Medina, visivelmente ofendido, insiste que nada sabia sobre a sua ex- Secretária de Estado do Tesouro.
Vamos dar como boas as explicações de Medina: que não estava no Governo quando tudo se passou; que a sua mulher estava de licença de parto ou já não estava na TAP quando a “indemnização” foi decidida e paga.
E o Ministério das Finanças não sabia de nada? O ex- Ministro Leão e o seu ex-Secretário de Estado do Tesouro também garantem que nada sabiam.
Acontece que o Ministério das Finanças tem outro Secretário de Estado, o Secretário de Estado das Finanças, que é hoje o mesmo do Ministro anterior e pela competência do qual estes assuntos passavam. Quando as notícias saíram pela primeira vez, em Maio passado, Medina não teve curiosidade de tentar saber, via Secretário de Estado das Finanças, se o que tinha sido publicado era verdade e, sendo-o, se o dito Secretário de Estado estava a par do que se passou?
Mas há mais: a Sra Alexandra Reis foi Secretária de Estado do Tesouro do Ministério de Medina. Que papel teve Medina nesta escolha? Alguém, que só poderia ser o Primeiro Ministro, lhe “plantou” lá a Senhora sem sequer lhe dar uma palavra ou sem que Medina se inteirasse de quem era a sua futura “ajudante” num cargo de tão grande responsabilidade? Donde vinha, qual o seu passado político ou profissional? Aceita-se assim um Secretário de Estado de olhos fechados?
Bem, mas se a Senhora foi escolhida por Medina, algo que não sendo uma regra absoluta, é, porém, o mais normal, pior ainda fica a situação de Medina, já que, qualquer que seja a sua resposta, ela reconduzir-se-á sempre a uma de duas qualificações: ou é um completo irresponsável, ou sabia!
Dito isto, duas ou três palavras, sobre aqueles que próximos do PS ou mesmo do PS insistem na tecla de que todo o “aproveitamento que se está fazendo deste caso” é obra da direita, que se queria ver livre do Ministro Pedro Nuno Santos, ou de quem faz objectivamente o jogo da direita.
Respondendo: quem faz o jogo da direita e actua exactamente como a direita é o PS, o Governo do PS. É nos governos do PS, nomeadamente quando governam sozinhos, que estes casos surgem de todos os lados e onde medram e se multiplicam as personalidades políticas como as de Alexandra Reis.
Este é o PS que quis expulsar a esquerda da área do poder, que quis governar sozinho para poder exprimir, sem censura nem contestação interna, as suas potencialidades governativas.
E quanto ao ex-Ministro Nuno Santos seria avisado que aqueles que, dentro do PS, o queriam ver no Governo, em vez de acusações infundadas à esquerda, indaguem quem, dentro do PS, o queria ver fora.
José Manuel Correia Pinto
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