Um belo titulo para discutir politica e enganos. Em primeiro lugar, uma das atividades mais importantes da política é a do estabelecimento de alianças, de relações com outras entidades, do estabelecimento de mutuas vantagens, da decisão do uso dos vários instrumentos da política, do uso da diplomacia ao conflito e à guerra. Tem sido assim ao longo da História da Humanidade - parece que a multidão de políticos do Parlamento Europeu desconhecem esta função basilar da política.
Seria estultícia acreditar na ignorância de tanto deputado europeu.
Não sendo a ignorância da História a justificação para esta falsidade resta a hipocrisia.
A hipocrisia que, curiosamente, é desnudada logo na foto. Aquilo que o Parlamento Europeu quer dizer não é que vai investigar e precaver-se contra as intromissões externas, mas contra algumas intervenções externas - o Parlamento Europeu admite umas intervenções e condena outras.
É evidente que o Parlamento Europeu não vai investigar as interferencias nas suas decisões dos Estados Unidos, nem do Reino Unido, nem da Arábia Saudita, das multinacionais farmaceuticas, ou do tabaco, ou do petróleo, ou das industrias das tecnologias aeroespaciais e da informação, e nem do lobi pró ucraniano...
É evidente (a mim parece-me evidente) que o caso desta corrupção de uma deputada europeia pelo Qatar aa propósito do campeonato de futebol é areia para os olhos do pagode.
Eu não consigo perceber, fora da habitual pista do dinheiro, o apoio acritico e até entusiasta de tantos deputados e altos funcionários europeus ao fornecimento de monstruosas quantidades de armamento e de dinheiro a um regime que ainda em Dezembro do ano passado (2021) era classificado pelos europeus como dos mais corruptos da comunidade internacional, onde militantes e seguidores do nazismo estavam mais perto do poder passa a ser restaurado e ser apresentado como um exemplo do que os deputados europeus afirmam ser os seus valores!
Não, o que o parlamento europeu quer dizer é que vai investigar e estar atento a quem recebe dinheiro vindo de promotores que sejam de momento inconvenientes.
O Parlamento Europeu com este caso o que está a dizer aos europeus é que o campeonato do mundo realizou-se sem grandes perturbações, e fica bem encontrar um bode expiatório para o papel de cúmplice do Parlamento Europeu na sua escolha e realização. A deputada grega foi o bode expiatório desta hipocrisia.
Carlos Matos Gomes


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