
Era um dia frio de Inverno, apesar de o despontar de um sol radiante conferir um pouco de calor ao acontecimento.
Estava prevista a inauguração de um trabalho em azulejo executado pelos estudantes da Casa Pia de Lisboa, Colégio de Pina Manique, na zona do jardim ao lado do McDonald's.
Seria o Presidente Jorge Sampaio a inaugurar a produção, que contaria também com a presença de vários ministros, do presidente da junta de Freguesia e do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, à data o engenheiro Carmona Rodrigues.
Servir um Porto de Honra aos participantes estava na ordem do dia. Depois de todos os trâmites com a segurança e dos preparativos para a função e após a chegada da cobertura televisiva e de todo o circo mediático que a envolve, começaram a juntar-se os participantes no evento. Como muitos dos demais intervenientes o nosso Presidente da República chegou simpático e elegante no seu sobretudo azul escuro, distribuíndo cumprimentos na sua simpática e composta maneira de estar. Para mim só tinha um problema, que mexia tremendamente com a minha-espécie-de-POC, trazia imensa caspa nos ombros. Olhei e voltei a olhar e desviei o meu raio de visão, mas raios! foi mais forte do que eu. Avancei sem aviso prévio na direcção de S. Exa. e tratei de lhe começar a sacudir a caspinha dos ombros. Não sei do que é que eu estava à espera, mas a segurança travou-me imediatamente o braço criminoso, malgrado os meus protestos de querer apenas aprimorar a imagem do chefe da nação.
O nosso Pesidente assim que percebeu a situação, conhecendo- me o suficiente para não me confundir com um Buíça, deixou claro ao zeloso segurança que “esta Senhora tem autorização para me limpar o casaco sempre que achar necessário." Foi uma risota pegada! Mas a verdade é que o Presidente Jorge Sampaio falou, naquele dia, para a comunicação social sem qualquer peso nos ombros.
Deixou boas recordações como Presidente e como a excelente pessoa que sempre foi.
De todos, e conheci-os a todos, aos inquilinos de Belém, este foi e sempre será o meu presidente favorito.
Maria Dulce Fernandes, 11.09.21
Do blogue Delito de OPpinião.
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