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terça-feira, 28 de setembro de 2021

António Costa, o vencedor das Autárquicas 2021:

Confesso que estou surpreendido com alguns comentários e comentadores que falam numa grande derrota do PS. E se é verdade que as derrotas de Coimbra e Funchal eram expectáveis, a queda de Medina é a grande surpresa da noite e um ponto importante para o PSD, que regressa ao poder na capital. Mas, sejamos sérios: controlar a capital vale por isso mesmo, pelo controle da capital, mas não equivale a vencer as eleições. E o controle que Moedas exercerá sobre a capital, convenhamos, tem muito que se lhe diga, na medida em que a sua coligação tem 7 vereadores, o PS outros 7, o PCP tem 2 e o BE tem 1. O mesmo se passará na Assembleia Municipal, onde Moedas não tem maioria e a direita tem menos quatro representantes do que a esquerda. Pelo que Medina tem duas opções: ou negoceia à esquerda, ou não governará.

O que ganha eleições autárquicas, como em anos anteriores, é a conquista de mais câmaras municipais e freguesias. O PS conquistou 148, o PSD, sozinho ou nas múltiplas coligações em que se envolveu (e aqui vou incluir as câmaras do CDS, para dar volume à coisa) não chega às 120. Serão 119, se não estou em erro, menos 29 que o PS. Significa isto, portanto, que o PS mantém o controle sobre a Associação Nacional de Municípios.

Olhando para os concelhos mais populosos, notamos que, entre os 20 maiores, o PS controla 11, o PSD e as suas coligações controlam 6, sendo que as três restantes são do PCP e dos independentes Rui Moreira e Isaltino Morais. De pouco adianta acenar com uma vitória em Portalegre, que, sendo capital de distrito, tem menos população e importância eleitoral que o mais jovem concelho do país, a Trofa, na ultraperiferia da AM do Porto. Acresce a isto que o PS mantém a maioria nas AM do Porto e de Lisboa.

Olhando para os distritos, o PS controla-os todos com excepção de Leiria e Guarda, e da Região Autónoma da Madeira. Perdeu Leiria para o PSD, ganhou Aveiro ao PSD e ainda destronou o PCP em Setúbal. Ou seja, controla mais um distrito do que controlava desde 2017.

António Costa, consegue aqui mais uma vitória, apesar da derrota em Lisboa e da perda de algumas autarquias, o que era expectável, após um resultado de 2017, que foi o maior alcançado por um partido em eleições autárquicas. O limite fora atingido, dali só poderia descer. Mas mantém o controle do mapa autárquico, a seis autarquias de uma maioria absoluta de concelhos, e adia a revolução no PSD, que mantém Rui Rio na liderança da oposição, empurra Rangel borda fora, deixa os passistas em suspenso e Costa sem oposição real de uma direita mais preocupada em saber quem manda na própria direita do que em disputar o país com a esquerda.

Reformulando o que escrevi na noit eleitoral: são todos contra todos e no fim ganha o António Costa. Melhor só mesmo o Pedro Nuno Santos, que sai reforçadíssimo da noite de ontem, mas esse deixarei para outra posta.

  

Do blogue Aventar

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