Ao longo dos tempos a tarefa de pastorear o rebanho foi executada por profetas com a atividade certificada, pregadores, missionários, papas, ayatolhas, rabinos e por atores que exerciam a pastorícia por conta própria, génios, feiticeiros, adivinhos, bruxos e bruxas, videntes que com maior ou menor êxito participaram na massificação e na crença de uma verdade e de um pensamento único. Estes pastores determinavam o comportamento do rebanho, as modas, o que comer e quando, nada de porco, jejum e abstinência às sextas, ou aos sábados, o comprimento das saias das mulheres, a barba dos homens, as cerimónias dos casamentos, dos funerais, os dias de trabalho, os animais sagrados e os de companhia, nada de cães, estabeleciam interditos e aconselhavam sobre saúde e higiene, lavar as mãos e o traseiro, por exemplo, regulavam os processo de exercer a justiça do Criador e de levar as almas para o paraíso, crucificar, queimar, apedrejar, até existia um manual do torturador para impor respeito ao rebanho.
A última obra da nova arte surgiu a propósito de um balão chinês que voava por cima dos Estados Unidos. Há um século seria considerado uma aparição divina, ou a visita de extraterrestres, agora os pastores garantiram que se tratava de um diabo com um grande olho para apreciar as delícias americanas.
O novo mundo está resumido a um ecrã com um balão, uma pausa para publicidade, aos conselhos de uma influencer de peito aberto e pernas até ao último andar do arranha–céus sobre a felicidade e as boas energias, às explicações mirabolantes de um especialista em culinária vegan sobre o balão, um político a vociferar verdades sobre uns negócios manhosos, exceto a verdade sobre a irrealidade do dinheiro, isto é, que na verdade o dinheiro apenas existe enquanto o rebanho acreditar que existe e que basta quem contratou o demagogo desligar a impressora que ele fica com um papel de limpar o traseiro na carteira. .
A verdade é que o rebanho segue estes novos pastores como seguiu os da antiga e extinta civilização do seja o que Deus quiser. Ámen.
Carlos Matos Gomes
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