Candeeiro 12:

Assim lido dá aspecto de serem doze candeeiros. Mas para quem está por dentro da história do S. C. Freamunde sabe do que se trata. Maximino “Candeeiro” para a maioria dos associados do S. C. Freamunde é o décimo segundo jogador. É o que se costuma dizer na gíria futebolística. Homem de fracos recursos intelectuais. A sua escola foi a escola da vida. Que transforma homens analfabetos em seres prestáveis para a sociedade. Foi o que aconteceu com Maximino “Candeeiro”.

O seu filho a receber a camisola que o S. C. Freamunde lhe ofereceu

Ultrapassou todas as agruras da vida. Que com a sua humildade construiu uma casa e uma família que é digna de registo. Não sou da sua geração mas tenho conhecimento da sua vida. Era pau para toda colher.

De empregado fabril, servente de café, organizador de excursões, para toda a parte, assim como para acompanhar o S. C. Freamunde, quando as viaturas automóveis eram um luxo, vendedor de bilhetes do S. C. Freamunde em dias de clube e em rifas, organizador e acompanhante nas janeiras que o S. C. Freamunde levava a todas as casas anualmente. Era isto tudo.

Nesta hora em que a sua saúde não o deixa acompanhar o seu S. C. Freamunde imagino o que vai na sua alma. Vi-o chorar com os êxitos e inêxitos do S. C. Freamunde, por isso, imagino o que se passa no seu leito.

Estou a escrever esta crónica e não sei a reacção dos seus filhos. Mas o intuito é fazer lembrar o que foi este homem. Um Freamundense a toda a prova.

Por isso a escola da vida, para muitos Freamundenses, foi superior às universidades. Nela, escola da vida, aprenderam o mais essencial: a vontade férrea de elevar a sua terra e o seu povo.

Dedico-lhe estes versos do Rodela;

A idade é sabedoria

professora do futuro

paladar fruto maduro

e o pão nosso de cada dia.

Um velhinho não é mais

que uma relíquia no fundo

das relíquias deste mundo

orgulho dos animais.

Só quem come o pão suado

dá valor a este fado

que é o fado de quem trabalha

quem o come à boa vida

deve ter como comida

velho ou novo apenas palha.