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terça-feira, 9 de julho de 2019

Uma coisa é certa: entre o Rui Rio e o Snowball eu votaria, sem dúvida, no Snowball:


Acredito que o Rui Rio não seja má pessoa de todo, acredito que, no cômputo geral, não tenha sido um péssimo presidente de Câmara, acredito que, à frente do saco de gatos que é e sempre foi o PSD, ele nem seja dos piores que por lá passou. Mas é daqueles erros de casting que não dá para disfarçar.  Acho que é daqueles casos em que um assessent lhe iria mesmo a calhar, para ver se atina com as coisas em que se mete. Por exemplo: poderia eu ter uma brilhante carreira como cantora de ópera? Claro que não, não levo jeito nem para o Ó Rama, ó que linda rama, quanto mais para a Carmen ou para a Butterfly. Está bem, está. Mas, lá está, tenho noção disso. E é, justamente, dessa noção de que Rio carece.

Como manga de alpaca, o Rui Rio estaria óptimo: ninguém teria nada a dizer, ninguém se demitiria, ninguém vinha dizer nada para os jornais, não haveria artistas e intelectuais a queixarem-se ou vice-presidentes a demitirem-se, chingando o pobre coitado de ditador, de ser um orelhas moucas, um centralizador e o escambau. Agora nas aventuras em que ele se mete, claro, só dá barraca. Uma falta de jeito que dá pena. Farto de ser conotado com uma bota de elástico, agora resolveu armar-se em modernino e pimbas: correu com toda a malta, não ficou pedra sobre pedra. Ã frente das listas só malta jove (assim mesmo: jove, sem m no fim), desconhecidos, putativos falcoezinhos, jotinhas recém nascidos, imberbes e deslumbrados, já todos a defender o planeta e o ambiente e essas causas que, de repente, ficaram in. Ou seja, foi ao partido e fez uma razia: nem autarcas, nem barões, nem malta que anda há anos e anos a dar o corpo ao manifesto. Tudo para o lixo. E nem digo que isso é bom ou mau porque laranjadas misturadas com sacos de gatos é coisa que não me assiste, não opino, nas tintas. Só digo é que percebo que a malta que dá votos se sinta renegada. Desapareceram do filme, da foto de família: uma limpeza soviética, uma lavagem a la Mao, coisa radical, photoshop feita com lixívia. Portanto, como é bom de ver, essa malta que foi de asa não vai descansar enquanto não fizer a folha ao manguitas de alpaca que, como é bom de ver, não vai ter como defender-se. Não tem trunfos.

É que aposto que, no meio daquela estonteante falta de jeito, nem é bom de dança.

Snowball, the cockatoo, esse, sim, é um caso, um exemplo. Não apenas dança ao som da música que ouve mas, na verdade, adapta a coreografia, fazendo passos elaborados e surpreendemente ajustados. Dezasseis tipos de passos.

E, vendo-o, penso: ainda há quem se sinta o rei da cocada preta, desdenhando dos outros animais. Eu gostava de ver quantos desses narcisos enfatuados que por aí andam seriam capazes de competir com esta catatua.

Não sei o que é que a habilidade de Snowball diz sobre a parasitária espécie humana (vide o que um/a leitor/a simpaticamente aqui deixou no outro dia: "Humanos são praga no planeta", diz David Attenborough) mas a mim deixam-me com vontade de mostrar este vídeo a um certo pé de chumbo que eu cá sei, a ver se aprende. Talvez se enchesse de brios e me puxasse para o tango a preceito. Mas, cá para mim, não é só a mim que o catatuo seduz. Ah não deve ser, não.

E uma coisa é certa: se o Rio e o Snowball forem a votos, até me filio no PSD só para ter o prazer de votar no cockatoo. E, no fim, a ver se não era ver o Rio a sair pela porta dos fundos e o Snowball a subir ao palco em passo de dança. Ai não, não.

Do blogue Um jeito manso:


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