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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O cartaz conservador do BE com Jesus:

Como diz o povo, o apetite vem com o comer. Por isso também, aplaudi esse grande conseguimento - que foi mesmo! - de António Costa, ao trazer os do Bloco de Esquerda para a democracia burguesa (como eles diziam) em que vivemos. Fazia-me impressão ver tipos, com quem eu concordava em tanta coisa, encafuados na efabulação de serem revolucionários. Não eram, mas por causa dessa mentira insistiam em ser deputados a meio gás. Agora, já apoiam governos e Orçamentos e, até, têm Francisco Louçã a aconselhar o estado burguês no Palácio de Belém. 

Enfim, o BE passou a reformista, que é a forma mais certa de avançar sem correr risco de lixar o mexilhão, como acontece sempre nas ruturas. Mas um receio eu ainda tinha, e não era por coisa pequena. Era, aliás, sobre a maior, hoje em dia: o avanço do islamismo. Será que por causa do passado anti-imperialista, o complexo de culpa colonialista e o visceral asco ao Ocidente, o BE continuava agarrado ao "sim, eles são maus mas..."? 

Felizmente, o apetite veio com o comer. Hoje, pela primeira vez, o BE proclama, e em cartazes, a superioridade da nossa sociedade e costumes sobre o islamismo. O BE fez um cartaz provocatório cheio de iconografia cristã - a mão a abençoar, o sagrado coração, a aura -, num reconhecimento implícito de que, com esses, pode-se brincar. Não são atrasadinhos como os que se põem aos gritos, quando não às bombas, só por, mesmo sem criticar, se reproduzir a face do Profeta. Estamos, pois, de acordo: depois daqueles erros da Inquisição evoluímos para melhor, certo? 

Se a evolução para o caminho certo ainda vos causa algum remorso, causa sempre, lembrem-se, amigos do BE, que a culpa é deles. Nós, os civilizados do século XXI, chegamos cá, porque não abjurámos nem o cristão Giordano Bruno, nem o muçulmano Omar Khayyam. Os incivilizados degolariam ambos e passavam o vídeo. 

Dito isto, e resumindo: brinquem com Jesus porque podem. Dizer "Jesus também tinha 2 pais" é iconoclasta, é, e depois? Mal seria se depois de centenas de anos a ouvir a tão improvável bipaternidade do carpinteiro e de Deus, não se pudesse assumi-la para causa própria. 

O meu único problema é que o cartaz foi por caminhos ínvios. Deus e São José não são gays que tiveram de adotar uma criança. Um deles, não importa qual, fez mesmo um filho e este viveu numa família tradicional, pai, homem, e mãe, mulher - esses os factos. Trazer Jesus para aqui é lembrar isso - e foi o que fez o cartaz. Ora, eu queria que o BE evoluísse para posições razoáveis mas também não quero que ele se torne demasiado conservador.

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