Bem gostaria de me livrar de
Marcelo como quase constante alvo das minhas críticas, mas como evitá-lo se ele
me dá sobejas razões para que tal continue a acontecer? Agora foi na cerimónia
de início do ano judicial, quando fez uma declaração do mais soez
populismo: “Alguns espíritos chocaram-se
com o ser possível a magistrados terem estatuto remuneratório superior ao de
primeiro-ministro e mais próximo do estatuto do Presidente da República. Não
consegui compreender o racional - como se diz agora - de tais perplexidades”.
Um Presidente com sentido de
Estado porfiaria em combater os
populismos, que fazem dos políticos os bombos de uma festa em que o objetivo é
apenas substituírem-se a eles, mantendo ou mesmo aumentando então as respetivas
mordomias, tão-só estejam em condições de imporem pela força a agenda em prol
dos suspeitos do costume, ou seja, desses patrões que lhes financiam lautamente
os cartazes e demais instrumentos de manipulação coletiva sem que os tais
magistrados os investiguem rigorosamente conforme deveria ser o seu imperativo.
Será por terem eles quem afinal lhes garantem uma posição injustificada de privilégio
em relação aos políticos relativamente aos quais sempre ganharam menos ou aos
militares que se lhes equiparavam? Se as coisas não são assim, pelo menos
parecem...
Para que não fiquem dúvidas sou
dos que defendem que as remunerações atribuídas a partir do Orçamento Geral do
Estado devem ter no topo da hierarquia o Presidente da República, seguido do
Presidente da Assembleia da República e do Primeiro-ministro. Só depois faz
sentido que venham os juízes, os militares, os professores, os médicos e outras
carreiras, que merecem equiparar-se em importância. Porque qual a razão para um
juiz do Supremo ou do Tribunal Constitucional ganhar mais do que um general, um
professor catedrático ou um médico especialista? Pegando na expressão de
Marcelo qual é o racional de não ser assim a partir de agora?
Ouvir Marcelo dizer que o aumento
dos políticos fica para depois pode ser do agrado das manchetes dos pasquins da
Cofina mas em nada contribui para que o governo da nação ou a Assembleia da
República sejam constituídos pelos cidadãos mais qualificados porque, perante
as condições remuneratórias oferecidas para o exercício de funções oficiais,
sempre preferirão a comodidade de optar pelo setor privado, onde ademais se
poupam ao fácil achincalhamento que os meios de comunicação e as redes sociais,
infestadas por biltres direitistas, se esforçam por disseminar. Como é exemplo
lapidar esse Tavares, dileto amigo de Marcelo, que se serve da última página do
jornal da Sonae para desconsiderar quem a dormir sabe mais da política ou da
gestão do que ele com os olhos todos abertos, ainda por cima convencido de ter
alguma razão nas atoardas que derrama no papel...
Do blogue Ventos Semeados
Publicada por jorge rocha

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