O PSD é o partido mais divertido
em Portugal. Voltou a acontecer com estas eleições internas onde o passismo foi
derrotado apesar da soberba pressão mediática a seu favor (entretanto, a
Impresa meteu os cães no canil, o que valeu a Balsemão um especial agradecimento
nesta noite). Quem humilhou a falange passista é um autêntico bimbo político,
para a gozação – e a lição – ser ainda maior.
Mas a lição, que não vai servir
aos derrotados, interessa à ciência política e à sociologia. Os resultados
mostram que a maioria do partido não se identifica com o fanatismo, sectarismo
e estratégia do ódio de jovens turcos e velhos do Restelo. Isto lembra o
ambiente vivido no PSD quando Passos chegou a presidente, em que existia uma
expectativa de abandono do cavaquismo, então representado por Ferreira Leite,
Aguiar-Branco e Paulo Rangel. Desejava-se um Sócrates laranja, literalmente, e
Passos era quem mais se aproximava do referente pelo visual arejado na
comparação, e ainda pela promessa de não estar, nem vir a ficar, no bolso do
Aníbal. Depois, viu-se que o PSD subia nas sondagens de cada vez que o PSD
permitia ao PS continuar a governar, especialmente para a aprovação do
Orçamento de 2011, significando que o eleitorado do PS e do PSD, na sua enorme
maioria, queria exactamente o mesmo para o País. Quer inteligência na
moderação, moderação no antagonismo, porque esta massa, colectivamente apesar
das inúmeras disparidades individuais, procura a segurança como valor supremo
da escolha política. Eis o real, estrutural, centrão.
Infelizmente, Rui Rio é um líder
fraco. Está apaixonado por si próprio e já não parece que se venha a livrar
dessa adolescência em tempo útil. O seu discurso e comportamento não é
credível, bastando recordar a campanha que fez para as legislativas para sabermos
que a sua palavra não vale nada. O que disse sobre o afastamento entre os
cidadãos e os partidos, e a solução que apresentou às três pancadas, é
hilariante. E trágico. Porque a tragédia da democracia não está na
multiplicidade de candidatos ou na inépcia dos que votam – está sempre, sempre,
sempre nos líderes. O afastamento entre os cidadãos e os partidos até poderá
ser um sinal de saúde e maturidade democrática, ter um pantomineiro a mandar na
barraca é que nos deixa à beira da tragédia.
Do blogue Aspirina B
Do blogue Aspirina B
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