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domingo, 19 de janeiro de 2020

A derrota de Rui Rio:


O PSD é o partido mais divertido em Portugal. Voltou a acontecer com estas eleições internas onde o passismo foi derrotado apesar da soberba pressão mediática a seu favor (entretanto, a Impresa meteu os cães no canil, o que valeu a Balsemão um especial agradecimento nesta noite). Quem humilhou a falange passista é um autêntico bimbo político, para a gozação – e a lição – ser ainda maior.

Mas a lição, que não vai servir aos derrotados, interessa à ciência política e à sociologia. Os resultados mostram que a maioria do partido não se identifica com o fanatismo, sectarismo e estratégia do ódio de jovens turcos e velhos do Restelo. Isto lembra o ambiente vivido no PSD quando Passos chegou a presidente, em que existia uma expectativa de abandono do cavaquismo, então representado por Ferreira Leite, Aguiar-Branco e Paulo Rangel. Desejava-se um Sócrates laranja, literalmente, e Passos era quem mais se aproximava do referente pelo visual arejado na comparação, e ainda pela promessa de não estar, nem vir a ficar, no bolso do Aníbal. Depois, viu-se que o PSD subia nas sondagens de cada vez que o PSD permitia ao PS continuar a governar, especialmente para a aprovação do Orçamento de 2011, significando que o eleitorado do PS e do PSD, na sua enorme maioria, queria exactamente o mesmo para o País. Quer inteligência na moderação, moderação no antagonismo, porque esta massa, colectivamente apesar das inúmeras disparidades individuais, procura a segurança como valor supremo da escolha política. Eis o real, estrutural, centrão.

Infelizmente, Rui Rio é um líder fraco. Está apaixonado por si próprio e já não parece que se venha a livrar dessa adolescência em tempo útil. O seu discurso e comportamento não é credível, bastando recordar a campanha que fez para as legislativas para sabermos que a sua palavra não vale nada. O que disse sobre o afastamento entre os cidadãos e os partidos, e a solução que apresentou às três pancadas, é hilariante. E trágico. Porque a tragédia da democracia não está na multiplicidade de candidatos ou na inépcia dos que votam – está sempre, sempre, sempre nos líderes. O afastamento entre os cidadãos e os partidos até poderá ser um sinal de saúde e maturidade democrática, ter um pantomineiro a mandar na barraca é que nos deixa à beira da tragédia.

Do blogue Aspirina B

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