meu distanciamento da Rússia, faço notar que embora lá tenha vivido um total de 12 anos distribuídos por três períodos diferentes, depois disso, vivi na Bélgica 3 anos, 2 nos EUA e 18 no Brasil.
O propósito, aqui, da minha modesta intervenção é tão só o de dar a conhecer outras narrativas que nos fornecem da situação internacional uma imagem diferenciada daquela que é a versão dominante entre nós e a ocidente em geral. Considero isso, aliás, um imperativo de qualquer jornalista/publicista/analista que se preze e, fazê-lo, um elementar direito democrático ao abrigo da liberdade de expressão. É com opiniões diversas que cada um pode, ponderadamente, em toda a liberdade e com indispensável sentido crítico, formar a sua própria visão do mundo. E não com base na lei da rolha, do partido único e d' "A verdade é só uma - Rádio Moscovo não fala verdade" (título de um antigo programa da velha Emissora Nacional). De tudo isso já tivemos quase meio século e basta. Estou muito bem no meu país e não tenciono trocá-lo por qualquer outro. Fui obrigado a deixá-lo quando jovem, atravessando a fronteira a salto, e espero que isso não se repita nunca mais. Nem nunca mais, em Portugal, seja quem for, seja obrigado ao exílio por aqueles que não suportam a diversidade e o livre confronto de opiniões.
Carlos Fino
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