Pedro Delgado Alves e Miguel Morgado talvez não tenham grande audiência (desconheço os números) neste espaço da SIC Notícias, apenas interessando aos profissionais da política e jornalismo político e aos apaixonados pela cidade. Mas esta dupla é particularmente feliz como caixa de Petri da actual qualidade intelectual e moral dos recursos humanos nas hostes do PS e do PSD.
Mesmo sem se saber nada de nada do currículo e percurso político respectivos, a forma como nesta ocasião discutem o tema lançado editorialmente é suficiente para ficarmos com o retrato essencial da deontologia cívica de cada um. Enquanto MM aproveita a questão lançada para a ignorar e se concentrar num ataque demagógico e calunioso contra Sócrates e contra o PS, criminalizando e diabolizando os socialistas recorrendo a sonsice encardida e maneirismos vocais de teatro de escola secundária, PDA trata de desmontar sintética e claramente as acusações, com factos e evidências, e ainda deixa a (tão poucas vezes ouvida no PS) denúncia contra a baixa política e chicana do seu interlocutor.
O episódio acima disponível, visto e ouvido por meia dúzia de gatos pingados, está há duas semanas esquecido e enterrado por todos, inclusive os participantes. Só que tal caducidade não lhe retira relevância quando nos confrontamos com o conhecimento de ser este Morgado um vero intelectual, daqueles que escrevem livros difíceis, tendo chegado a ser conselheiro do estupendo príncipe Passos Coelho. Como é que se alcandorou em tão alta influência na Grei? A resposta remete para o Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa, uma madraça da direita oligárquica e rancorosa onde esta personagem é um dos mais ferozes talibãs. E, então, sem surpresa, registamos que tanta sofisticação teórica, tanto Hayek e Leo Strauss, não evitam que a sua energia volitiva se reduza ao fervor com que quer prender adversários políticos e ilegalizar as suas ideias.
Dá que pensar. E também dá que sentir.
POR VALUPI
Do blogue Aspirina B
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