Digo, pois, que as armas com as
quais um príncipe defende o seu Estado, ou são suas próprias ou são
mercenárias, ou auxiliares ou mistas. As mercenárias e as auxiliares são
inúteis e perigosas e, se alguém tem o seu Estado apoiado nas tropas
mercenárias, jamais estará firme e seguro, porque elas são desunidas, ambiciosas,
indisciplinadas, infiéis; galhardas entre os amigos, vis entre os inimigos; não
têm temor a Deus e não têm fé nos homens, e tanto se adia a ruína, quanto se
transfere o assalto; na paz se é espoliado por elas, na guerra, pelos inimigos.
A razão disto é que elas não têm outro amor nem outra razão que as mantenha em
campo, a não ser um pouco de soldo, o qual não é suficiente para fazer com que
queiram morrer por ti. Querem muito ser teus soldados enquanto não estás em
guerra, mas, quando esta surge, querem fugir ou ir embora.
Carlos Matos Gomes
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