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domingo, 15 de janeiro de 2023

O Populismo está na rua!

Quem tivesse ouvidos teria escutado, quem tivesse olhos teria visto, quem tivesse algum conhecimento da história teria percebido.

Muitas vozes avisaram que isto ia acontecer. O isto era o resultado do realinhamento de poderes mundiais, com um império em perda de poder e a impor o seu modelo de sociedade a todos os Estados vassalos. Isto que está a acontecer em Portugal com as corporações de funcionários da administração do Estado e dos serviços que são monopólios naturais, a saúde, o ensino, os transportes é o mesmo que está a acontecer em Espanha, em França, na Inglaterra… Não há coincidências, não há acasos, as corporações não acordaram e de repente decidiram ir prá luta, para a rua gritar respeito, ou dignidade! Não acordaram com uma dor de dentes! Há um plano!

A estratégia é clara: enfraquecer governos que já foram colocados em posição de fraqueza com a guerra na Ucrania, geradora de desemprego (a curto prazo é inevitável com a desindustrialização e o desinvestimento), geradora de insatisfação social devido à inflação.
Quem mexe os cordelinhos sabe que as corporações de funcionários e agentes da administração pública são o mais eficaz agitador social: o patrão não os pode despedir, não pode encerrar a empresa, os serviços causam forte impacto na sociedade e por fim, o governo em funções acaba por pagar e ceder porque necessita de votos, assim como a oposição. Os cidadãos em geral pagam, a sociedade sai mais fraca e mais vulnerável a promessas de um salvador! Sabe-se que será um demagogo, mas sempre foi assim.
Toda esta manobra é mais do que conhecida e resulta. Vem sempre embrulhada com os mesmos slogans: melhoria dos serviços (de facto pioram, como se vê com os serviços de saúde, a justiça, a educação); de dignificação das carreiras (i.e, aumentos de salários); recusa a avaliação (a qualidade dos serviços nunca é avaliada).
O que há de diferente nesta onda pan-europeia de agitação nos funcionários é o momento, que é claramente um momento de crise do regime de democracia liberal. É significativo que os professores e os quadros mais qualificados não entendam essa questão, bastando estar atentos à realidade nacional e internacional e conhecer um pouco de história. É sinal de que a “massa” (a classe média que está sempre disponível para bater tachos) está quase no ponto de se tornar rebanho para seguir um Bolsonaro qualquer que surja a fazer de pastor!
Os europeus e entre eles os portugueses não poderão dizer que não sabem para onde os estão a levar as corporações de funcionários!
Percebe-se o ar entalado do chefe da FENPROF, que sabe o que se está a passar, mas que não pode deixar de reclamar, porque os seus concorrentes são os do sindicato do CHEGA. Estas alianças populistas têm resultados conhecidos. E que o totalitarismo também pode ser o resultado de direitos!
Carlos Matos Gomes

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