Rádio Freamunde

https://radiofreamunde.pt/

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Padarias de Freamunde:

Não eram muitas. Só três. Do Anselmo Marques, Silva e Mendes da Vitória. A primeira situava-se no lugar do Calvário, a segunda em Leigal e a terceira no lugar da Feira.
A padaria do Silva era de fabrico familiar. A do Mendes da Vitória tinha funcionários assim como a do Marques.
Da padaria do Marques lembro-me bem. Em frente a ela eu e mais miúdos ali "matavamos" o nosso tempo a jogar a bola.
Sentíamos o cheiro a pão. Mas quem lhe podia "chegar"? Comia em casa broa cosida pela minha mãe. Regra geral dava para oito dias. O seu artefato consistia em possuir uma masseira - que na maior parte do tempo era usada como mesa da cozinha -, farinha e ter um forno para ali ser cozida. Na "ilha" em que morava havia um e servia como forno da comunidade. Todos os inquilinos tinham o seu dia de cozedura. Ainda recordo de ir pedir a lavradores bosta - merda de gado bovino - para colar e tapar a tampa das frinchas para não perder calor.
Como digo pão - carcaça - era raro entrar na casa de pobres. Para estes servia a broa mesmo velha.
Quando andávamos a jogar à bola em frente à Padaria Marques de vez em quando íamos apartar feijões e ele como recompensa dava-nos sobras de pão trigo.
Tempos em que faltava muito de tudo!
Hoje Freamunde tem várias padarias. Para todos os gostos e há as que vão de porta em porta levar o pão. A chamada venda ao domicilio. É usual dizer-se que depois da tempestade vem a bonança.
Assim Freamunde de três Padarias passou a ter uma catrefada delas. Deixaram de se usar os fornos rudimentares nas casas.
E das três padarias deixou de existir a do Mendes e a do Marques passou a chamar-se Celeiro e de outra gerência. A do Silva continua mas em outro lugar.
É o que me leva a recordar as padarias do meu tempo de menino.
Manuel Pacheco

Sem comentários:

Enviar um comentário