Dizem alguns. Tudo o que aqui se faça tem o cunho de muito sofrimento e muito trabalho. Nada se consegue pelos seus “bonitos” olhos. As várias associações que aqui se criaram, desde a Banda Musical de Freamunde, hoje transformada numa Associação, foi por carolice, assim como o S. C. Clube Freamunde, Associação dos Socorros Mútuos Freamundenses, as Festas da Vila, hoje Sebastianas, mais tarde o Grupo Teatral Freamundenses, Rancho Folclórico Cidade de Freamunde, Associação Cultural Recreativa Pedaços de Nós e outras mais.
Como disse foi por carolice e muito trabalho intelectual e físico dos seus mentores. Não digo que não haja exagero num ou outro evento. Mas no que me quero debruçar é no exagero que muitos dizem que existe no decorrer das Festas Sebastianas. Há! Eu sinto-o porque moro a cerca de cento e cinquenta metros do seu epicentro em linha recta.
Mas o meu amor às Sebastianas ajuda-me a conviver com este drama. São quatro ou cinco dias em trezentos e sessenta e cinco dias. Quem não pode tolerar sendo nado, criado e residente nesta terra que muitos só lhe vêem defeitos. Não podem suportar um pouco mais de ruído sonoro.
Mas se muitos deles tivessem passado por uma Comissão de festas viam que esse “tormento” comparado com os tais trezentos e sessenta e cinco dias isso não é nada. Sempre me incutiram que tudo que foi criado devia ser preservado. Já basta a “vergonha” pelo que temos passado com o nosso velhinho Sport Clube de Freamunde.
Por isso quando vejo alguns, que vêm a Freamunde de longe a longe a não “suportar” o ruído durante quatro ou cinco dias fico abismado.
São dias em que se celebra algo e traz a Freamunde freamundenses que laboram trezentos e trinta dias longe da sua terra de familiares e amigos. Por tudo isto vale o esforço e comemorações com um pouco de exagero. Não é por acaso que a data da celebração do Mártir S. Sebastião é a vinte de Janeiro e os Freamundenses de outrora mudaram a data para o segundo fim-de-semana do mês de Julho. A intenção foi simplesmente para atrair mais Freamundenses e forasteiros.
Também o facto de haver muita alegria é que festa é sinónimo de alegria. Portanto tem de haver alegria na festa e festa na alegria. E não é só em Freamunde que há exageros. S. António de Lisboa, S. João do Porto e de Braga, S. Pedro na Póvoa de Varzim será que não há exageros com respeito ao ruído sonoro? Será que são só as barracas de diversão a fazer barulho em Freamunde? Em Paredes e Lousada até aproveitam para copiar certos eventos que aqui se fazem nas Sebastianas.
Para emoldurar um caso conto o que se passou com um Freamundense a residir em Lyon, França. Foi festeiro há anos e como só tem férias em Agosto portanto estava fora de hipóteses a sua vinda a Freamunde nesta data. Foi festeiro há uns anos e como é tradicional na Sexta-feira, antevéspera das festas e queria estar presente e as viagens estavam caras resolveu vir de autocarro com uma viagem superior a vinte horas. Não faltou e só cá esteve até Domingo pois tinha voo de avião às catorze horas. Será que muitos acham uma loucura. Para ele não. O amor às Sebastianas é imenso.
Também temos todos os anos os netos e bisnetos do senhor Brigadeiro Alves de Sousa que todos os anos pelas Sebastianas não deixam de fazer o seu poiso. Pelo que tenho presenciado vibram-nas de uma forma intensa contribuindo para o ruído. Tenho-os visto todos os anos a dar azo à sua alegria aquando da passagem da Marcha Alegórica junto à sua residência.
Por isso há quem censure a forma como os Freamundenses dão azo à alegria e vibração pelas suas festas. Há quem goste e é a maioria. Por isso vamos fazer os possíveis e impossíveis para que elas tenham o ardor a que estamos habituados.
As de dois mil e dezanove estão a findar que venham as de dois mil e vinte com mais ou menor ruído que cá estou se Deus me der vida e saúde para as festejar.
Criticas houve sempre e vai continuar a haver.
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